Eu, ele e os outros II

Capítulo I - Juntos outra vez

BERNARDO

Depois de 6 meses, estava outra vez naquele aeroporto, com o Tomás (que agora tinha 4 anos) ao colo. Estava à espera do Gabriel, com um grande cartaz a dizer "BEM-VINDO DE VOLTA!".

Só me apetecia abraçá-lo, beijá-lo e amá-lo como sempre o amei.

Estava feliz com o presente que lhe tinha comprado: um anel de ouro puro, 24 quilates, que me custara um rim. Mas não me importava com dinheiro. Só queria ver o meu Pinto feliz.

Finalmente vi-o, acompanhado de duas malas enormes, a sair por uma porta. Ele deixou as malas e correu para me abraçar e eu lancei-me para os seus braços.

Beijei-o e abracei-o, até que vi que trazia companhia feminina. Tratava-se de uma mulher morena, que aparentava ter bastante peso. Sorri para ela, mas, no meu pensamento, perguntei-me como é que ela tinha cabido no assento do avião.

- Quase me esquecia - disse ele, largando-me por uns instantes. - Esta é a Daniela, uma prima minha.

Mesmo sabendo que era prima dele, afoguei-me numa onda de ciúmes. Claro que não o demonstrei, afinal de contas o Gabi estava a voltar de uma viagem longa, e só queria estar comigo. Eu compreendia-o.

Fomos os quatro almoçar, e concordámos em dividir a conta.

- Vamos ao McDonald's? - perguntou o Tomás?

- McDonald's, Tomás? - perguntei. - O Gabi e a coisa não devem estar com vontade de comer fast food agora.

- É Daniela - disse ela, fulminando-me com o olhar. - E, já agora, não me importo de ir ao McDonald's. Daria tudo para comer uns BigMac's agora. Estou esfomeada.

- Por mim tudo bem - concordou o Pinto. - Vamos?

Enfiámo-nos todos no meu Mercedes vermelho e dirigimo-nos ao McDonald's mais próximo.

Eu não queria ser gordofóbico, mas a Daniela tinha cara de que, se pudesse, comia tudo o que lhe aparecesse à frente.

Quando chegaram os nossos pedidos, as minhas expetativas realizaram-se. Em cima do tabuleiro da prima do meu namorado, estavam 3 BigMac's e um copo enorme de Coca-Cola.

Acabei por engolir os comentários desadequados enquanto comia o meu CBO. Não queria de mal-educado nem deselegante. Ela era prima do Gabriel, e, se a ofendesse, ele acabaria por se chatear comigo.

- Berna - pediu-me ele ao almoço. - Achas que eu e a Dani podemos ficar a dormir em tua casa esta noite? É que na minha as coisas ainda estão um bocadinho desorganizadas...

- Para ti tenho espaço, mas não sei se a Daniela vai caber na porta - disse, arrependendo-me no segundo a seguir.

Enquanto o Tomás olhava para mim com um olhar surpreendido, já que eu evitava constantemente fazer aquele tipo de comentários, a Daniela olhava para mim com uma expressão de raiva, e o Gabriel com um olhar preocupado.

Se o olhar da Daniela matasse, de certeza que já estaria morto.

Sabia que vinha pela frente uma grande discussão, e temia-a.