Caligrafia

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Karine abre a porta dupla do convento com violência e sai ao ar livre, respirando o ar puro

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Karine abre a porta dupla do convento com violência e sai ao ar livre, respirando o ar puro. Sente-se claustrofóbica, como se o ar que preenche o mosteiro fosse tóxico e não a deixasse respirar direito. Rapidamente se põe a chorar e sente as mãos tremerem.

- Oh, Deus... - murmura.

Um aperto no coração e uma aflição inquietante. Seu desejo é cair de joelhos ali e ficar, mas logo começa a enxugar a face quando escuta a porta atrás de si se abrir.

- Irmã Karine? - é a voz de Claudette. - Está tudo bem?

- Não irmã, não está - e sem dizer mais nada passa por ela, entrando no convento, irritada de mais para falar com qualquer um.

Na manhã seguinte Karine acorda com vontade de ir ao banheiro. Ela veste seu véu, o calçado, e se depara com um pedaço de papel no centro do seu quarto. De cenho franzido, se agacha, o pega e lê:

Se quiser saber quem é

a irmã das fotos,

me encontre hoje na capela ás 02:00 AM

Karine arregala os olhos. Alguém entrou aqui!

Por alguma razão - motivada pelo pânico - ela corre até sua porta e a tranca. Recua. Seu coração está acelerado e sua garganta seca. Não está segura nem em seu próprio quarto. Como fui burra! Não tranquei a porta... Ai Senhor...

- Preciso fazer alguma coisa antes que eu acabe como a pobre Ellen - murmura para si mesma. - Preciso fazer alguma coisa.

Ela guarda então o pedaço de papel num bolso interno da veste, descobriu um modo de saber o autor do bilhete sem precisar se encontrar com ele no meio da madrugada. Respirando fundo ela destranca a porta e sai no corredor, onde irmã Olívia e irmã Lizzie passam, conversando.

- Bom-dia irmã Karine - as duas dizem em uníssono.

- Bom-dia irmãs - responde, e ruma na direção oposta.

É domingo, o que significa que várias irmãs vão deixar o convento para visitar seus familiares, e para isso, precisam assinar um caderno que fica no refeitório. É com ele que Karine irá identificar a caligrafia em seu bilhete.

Está apreensiva, mas confiante de que vai encontrar o autor. Quando chega ao refeitório, algumas irmãs estão comendo e uma fila de três pessoas está formada em frente ao caderno de visitas. Karine caminha até lá.

Quando as três irmãs terminam de assinar seus nomes, Karine se debruça sobre o caderno, retira o bilhete de dentro das veste e o põe em cima da folha, comparando a caligrafia do pequeno pedaço de papel com as do caderno.

Não...

Não...

Não...

Não...

Não...

Não...

Karine solta uma exclamação. Sem dúvidas é a mesma caligrafia. Os emes e as são inconfundíveis.

Carla Samantha Montgomery.

Karine engole em seco e se endireita, guardando o bilhete nas vestes com a mão trêmula.

- Irmã Carla? - ela passa a mão no rosto. - Okay, isso está cada dia mais confuso.

Quando se vira para ir para outro local dá de cara com irmã Claudette.

- Au! Que susto irmã.

- Vai visitar seus pais? - pergunta, sorridente.

- Hã... - Karine olha de relance para o caderno, que não assinou o nome. - Eu ia, mas... Acabei mudando de ideia. Tenho umas coisas atrasadas para fazer aqui em Roosewalt.

- Sempre atrapalhada - fala Claudette, e se debruça sobre o caderno para assinar seu nome.

Karine passa o resto do dia pensando em Carla. Na verdade, pensando em tudo. O convento fica bem vazio e como consequência, assustadoramente silencioso. Ela cruza com irmã Marlene duas vezes e nas duas ocasiões sente algo contorcer seu estômago. É como se cada dia que passa a tensão se tornasse mais pesada e trepasse em suas costas como uma gárgula.

Quando a noite chega Karine se pega massacrando sua mente entre ir ou não se encontrar com Carla.

- Okay... - diz, tentando se acalmar. - Ela não vai me matar. Ela só vai... Só vai me dizer quem é a irmã nas fotos que eu vi quando... Quando ela estava fora - Karine grunhi. - Okay, ela é assustadora.

Como se sabendo o que viria a seguir, Karine fica em silêncio, e então vem um grito estridente que gela seus ossos. Karine rapidamente se precipita para o corredor, onde várias irmãs já correm em direção à fonte do grito.

Quando realmente chegam, não muito longe do quarto de Karine, se deparam com uma cena terrível.

Um gato. Morto. Pendurado na parede por um gancho, a barriga aberta escorrendo sangue - as tripas caídas no chão bem abaixo - e acima do animal, escrito sangue:

A IRMÃ DA IRMÃ

ESTÁ DE VOLTA

O Grito das FreirasOnde histórias criam vida. Descubra agora