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—Amiga! Relaxa mulher. É claro que não era ela. A Kyara tem o ego inflado demais para não jogar na sua cara uma coisa dessas.—Naty fazia carinho no meu cabelo enquanto eu comia meu brownie recheado com musse de morango e chocolate.
Sim,além de tudo,eu ainda sou uma ótima cozinheira. O dia que tinha se passado bem. Eu e Naty estamos isoladas no quarto,longe dos perigos noturnos.

—Então alguém que ela conhece abriu o bico. Porra! E agora cara? Eu já trabalho lá na puta que pariu pra não correr o risco de me expor!—choraminguei e ela riu.

—Cara. Quando tempo você achou que essa historinha sua ia durar?—

Antes que eu pudesse responder. Isa entrou com tudo no quarto,respirando de forma ofegante. A gente sem entender nada,ficamos olhando para ela com cara de poucos amigos. Quando ela simplesmente levanta o celular,e faz uma cara esquisita.

—Eu passei suas otárias! Digam ola pra nova estagiária do melhor escritório de advocacia DO PAÍS.—ela começou a fazer uma dancinha escrota.
Eu e a Naty pulamos da cama e copiamos a dancinha dela. Abracei minha irmã bem forte,e confesso que quase chorei.

—Estou tão orgulha de você irmãzinha—ela me abraçou de volta,e depois me largou. Reclamando do grude,mas eu sei que no fundo,no fundo ela se amoleceu todinha também.

Ela ficou com a gente no resto da noite,planejando os looks que ela usaria no dia seguinte,e imaginando cenários que com toda certeza não aconteceriam,porém logo pegamos no sono.

Acordei no dia seguinte bem cedo com a despertador da Isa. Enquanto ela separava a roupa dela. Corri pra tomar um banho rápido,já que eu só ia deixar ela no escritório e voltaria pra casa. Assim que sai ela entrou no banheiro,coloquei uma roupa simples e fiquei esperando a Isa sair do banheiro.

Logo ela ficou pronta,e fui buscar a chave do carro da mamãe. Entramos no carro e acelerei pro endereço que ela me passou. A mesma estava uma pilha de nervos,mal conseguia conter as gotas de suor que escorriam na testa dela,eu lancei uma olhadinha pra ela,e peguei na mão dela, tentando não tirar totalmente minha atenção da rua.

—Vai ficar tudo bem. Você é linda, inteligente,e sabe o que faz! Se tem alguém que vai se dar bem hoje,esse alguém é você!—
Ela sorriu ainda meio nervosa. Mais percebi que isso deu um pouco mais de confiança pra ela. Me sentia aquelas mães orgulhosas.

Deixei ela na porta do escritório,e desejei boa sorte no primeiro dia dela.
Ela saiu toda destrambelhada,mais eu sabia que ela era perfeita em tudo o que fizesse.

Desci ir no mercado fazer umas compras antes de ir pra casa. Fiz uma compra bem gorda,sem miséria. O que é um motivo de orgulho pra mim,já que quando era pequena minha mãe não tinha as mesmas oportunidades que tenho hoje. Imagina aí,grávida com 16 anos,preta e favelada. Ela gabaritou no exame de fodida,mais tudo mudou com o tempo. Não graças ao meu pai,e sim graças aos esforços dela. A gata é batalhadora viu? Tenho muito orgulho da minha veia.

Terminei as compras,coloquei tudo no carro e fiquei vagueando esperando dar o horário pra ir buscar a Isa. Ela só ia passar três horas longe de mim hoje,e eu já estava uma pilha.

Quando finalmente deu o horário,fui busca-la. Ela entrou no carro de cara fechada,o que me fez ficar com o coração apertado. Tentei puxar assunto,mais nada resolveu. Resolvi que ia levar ela pra sorveteria,parei o carro,e puxei ela pra dentro do estabelecimento,pedi dois açaí e sentamos em uma mesa esperando o pedido chegar.

—Iai,quer me contar como foi seu dia?—

—Até que foi bom sabe? Mas,sei lá,é mais complicado do que eu pensei—ela fez um biquinho e eu sorri de lado.

—Tudo isso por que está com medo?—ela assentiu. Eu peguei a mão dela e fiz carinho—Vai ficar tudo bem,você vai se acostumar e...—eu fui interrompida por um homem alto,todo de terninho sob medida. O cabelo bem penteado num topete e o perfume que exalava. Quase que eu deixei uma babinha escorrer,já que o mesmo tentava de forma falha esconder o corpo malhado em baixo do terno.
Maldita hora que eu saí desarrumada de casa.

—Com licença,você é a Isabella não é?—ele abriu um sorriso brilhante.

—Sim,sou eu. E você é o Dr.Pacheco,acredito eu—ela sorriu de volta.

—Você foi muito prestativa hoje,acredito que terá muito futuro lá na Aristides Company.—O mesmo retirou um cartão do bolso e entregou pra ela.—Caso precise de algo,é só me ligar.—

—Muito obrigada Dr.Pacheco. Ah! Que falta de educação a minha,essa é a minha irmã mais velha,Alessandra—eu dei um sorrisinho e o mesmo me olhou de cima a baixo.

—Você também se interessa pelo ramo de advocacia?—

—Na verdade,faço relações internacionais,estou no último ano.—dei um sorrisinho amarelo e ele assentiu. Se despediu e se retirou.

Ele me lembrava uma das meninas que eu trabalhava,mas eu não liguei muito pra isso,deve ser só uma impressão. Isa e eu comemos e fomos pra casa matando o tempo. Fiz umas piadas com ela por trabalhar com um gato daqueles.

Lá No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora