Enquanto o sol despontava, tingindo o céu de tons dourados, Lana sabia que seus caminhos se cruzariam novamente ao do Edward.
O visconde é regrado em sua rotina; a manhã lhe pertence, sempre dedicada à sua corrida matinal a cavalo, uma dança solitária com a natureza que realçava seu espírito indomável. Nos últimos dias, conseguiu evitar qualquer encontro com ele, mas agora, com o compromisso de uma manhã no ateliê ao lado de Camila, sentia que riria vê-lo.
Lana até tentou calcular mentalmente quantos dias haviam passado desde a última vez que partilharam um mesmo ambiente. O beijo no lago parecia ter suspenso o tempo, mas, ao olhar para o calendário, viu que uma semana completa já se esgotara, ainda que a sensação do toque dos lábios dele permanecesse tão vívida quanto no instante em que aconteceu.
Quando colocou os pés no primeiro degrau da grande escadaria da casa, lá estava Edward, à beira da porta, imóvel. Ele poderia ignorar sua descida e simplesmente partir, pensou, mas sabia que ele não o faria. Edward mantinha-se firme e inabalável, observando cada passo que Lana dava até o último degrau, onde ficaram frente a frente.
— Bom dia, senhor Edward — apressou-se a dizer, tentando quebrar o silêncio antes que ele o fizesse.
— Bom dia, senhorita. Vejo que está de saída — comentou ele, notando o guarda-chuva em suas mãos.
— Sim, eu e Camila vamos ao ateliê.
— Ela tem dama de companhia para isso... — começou Edward, antes de ser interrompido por Lana.
— Pois hoje, se não se importar, irei com ela — disse firme, embora com um toque de impaciência.
Edward não declarou ocorrência imediata. Apenas a fitou em silêncio, o que fez Lana sentir-se insegura, uma sensação que odiava. Antes que qualquer outra palavra fosse dita e as pequenas fagulhas entre os dois se transformassem em chamas, passos apressados e um tanto desengonçados ecoaram pela escada de madeira. Era Camila, apressando-se para não perder o horário no ateliê.
— Bom dia, Senhorita Lana! Bom dia, meu irmão! — disse ela, colocando as mãos no braço de Edward com carinho.
— Por que toda essa pressa? — indagou Edward em tom baixo, enquanto sua irmã exibia um sorriso travesso.
— Festa, meu irmão! Um grande momento para nós está às portas. Além disso, olhe para este céu azul e ensolarado, é o dia perfeito! — exclamou Camila, contagiando-os com sua animação. Lana e Edward apenas a observaram, tentando buscar algo a mais em suas palavras.
— Ah, devo lhe infomar de minha carta ao Palle, para que ele esteja conosco neste dia. — anunciou Camila, com naturalidade.
— Duvido que Henrico tenha tempo para uma festa entre suas pesquisas médicas — respondeu Edward, colocando o chapéu e acenando para que o criado abrisse a porta.
Camila não concordou com a fala de seu irmão, mas ficou quieta. Não iria anunciar suas ideias latentes ao seu irmão, mas estava há um tempo trocando cartas com jovem rapaz Henrico, amigo da família de longos anos.
Lana e Camila seguiram para a direita; era um caminho curto até o ateliê, e o dia parecia propício para a caminhada. Edward, por sua vez, seguiu para a esquerda, dirigindo-se até seu cavalo, decidiu tomar o caminho oposto para manter-se a mais distância possível de Lana.
(...)
O ateliê estava abarrotado de jovens da nobreza, todos ávidas por atenção, envoltas em um frenesi de egos inflados, beleza ostentada e tecidos luxuosos. Lana se sentiu tonta ao adentrar aquele espaço opulento, enquanto Camila parecia completamente à vontade, empolgada e radiante, como se estivesse em seu habitat natural.
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O Desafio dos Corações Ocultos
RomanceLana Campbell é uma jovem decidida e independente, resistindo às pressões da sociedade que insiste em casamentos arranjados. Seu destino toma um rumo inesperado quando é recomendada pela respeitada família Burgwall para lecionar etiqueta e saberes r...