Capitulo XI - Adeus, Gabi

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BERNARDO


Ela virou-se para nós, e eu vi, ali, mesmo à minha frente, a última pessoa que eu queria ver naquela noite.

Os cabelos morenos, o ódio com que olhava para mim, isso foi o suficiente para eu querer acabar com ela na porrada.

Ela, a minha prima Miriam, a rapariga que, há cerca de quatro anos antes, me tentara matar. A rapariga que viraram a minha vida de pernas para o ar.

- Olá priminho - disse ela. - Já não te via há tanto tempo! Dá cá um abraço!

Perante a sua ironia, a minha raiva cegava-me.

Senti a minha mão, num gesto repentino e descontrolado, a chocar com toda a minha força na cara dela, deixando estampada na pele clara a sua marca.

Ela pareceu confusa, e mandou os dois rapazes que trazia consigo atirarem-se a nós.

Eu e o Diogo tentámos resistir, mas estes dois tipos eram demasiado fortes para nós.

Eu estava com o nariz a sangrar e com um olho negro. Por sua vez, o Diogo sangrava da boca, e ambos estávamos cobertos de negras.

Saímos, então, daquele beco, e foi então que o Diogo ligou o telemóvel e se deparou com dezenas de chamadas e mensagens do Gabriel.

- Deixa-me falar com ele - disse, tirando-lhe o telemóvel das mãos.

Rapidamente marquei o número dele no ecrã do telemóvel, e ele atendeu pouco depois.

- Onde andas, Gabriel? - perguntei, preocupado.

- Estou neste momento na esquadra da polícia. Que história é essa de tráfico de drogas?

- Não seu do que estás a falar. Onde está o Tomás?

- Não te preocupes com o Tomás. Diz-me a verdade. Onde é que tu estás?

- Gabi, eu tenho tudo controlado, não te preocupes.

- Tens tudo controlado? Eles trouxeram-me a pensar que eras tu, para me prender. Então era daí que vinha todo esse dinheiro?

- Gabriel, eu só te queria fazer feliz, percebes?

- Eu sempre te disse que não me importava com presentes, com dinheiro. Com bens materiais, no geral. Se me contasses e não estivesses a esconder isto de mim, por mais grave que fosse, eu tinha-te ajudado.

- Mas, Gabi...

- Detesto pessoas desonestas e mentirosas. Sabes bem que entre nós não há segredos. Quebraste uma promessa, e isso não te faz digno da minha confiança.

- Por favor, Pinto, não! Desculpa, a sério.

- Está tudo terminado entre nós. Vou a casa buscar as minhas coisas e despedir-me do coitado do Tomás, que não tem culpa nenhuma disto e está a sofrer bastante.

Ele desligou, e eu voltei a ligar-lhe.

- Não entendeste que terminamos? - perguntou ele. - Não quero namorar com um criminoso. Por favor não me voltes a contactar.

O meu coração fragmentou-se em mil pedaços.

A nossa história, o nosso relacionamento, o nosso amor e a nossa paixão. Estava tudo terminado, por minha culpa. Naquele momento, eu detestava-me.

Eu, ele e os outros IIOnde histórias criam vida. Descubra agora