- Você..? - fala Marlene em tom chocado. - Ai meu Deus...
- Surpresa? - diz Claudette, a face contorcida num sorriso diabólico.
- Mas... Mas por que?
- Por que!? - Diana dá um passo a frente, apontando sua faca para Karine e Marlene. - Você e a vadia da minha irmã tentaram se livrar de mim... Mas não conseguiram - e sorriu. - Tentaram me enterrar na droga desse jardim, achando que eu estava morta... E NÃO CONSEGUIRAM! - e suas narinas dilatam. - A minha sorte foi que naquela noite Claudette me salvou. Me tirou daquele buraco. Eu já estava respirando terra.
- Por que vocês tentaram matá-la? - pergunta Karine, que encara Carla e então Marlene.
- É, me diz... - grunhi Diana com os dentes trincados. - Estou louca para saber.
- Não temos tempo para isso, olha aqui, ela está ferida, está perdendo sangue...
- Que se dane ela! - grita. - Era pra já estar morta desde o dia em que a ataquei na sala de artes. Mas agora com a facada de Claudette... Em poucos minutos ela vai sacumbir. Nem vai ver quando eu estripar minha irmãzinha e depois te degolar...
Um momento de silêncio em que todas se encaram.
- Por que está fazendo isso Claudette? - pergunta Marlene, lágrimas presas aos olhos.
- O Senhor me disse para fazer isso - e sorri. - Me disse para ajudar Diana. Quando eu a tirei de lá, cheia de terra, numa situação caótica... Eu a encorajei para a vingança. Eu cuidei dela e planejei tudo. Ela é minha garotinha - sua voz é estranha, obcecada.
- Ela te envenenou... - murmura Carla, amordaçada.
- Calada! - diz, e a sacode.
- Você está louca irmã - diz Marlene. - Louca.
- Louca? Eu? - diz Claudette, psicótica. - Quem tentou matar outra freira com um golpe ridículo na cabeça e depois enterrá-la no próprio jardim do convento? QUEM? EU? Acho que não...
Karine bambeia e cai nos braços de Marlene, fraca.
- Isso... Morra - Diana diz, sorrindo.
- Então... No dia em que Iris foi... Foi assassinada - começa Karine. - Você... Agh... Você Claudette quem a matou? Eu te vi pelos corredores... E por que a matou?
- Quando você me viu querida, Iris já estava morta fazia tempo. A morte dela foi a abertura do espetáculo para o banho de sangue começar. Eu a segurei, mas quem deu as facadas foi Diana. Colocamos o corpo no armário de limpeza numa posição para que quem abrisse a porta, ele caísse. Então era só achar uma vítima curiosa e levá-la até ele para então levar a culpa. E como você sempre foi uma enxerida, levei você até lá. E quando você abriu se melou toda de sangue.
E Diana e Claudette riem em sincronia.
Karine sente os olhos arderem.
- Como eu esperei por esse dia - murmura Diana, sorrindo. - E agora ele chegou...
- Explica para ela Marlene, explica para ela como você sempre foi uma bruxa cruel e que também encontrou o corpo de Iris - comenta Claudette. - Depois de Karine e antes de Ellen. Explica como você olhou o corpo, como o colocou de volta quando ouviu Ellen chegando, como foi uma covarde, como foi uma vadia!
Diana se vira então para Carla.
- E explica para ela como você achou minha faca... E a levou para longe. Enquanto todas achavam o corpo de Iris - e se aproxima da irmã. - Percebem como mentem? Percebem como são umas covardes que fizeram mais coisas sujas pra encobrir uma coisa suja?
Carla baixa o olhar, mas Diana segura seu queixo e levanta seu rosto.
- Usa esse seu olho leproso para me encarar sua vagabunda - e solta seu queixo. - Gostou quando eu joguei água quente nele? Eu gostei de ver você gritando...
- E eu adorei sua cara de mongoloide quando foi atingida pela Marlene...
E fazendo todas se sobressaltarem, Diana enfia sua faca na barriga de Carla. Sua veia da testa se estufa e ela geme.
- Quem é a mongoloide agora?
Perdendo completamente as forças, Karine cai no chão, aos pés de Marlene.
- Vocês duas tentando cobrir o caos e ele só aumentando foi a melhor parte - comenta Claudette, e quando Karine tosse, cuspindo gotículas de sangue, se dirige a ela. - Ah... Ouvi sua conversa com Marlene hoje mais cedo irmã. Lizzie linguaruda. Ela foi a primeira a morrer por sua causa sabia...?
- Vai... Vai pro... Inferno - murmura.
Diana e Claudette riem.
- Acho que é agora a parte em que você morre não é, Marlene? - diz Diana. - Claudette, larga essa aí no chão, nos divertimos com ela mais tarde. Vamos primeiro com aquela...
Claudette empurra Carla brutalmente para o chão, fazendo-a gritar de dor, e se aproxima de Diana.
