O Cara Pálida

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Ellen entra no quarto de Karine sem bater, fazendo a irmã - que lê a biblia - se sobressaltar

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Ellen entra no quarto de Karine sem bater, fazendo a irmã - que lê a biblia - se sobressaltar.

- Por Deus irmã Ellen, você me...

Ela é interrompida por um tapa que ecoa pelo quarto. O comichão da ardência percorre sua face imediatamente.

- Ellen... O que...

- Como você pôde? - pergunta Ellen, um semblante de repulsa na face.

- O... Do que está falando? - Karine se coloca depé, confusa e ligeiramente furiosa.

- Iris - Ellen umedece os lábios. - Você a matou. Irmã Marlene me contou.

O semblante de Karine muda drasticamente, e Ellen pode ver as lágrimas se acumularem.

- Você precisa acreditar em mim irmã Ellen - diz Karime, aproximando-se da amiga. - Eu... Me desculpe. Não sei o... Não sei o que deu em mim.

Ellen apenas fita a irmã.

- Eu não a matei - a lágrim risca a face de Karine. - Na noite em que Iris morreu, eu estava aqui no meu quarto e... Ouvi passos do lado de fora. Eu fui ver quem era. Você sabe que temos horário. Era Claudette. Ela virou num corredor e depois sumiu, mas... Mas sei que não foi ela. Ela foi uma das primeiras a chorar quando irmã Marlene anunciou a morte de Iris.

"Como eu disse, eu fui atrás dela, mas ela sumiu. Então vi o armarinho da limpeza e... Eu não sei. Algo me disse que eu deveria ir lá. Quando abri a porta... O... O corpo de Iris caiu sobre mim e... E me melou toda. Eu... Eu fiquei desesperada. Como nunca fiquei antes. Quando fui até lá de novo e irmã Marlene não disse nada, percebi que eu também devia ficar calada."

"Ela veio depois me acusar. E contei isso a ela. A verdade. Mas ela não acreditou em mim e... Me amaldiçoou. Eu não matei a irmã Iris. Ou ninguém!"

Karine enchuga o rosto.

A dúvida surge no interior de Ellen. Karine foi a primeira a acolher quando ela chegou, anos atrás. Ela a conhece melhor do que nenhuma outra. Karine não mataria ninguém. Onde estava com a cabeça?

- Me desculpe - Ellen começa a chorar, e senta-se na beirada da cama, sentindo-se horrível. - Nesses últimos dias eu... Eu tenho... - e cai no choro. - Eu não sei Karine, mas... Acho que Carla está envolvida nisso tudo - e olha para a irmã a sua frente.

- O que quer dizer?

- Eu... Eu não sei. Eu suspeitava dela até... Até a irmã Marlene dizer que ela não estava aqui. Que foi ver a mãe doente.

- Ela o que? - Karine se precipita em direção a amiga e senta-se ao lado dela. - Ellen, irmã Carla estava aí sim. Esbarrei com ela indo até onde você tinha gritado. Só não sei o motivo de ela não ter ido até lá.

Ellen franze o cenho.

- O que?

Irmã Marlene está mentindo outra vez? Ellen sente uma ira fervente borbular em seu corpo. Como ela pode ser tão mentirosa? Fria?

- Karine... Precisamos fazer alguma coisa. Descobrir o que está acontecendo.

- Investigar? Ellen... Não somos detetives nem...

- Eu sei - Ellen se põe de pé. - Houve um assassinato. Pessoas estão mentindo e várias coisas não fazem sentido. Precisamos investigar.

Karine coça a cabeça, pensativa. Ellen sente uma pontada de gratidão por ela simplesmente não ter revidado o tapa ou algo assim. Sente pena e raiva de si mesma.

- Eu não sei, não.

- Vamos investigar sim - Ellen ruma em direção à porta. - Amanhã a noite. Me encontre na capela - e sai.

Durante todo o restante da noite que Ellen passa em seu quarto, ela faz anotações em uma folha em branco que destacou da bíblia. Sua cabeça está em um turbilhão de pensamentos.

Por fim, pouco depois da meia-noite decide ir se deitar.

A noite segue calma e o sono logo vem. Sem sonhos. Porém, logo é perturbado, quando duas mãos enluvadas envolvem o pescoço de Ellen.

A freira acorda tossindo e grunhindo, e seu coração gela quando vê a face do agressor. Uma máscara. Branca como neve e com um sorriso largo, demoníaco e negro.

Ellen dá tapas no pulso do algoz, mas não surtem efeitos.

Levando a mão por baixo do travesseiro, encontra a caneta que usara para anotar suas ideias minutos antes. Ela ataca o mascarado com vontade, fazendo-o soltá-la. Ellen respira fundo.

Logo que se livra das mãos gélidas do mascarado, põe-se a correr, mas seu tornozelo é agarrado e ela cai no chão com estrondo, o ar voando de seus pulmões. Ela geme.

O Cara Pálida se arrasta em sua direção, enquanto Ellen se debate.

- Ahhhh! - grita até sua voz desafinar.

Um soco em sua nuca faz a visão de Ellen ficar turva, e quando volta ao normal, percebe que está sozinha no quarto. Uma lágrima corre por seu rosto. A porta de seu quarto se abre e quem aparece é Claudette.

- Irmã Ellen! - Claudette a ajuda se pôr de pé. - Você está bem?

Ellen balança a cabeça, apavorada, arfante. O que aconteceu?

Outras freiras vão chegando, até que Marlene chega e pergunta se ela está bem, e olhando no fundo dos olhos da irmã, Ellen mente.

- Foi só um pesadelo - e desvia o olhar. - Eu estou bem.  

O Grito das FreirasOnde histórias criam vida. Descubra agora