STYLISH, starchaser oneshot's

#08 | devil on my back

﹙☆  ͡  ݂  ۫﹚⠀⎯⎯ ⠀ '𝗣𝗢𝗥𝗤𝗨𝗘 eu ainda lembro de tudo, mesmo quando você disse para eu esquecer'
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⠀✧   ˚   ﹙ 🗯﹚   好

Por muito tempo, James se perguntou se um dia ele sentiria o amor novamente, tão quente e reconfortante, queimando peles com mãos geladas. Aquele tipo de amor que atravessa crânios e mata, quebra seu peito, corta músculos e beija órgãos. Aquele tipo de amor que te dá vontade de morrer, mas que também te faz sobreviver.

Por muito tempo, James se perguntou se, um dia, existiria algo além das memórias. Aquelas mesmas memórias de sempre: os parques, os dias, as tardes, as noites. As palavras, os lençóis na luz da manhã, os lábios, as canecas quebradas, as coleções de ímãs de geladeira feios. As promessas.

Por muito tempo, James se perguntou se um dia ele poderia simplesmente seguir em frente. Esquecer, apagar. Falar como se não fosse nada. Contar a história sem chorar.

E ele nem ao menos sabia como era dizer aquele nome.

Mas ele ainda lembrava onde ficava todos os sinais naquele rosto.

"Regulus Black."

"Regulus Black. Quatro sinais."

James ainda se lembrava. Ele se lembrava de tudo. Lembrava de como era beijar todas aquelas pintinhas, fragmentos que ele depositava todo o amor que sentia, puro e limpo. Lembrava do horário que Regulus acordava, de como era sua voz na manhã preguiçosa, lembrava de sua rotina e de suas manias. Lembrava de como seu corpo se contraia quando ele o tocava, do seu beijo e dos seus dedos. Lembrava do seu coração, de como era doce e grande, carregando um lar e uma vida em seu peito.

James morou lá por muito tempo.

2 anos.

7 meses.

189 dias.

11,397 horas.

Minutos incontáveis.

E ele jamais esqueceria de tudo que sentiu, de tudo que ouviu. De como Regulus agia, respondia e reagia, de como ele dizia.

De como ele não dizia.

Em suas memórias, Regulus era a melhor e a pior pessoa que ele já conheceu em toda a sua existência.

Ele era alguém doloroso com suas palavras feitas em moldes de lâminas. Ele machucava, ele amava com todo seu corpo e alma. Ele fazia sangrar. Ele gritava, ele amaldiçoava.

Mas ele também fazia curar.

Regulus beijava os ferimentos que causava com suas próprias mãos, desenhava estrelas entre o pulso e o núcleo. Ele tratava com amor em todos os momentos, e rapidamente seu coração e seu toque se tornaram os remédios na vida de James.

Havia tudo no peito de Regulus Black, mas ao mesmo tempo não havia nada.

Em certos momentos, seu toque chegava a transbordar, quente e saudável, a realidade se tornando cada vez menos dolorosa quando seus dedos tocavam no rosto de James. Regulus fazia a sobrevivência diária se tornar uma vida. Ele carregava o mundo em seu dedo mindinho.

"Tenho certeza que você criou o amor com suas próprias mãos." James apontou em um certo dia. Em suas lembranças, o sorriso que surgiu nos lábios de Reg estava cheio de amor, calor.

"Por que você acha isso?" Ele responde com uma risada besta, mas James apenas o observa por alguns segundos a mais, contando, respirando.

"Você criou o meu e o seu" Respira, expira. Um. Dois. Três. Cinco. Oito. "Não existe mais nenhum tipo de amor sem ser o nosso, não é?"

Regulus brilha. Ele beija os lábios do namorado suavemente, respira e se afasta. Seus olhos estão maiores que o normal e James tem certeza que poderia se afogar neles a qualquer momento.

"Sim, Jay. Somos apenas nós dois no mundo."

James sabia que nunca esqueceria daquelas palavras e, realmente, ele nunca esqueceu. Anos se passaram e aquilo ainda socava seu crânio com um golpe por trás.

"Se era apenas nós dois, por que acabou?"

"O amor entrou em extinção, então?"

"Simplesmente parou de existir?"

Eram palavras covardes, mas James jamais se esqueceria.

E, novamente, ele se lembrava de tudo. Mas, ironicamente, ele nunca soube exatamente como tudo aquilo acabou.

James lembrava da dor. Lembrava dos pedaços no chão, nas partes que quebrou, do sangue em seu coração. Lembrava de como chorou, de como ninguém o consolou. Lembrava de Regulus saindo do apartamento.

Lembrava do anel.

James lembrava do amor, também. Lembrava de como o completo oposto poderia ter acontecido. Lembrava dos beijos, das manhãs, do dia a dia, lembrava de todas as palavras e promessas de dedinho e toques. Lembrava de Regulus. Lembrava dos sinais. Lembrava do homem que o amou de volta.

Ele lembrava Ele lembrava Ele lembrava Ele lembrava.

Mas, então, por que tudo acabou? Suas memórias não eram o suficiente?

"James, você precisa parar." Respira. Você vai respirar. Você vai melhorar. "Você precisa seguir em frente."

"Não, Regulus. Não." Repete milhares de vezes. Para. "Estava tudo bem, não é? Estava sim, eu tenho certeza."

Não Não Não Não Não. Não. Não estava, então?

"Você é louco, porra."

"Eu sou louco por você!"

Tudo acabou quando a visão de James apagou. Aquela era a última coisa que ele se lembrava propriamente antes de Regulus ir embora.

Nos sonhos de James, ele ainda estava lá, mas não era justo, de qualquer forma. Ele precisava da carne e do osso. Do toque, do calor, de tudo que sempre amou e sentiu: ele precisava de Regulus Black.

De vez em quando, James sentia muito. Ele sentia muito por qualquer coisa que poderia ter feito, ele se desculpava para as paredes, chorava, gritava em silêncio, morria cada vez mais. Sentia tristeza, sentia demais, sentia que estava se segurando quando, nas brigas, Regulus respondia e não reagia.

Gritando com seu próprio passado, ele e Regulus eram as vítimas do mesmo passado. E talvez ele devesse ter segurado mais forte, envolvendo o núcleo verdadeiro com as pernas para nunca deixar fugir. Talvez tivesse um culpado, talvez as mãos de James estivessem sujas com o sangue e a dor. Talvez ele tivesse mordido a língua de Regulus.

Mas, com certeza, ele mordeu a dele mesmo mais forte.

"Acho que a culpa é minha"

"Acho que quando chegar em casa, vou enterrar tudo isso no buraco mais fundo que o ser humano já cavou."

"Acho que quando eu conseguir respirar, eu vou te esquecer."

"Acho que quando eu te ver mais uma vez, Reg, eu vou poder descansar em paz."

"Acho—

Acho que acabou."

"E acho que eu ainda sou o diabo nas minhas costas."