Eu, ele e os outros II

Capítulo III - Os rendimentos

BERNARDO

Eu estava muito feliz por voltar a encontrar-me com o Pinto.

Durante o tempo em que ele estivera fora, muitas coisas haviam mudado. Eu tinha mudado de casa, ido de férias com o meu filho e tinha saído com alguns dos meus amigos.

Tinha levado a minha vida à grande e à francesa, tudo isto sem precisar de trabalhar.

Planeava dar ao Gabi os melhores momentos da vida dele. Planeava levá-lo a viajar, viver definitivamente com ele, levá-lo aos sítios mais incríveis que conhecia e, claro, dar-lhe os presentes mais caros.

Tudo correria às mil maravilhas, desde que ele não descobrisse o meu segredo. Claro que ele ia perguntar de onde é que vinha todo aquele dinheiro, mas eu não tencionava dizer-lhe a vedade. Nessa altura, diria-lhe que tinha ganho uma aposta com um amigo ou qualquer coisa do género.

A verdade era que a fonte deste dinheiro não era das mais confiáveis, ou, melhor dizendo, das mais legais. Quero dizer, não era de todo legal.

Durante os últimos seis meses em que o Gabriel tinha estado fora, eu, juntamente com um amigo meu, o Diogo, tínhamos vendido uma grande quantidade de cocaína no mercado negro, em troca de grandes quantias de dinheiro.

Ao príncipio, a nossa ideia era vender apenas um quilitos, para ganhar uns trocados, já que eu estava com dificuldade para pagar a renda do meu antigo apartamento, mas, depois, decidimos continuar, visto que, no nosso pensar, aquilo valia muito a pena.

Tudo tinha corrido às mil maravilhas, e nós estávamos a levar vida de dois príncipes. Da noite para o dia, tornámo-nos ricos, e começámos a vender cada vez mais drogas. 

Quando, por fim, tínhamos o que queríamos, desaparecemos do mercado negro de vez, e fizemos de tudo para não deixar rasto da nossa presença ali.

Por isso, ali estava eu, a brindar com o champanhe mais caro que tinha encontrado no supermercado, para, finalmente, ser feliz com o amor da minha vida, e dar-lhe a vida que ele merecia.

AVISO! Não estou a procurar incentivar ninguém a entrar para a rede de tráfico de drogas ou algo relacionado. Este livro retrata apenas uma situação imaginária totalmente ficcional.