- Mas antes querida, quero fazer uma coisa - fala Diana.
E para surpresa de todos, Diana crava sua faca com um baque no peito de Claudette. Marlene prende a respiração e Claudette deixa sua faca cair no chão.
- Haverá só uma sobrevivente querida, mas obrigada por tudo. Você foi um anjo.
E retira sua faca jogando-a no chão.
- Agora é só eu e você - diz diabolicamente, olhando friamente para Marlene, e começa a caminhar na direção da irmã.
- Diana pare com isso - fala Marlene, sua faca levantada, recuando. - Olha a bagunça que causou. Há freiras mortas por todo o piso de Roosewalt... Conviver com essa lembrança, com essa dor, já é ruim o suficiente...
- Mentira! - Diana para. - Nem quando está prestes a morrer você não para de mentir, não para de ser uma cadela bajuladora... Por que comprou o problema de minha irmã? Por que, naquela noite, tentar me matar? Por que?!
- Você sabe o por que...
Diana cospe no chão.
- Mas agora não importa - diz. - As reuni de volta outra vez. Acha que foi a fiação podre que incendiou o convento na França em que minha irmã estava? Não... Toda essa merda foi planejada...
Diana se interrompe quando percebe que Marlene levantou o braço, mas é mais rápida, e num segundo, joga sua faca, que crava certeira no peito dela, fazendo Marlene cuspir sangue no ar antes de se estatelar no chão.
- Nunca interrompa uma dama enquanto ela fa...
POW!
O tiro lança a cabeça de Diana para trás, o som ecoa por todo o convento e de repente vem o silêncio mortífero.
Karine então consegue ouvir vozes se aproximando e passos amassando a grama chegando perto. A polícia. E começa a chorar, o rosto encostado na grama. Acabou. Todo esse inferno acabou.
Uma policial agacha ao seu lado.
- Há sobreviventes, precisamos de paramédicos - diz para um aparelinho em seu ombro.
Ela vislumbra Carla a alguns metros também ser socorrida, e desvia o olhar para Diana caída um pouco mais para o lado, o olhar vidrado, o buraco da bala expelindo sangue.Uma hora e vinte minutos depois
Karine está sentada na traseira da ambulância, um curativo cobrindo a barriga. A dor ainda não foi embora, está pálida, com sede, mas vai sobreviver. As luzes da sirene pintam a faixada de Roosewalt, para onde ela olha; vários policiais entrando e saindo do local. A todo volta há imprensa e curiosos, suas vozes chegando até seu ouvido. Está fraca e faminta.
Ela se empertiga quando alguém senta-se a seu lado, também com curativo na barriga. Carla. A aparência não tão boa quanto a sua.
- Você está bem?
Karine a fita por alguns instantes, incrédula.
- A-acho que sim - responde. - Você está?
- Pra que saber, você não se importa não é mesmo...? - e suspira, gemendo, olhos enchendo-se de lágrimas. - Desculpe ter causado tudo isso. Na noite em que Iris morreu, Marlene foi até meu quarto. Ela disse para não contar nada para a polícia. Tudo que acontecesse, ela quem resolveria. Ela estava desesperada Karine. Desde 1994, quando... Quando achamos que matamos minha irmã, Roosewalt estava em paz e então... Ela tinha medo de ser pega. Estava em pânico. Tudo o que fez, todas as coisas sujas, e cruéis que fez, foi...
- Para salvar a própria pele - interrompe Karine. - Você sabe que foi irmã... Carla. Ela matou a Ellen. Para salvar a pele dela. Ela matou de novo para acobertar outro assassinato. Ela estava perturbada... A muito tempo.
E se entreolham por um momento.
- Mas tem uma coisa que... Que não quer entrar em minha cabeça. Por que tentaram matá-la? Marlene disse que ela sabia o por que...
Ambas vislumbram por um momento um corpo sendo transportado pelos legistas, coberto por um plástico metálico, que reflete as sirenes das viaturas em volta. Carla se vira para Karine.
- Naquela noite. Em que tentamos matá-la. Foi por que... Já havia um corpo enterrado no jardim.
Karine estreita os olhos e observa quando dois policiais se aproximam de Carla, a algemam e a afastam dali, enfiando-a em uma viatura. Karine sente o coração afundar.FIM
"Muuuuuito obrigado para você que leu essa história até aqui. Espero de coração que tenha gostado e enlouquecido um pouco com todas essas freiras, e estou infinitamente grato por ter lido até aqui e ter tirado um tempinho seu para ler algo meu. Obrigado!"
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O Grito das Freiras
Mystery / ThrillerIrlanda. Numa pequena cidade ao sul do país há um convento, Roosewalt, onde irmãs aparentemente normais convivem em harmonia. Mas isso está prestes a mudar com a chegada de Carla. Segredos do passado começam vir à tona e ataques assassinos aterroriz...