O Nosso Eclipse

☪ Reencontro /part 1

Intervalo de 1hr, pelo menos terei tempo o bastante para procurar um livro e ler já que os que eu comprei ainda não chegaram. Entro na biblioteca que estava praticamente vazia, só tinha a mim, o bibliotecário e mais duas pessoas. Vou até a mesa do bibliotecário para pedir informações de como estão separados os livros.

- Olá, boa tarde. _falo vendo o mesmo largar seu jornal e me olhar.

- Boa tarde, o que posso ajudar?

- Gostaria de saber por que ordem estão separados os livros.

- Por gêneros, o que procura?

- Poesias, mais especificamente Felipe Rocha. _o mesmo me olha surpreso, creio que aqui o pessoal não tenha mania de ler muito.

- Temos apenas uma das edições dele. _comenta pigarreando.

- Oh, que bom, a onde fica a sessão se poesia?

- Última prateleira. _diz ele não tirando seus olhos verdes que estavam vidrados nos meus.

- Ok, obrigada.

Caminho até a ultima prateleira e vejo varios gêneros como Literatura, Guerra, línguas e poesias, o último no final da prateleira. Começo a procurar o de Felipe e o encontro, mas, estava numa divisa que eu não alcanço mesmo estando nas pontas dos pés, eu desço meus pés para ir chamar o bibliotecário quando sinto alguém atrás de mim, alguém encostou em mim e se apoiou para levantar a mão e pegar o livro do alto.

- Qual o nome do livro? _a pessoa pergunta com uma voz suave, espera... eu conheço essa voz.

Viro meu rosto e vejo que era ela. Céus... era Lívia. Abaixo a cabeça rapidamente e olho para a prateleira com o coração acelerado. Droga. Não era para eu encontrá-la hoje. Não poderia ser na saída da escola? Ou sei lá, na segunda feira? Tsc.

- Felipe Rocha. _minha voz sai mais como um sussurro do que como uma voz firme.

Ela passa o dedo pelos livros e para no livro ciano com flores roxas, ela pega e indica o livro para eu pegar, quando eu viro o rosto para pegá-lo reparo que meu rosto estava próximo ao dela. O céus. Aqueles olhos... sempre foram meu ponto fraco, em príncipal o sinal de seu olho, parecia que a cor de seu olho havia se derramado para fora um pouco. Era lindo, na verdade é lindo, mais lindo pessoalmente e de tão perto. Creio que eu poderia admirar esses olhos por horas sem me entediar.

- Esse? _pergunta ela olhando para o livro e lendo o título. - Todas as Flores Que Não Te Enviei?

- É um bom livro poético. _comento.

- E qual poesia vc me diria? _seus olhos estavam vidrados nos meus.

- Céus... eu havia me esquecido de como os olhos dela podiam ser intensos, vê-lo por uma tela já era tentador, agora ele na minha frente... me submete...

Engulo em seco e pego no livro tentando pegá-lo para ver se consigo me afastar, porém ela não solta o livro, ela quer que eu esteja perto. Seus olhos dizem isso.

- Se houver a chance de fazer algo que complete seu coração, assuma os riscos e faça! A vida é muito curta, e a felicidade é rara para se adiar. _recito o poema e vejo que ela prestará atenção.

- É por isso que está aqui? _pergunta olhando para o livro e olha do para mim novamente.

- Não gostou de eu ter vindo?

- Não foi essa a pergunta. _me repreende.

- Como soube que eu estava aqui? _pergunto para não precisar responder sua pergunta.

- Não sei se reparou mas vc é o centro das atenções por ser novata.

- Nha, reparei que aqui vocês não tem novos residentes, apenas visitantes. _falo desvisando olhar.

- Então vc veio mesmo pra fica? _sua feição era de confusa, talvez estava tentando deduzir se seria uma boa notícia ou não.

- Eu me mudei pra cá faz 2 dias. _comento.

- Faz 2 dias que está aqui!? _diz surpresa.

- Sim. _falo sorrindo de canto. - Eh...

- Olha... eu quero te pedir perdão.. _diz ela engolindo em seco como se estivesse com um peso nas costas.

- Perdão pelo que? _pergunto confusa.

- Sobre eu errado tanto com vc quando estávamos juntas... eu era imatura demais. _diz com sua respiração pesada e desviando o olhar. - Eu pelo menos amadureci o bastante para entender e assumir os erros que cometi com vc...

- Olha... não foi só vc que errou, eu também era imatura. _falo passando a mão no meu cabelo que estava preso.

- Eu errei mais do que vc... não é atoa que te perdi. _diz com sua voz entristecida.

- Droga...

Me lembro das vezes que vi esse mesmo olhar triste, ela só tinha esse olhar quando ela realmente entendia que estava errada, e que estava arrependida do que fez. Acho que era por isso que eu cheguei a perdoa-la tantas vezes. Por ver que ela realmente tinha entendido que estava fazendo errado.

- Olha.. eu tô aqui de volta. _falo tocando seu pulso com leveza deixando espaço para que ela recuse meu toque. - Posso dizer que melhor do que antes, já que estou aqui na sua frente como eu prometi um dia para vc.

Vejo seu olhar levantar no mesmo instante quando disse apenas a palavra "prometi", o seu sorriso estava sutil, porém seus olhos não me negam o quanto feliz ela está ao saber que eu realmente estou cumprindo uma das promessas mais valiosas que tínhamos quando estávamos juntas.

- Bom... _eu solto sua mão. - Eu tenho que ir..

Aproveito a oportunidade e puxo livro de sua mão deixando o mesmo agora junto a mim, eu me viro para sair da biblioteca quando do sinto ela me puxar pela cintura deixando meu corpo colado ao dela, a mesma me fez andar para trás atéeu sentir a parede em minhas costas. Ela irá me comprometer desse jeito. Tento desviar o olhar para ela faz questão de segurar meu queixo para que eu olha-se apenas para ela. Nossos rostos estavam próximos com apenas a grossura de um dedo meu como nossa distância. Engulo em seco. Não sei o que fazer nessa situação.

- Eu não vou mais deixar vc fugir de mim.