Capítulo 35

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POV Emma Myers

— E então... me conta, como você está? - perguntei brincando com os dedos em cima da mesa, esperando nosso lanche chegar.

— Bem, estou morando na casa do Liam, mas é temporário, não quero incomodar ele também até por que ele tem uma filha e você? Como está? Ficou bem esses anos?

— Fiquei, eu me formei em biologia e trabalho em laboratórios. - ela murmurou um: "hmm"

— Uma pergunta, como conheceu seu marido? Se não for incômodo responder. - sorriu sem graça.

— Não é. - falei e ri. — Eu o conheci em uma festa, fomos se aproximando e estamos até hoje.

— Ele parece ser um cara bom.

— Ele é sim, é um ótimo marido e um ótimo pai. - falei ao lembrar. — Graças a Deus nem todos os homens são iguais ao Ethan.

— A família do Ethan nem te procurou pra saber como você está? - perguntei indignada.

— Não... como se diz o ditado: filho de peixe, peixinho é.

— Eu sinto muito. Era o mínimo que eles poderiam fazer e nem isso fizeram, o mundo tá realmente perdido.

— Mas e na cadeia? Foi muito ruim?

— No começo parecia uma eternidade, aquelas paredes e aquele quarto pequeno. Você não pode fazer nada a não ser viver ali se lamentando pelo o que fez, mas depois eu fui esquecendo de tudo, é como se minha cabeça não quisesse mais lembrar que eu estava ali, eu aprendi a aceitar por mais que doesse. Eu infelizmente tinha recaídas, lembrar da minha família era o que mais doía em mim, pois ninguém tava nem aí pra mim, eu ficava pensando que eles estavam comemorando cada dia por eu não está com eles. - a cada palavra que ela dizia eu sentia sua voz ficar trêmula. Ela estava prestes a chorar, mas era forte e o tempo na prisão a fez ser forte, ela apenas lacrimejou de novo.

— Jenna...

— Era tão chato quando chegava datas comemorativas. - riu indignada e ainda triste. — dias das mães ou dia dos pais, por que eles sempre ganhavam visitas, natal e ano novo também, minhas amigas de cela ganhavam roupas e outras coisas no natal pelas suas famílias e eu ficava apenas olhando, eu fingia que não me importava e ninguém ligava ou percebia que eu estava triste, por que eu era muito boa em disfarçar, evitava chorar na cela pra ninguém me ouvir e me perguntar o que estava acontecendo, eu odiava desabafar na frente dos outros e até hoje não gosto muito. - riu com semblante triste. — Então no outro dia eu descontava na pequena academia que tinha na prisão, esperava todo mundo parar de jogar na quadra pra ficar jogando basquete sozinha. E quando eu saí, eu não fiquei feliz e nem triste. Eu realmente perdi a vontade de viver e não sei mais o sentindo da vida. - ela não conseguiu se segurar e começou a chorar, chamando a atenção de algumas pessoas. — Esses 10 anos pareciam uma eternidade Emma, eu não quero mais voltar pra lá. - colocou as mãos no rosto escondendo as lágrimas. Eu me levantei da cadeira e sentei ao seu lado lhe dando um abraço apertado.

— Calma, respira. Você não está mais lá e não vai voltar, eu não vou deixar, eu estou com você aqui agora. - falei tentando lhe acalmar.

— Ela está bem? Quer que eu traga um copo d'água? - a atendente falou olhando a situação.

— Sim, por favor. - a mulher me deu o copo d'água e entreguei a Jenna, a mesma bebeu a água no copo e suspirou enxugando as lágrimas.

— Me desculpe, sabe agora o por que odeio desabafar com os outros? - riu. Seu nariz tava vermelho e seus olhos também. Nessa hora o garçom trás nosso lanche e coloca em cima da mesa. — Mas nosso lanche chegou, então vamos comer. - falou tentando esquecer tudo que aconteceu e então começamos a comer.

Amor em segredo: A irmã da minha amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora