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Eu e Igor passamos o dia juntos,conversamos bastante,conhecendo melhor um ao outro. Ele era fofo o tempo todo,completamente gentil. Me fazia esquecer completamente a vida em que vivia,eu me sentia tão bem ao seu lado que chega a ser real.

Ele me deixou na porta de casa já no comecinho da noite,onde a lua se salientava,junto de algumas estrelas que brilhavam discretamente no céu que começa a escurecer. Ficamos alguns instantes aproveitando a presença um do outro em silêncio. Ele respirou fundo e segurou minha mão de forma delicada,ele a olhou com  carinho e fez um leve carinho na mesma. Meus olhos estavam cravados nos seus,que lentamente deixou de olhar minha mão subindo de encontro ao meu abrindo um sorriso pequeno,meio envergonhando quando percebeu que eu já o observava atentamente.

Ele levantou a mão passando a mão no meu rosto,o que me deu vontade de fechar os olhos para aproveita-lo melhor,entretanto resisti a essa vontade. Algo dentro de mim se remexeu,como se eu já tivesse vivido aquele momento. Um lampejo de realidade me fez acordar,percebi a besteira que estava fazendo. De forma delicada, retirei a mão dele do meu rosto dando um sorriso forçado,ele aparentemente também caiu em si e se afastou um pouco,me lançou um último olhar que me varreu por inteiro e se despediu.
—Boa noite Lex.—

—Boa noite Igor.—Deixei que o mesmo se virasse e fosse primeiro,para que enfim eu pudesse entrar em casa. Soltei um suspiro pesado quando enfim fechei a porta atrás de mim,encostei minha costas na mesma, e fechando os olhos para que eu pudesse pensar melhor. Eu estava me sentindo perdida e confusa,mas ao mesmo tempo,me sentia feliz. Fazia muito tempo que eu me sentia tão tranquila ao lado de alguém.

—Vai ficar parada aí igual uma tonta?—escutei uma voz irritante me tirar do transe em que eu me encontrava.
Abri os olhos relutante e observei Kyara jogada no sofá assistindo alguma besteira na tv. Ela tava passando mais tempo aqui do que a Naty.

—Cara,você não tem casa não?—revirei os olhos irritada.

—Assim você vai me magoar Lex—ela colocou uma das mãos no peito e a outra fingiu secar uma lágrima imaginaria. Eu bufei,indo em direção a cozinha,procurando algo pra comer.
Kyara apareceu do nada me assustando,a mesma revirou os olhos passando por mim e abrindo a geladeira,de lá tirando um pote e me entregando. Olhei pra ela desconfiada e a mesma me olhou desacreditada.

—É brownie com musse de maracujá e chocolate meio amargo,seu favorito—peguei o pote da sua mão meio relutante,e abri vendo que realmente era um brownie.

—Nao sei não,tá querendo me agradar por que? Como vou saber se não tá envenenado?—ela pegou duas colheres,me entregou uma delas,e com a outra pegou um pedaço do doce,o comendo em seguida.

—Se estiver envenenado,nós duas morremos,aí podemos nos divertir um pouco no inferno—ela piscou pra mim se sentando na bancada.
Eu dei uma risadinha,e me sentei ao lado dela. Me veio vislumbres do passado,onde lembrei de quando eu era mais nova,antes dela ser presa.

Assaltavamos a geladeira durante a madrugada,sentadas no chão da cozinha comendo e tentando segurar a risada. Coloquei o pote vazio que antes estava cheio de musse de morango de lado,e encostei minha cabeça na parede.

—Acho que sua mãe vai acabar nos matando por sempre comer a sobremesa de madrugada.—Kyara disse baixo e eu tive que rir.

—Dona Jade com certeza irá nos matar,mas pelo menos podemos nos divertir no inferno juntas—ela me lançou um olhar de canto,tentando esconder um sorrisinho abobado.

—Como sabe que vou pra lá? Sou um anjo—eu não consegui dar uma resposta a altura pela risada que tomou eu e ela.
Rimos tanto que quando foi nos faltando o ar,fomos percebendo o quão perto estávamos uma da outra.
Fui parando de rir lentamente observando seus olhos que encaravam nossas mãos que se tocavam de forma discreta. Estávamos tão próximas que se eu levantasse um pouco o rosto,eles poderiam até se tocar...
Sua respiração descompassada e seus lábios que pediam pelo toque dos meus me desconectava da realidade,levantamos o olhar de forma sincronizada,ficando centímetros de distância. Seus dedos tocaram o meu rosto fazendo um leve carinho,enquanto seus olhos observavam claramente minha alma.

—Por que talvez o desejo seja uma coisa exclusiva para demônios como nós—ela murmurou dando a resposta para sua própria pergunta,mas não disse diretamente pra mim,sua voz estava distante como se discutisse com seus próprios pensamentos.
Centímetros era o que nos separava. E se pudéssemos ceder ao desejo? E se eu pudesse ser sua? E se ela pudesse ser minha?...meus olhos se fecharam e..

Aloo? Terra charamando Alessandra?—ela estralou os dedos algumas vezes na minha frente me fazendo parar de encarar o brownie em minha frente que estava quase no final.
Pisquei meus olhos algumas vezes,e fiz uma careta ao perceber do que eu estava me lembrando. Me endireitei e ela me encarava com curiosidade.

—O que foi? Nunca me viu? Tira uma foto que dura mais—revirei os olhos tentando mostrar naturalidade. O que deve ter funcionado,já que a mesma revirou os olhos.

—Arrogante do caralho—

Lá No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora