Capítulo 25

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"O médico encontrou um distúrbio mineral e eletrolítico que enfraqueceu o coração dela, da mesma maneira que acontece com a anorexia e a bulimia. É por isso que agora eles acreditam que ela estava sofrendo de um distúrbio alimentar. O esmalte do dente dela estava ligeiramente corroído, então o palpite deles é que realmente seja bulimia," as palavras são ditas em um tom vazio; é estranho que após caminhar séculos entre vidas mortais, tão frágeis e facilmente quebradas, Stefan ainda não consiga processar o fato de Bonnie estar morta.

Damon tenta ignorar a voz dele, mas as palavras ainda atingem o seu cérebro. O que ele mais deseja é não imaginar o lindo e macio corpo dela cortado em uma mesa de necrotério enquanto a sua pele fria está perdendo o brilho natural e, no entanto, ele tem essa necessidade mórbida de saber o que aconteceu, em detalhes. De saber o porquê de em um momento ela estar brincando com ele e no outro o corpo sem vida dela ser tudo o que restou nos braços dele.

"O coração dela foi danificado quando o corpo começou a rejeitar magia negra; foi isso que fez ela se sentir tão cansada e dolorida com tanta frequência mas, pelo menos, eles estão bem seguros de que ela não sentiu nenhuma dor. Ela provavelmente nem percebeu o que estava acontecendo, ela só... adormeceu."

Stefan está tentando encontrar algum consolo no pensamento de que ela não sofreu, mas Damon não está fazendo o mesmo. Damon não está fazendo nada além de beber.

Depois de eles perceberem que não havia nada que eles podiam fazer pela Bonnie, ele pegou um cd do chão, espanou-o com a mão e então pegou o seu copo, que não tem ficado vazio por mais de trinta segundos desde a noite anterior. Stefan teve que pegar o corpo dela e o levar de volta para a casa dela para que ninguém suspeitasse que eles estavam envolvidos na morte dela. Ele teve que compelir pessoas a lembrarem que ela havia vivido ali o tempo todo e que nada fora do comum havia acontecido, tudo isso enquanto tentava impedir a Elena de enlouquecer.

Ele mesmo não teve nenhum tempo de ficar de luto por ela e, ainda assim, ele havia segurado o seu pequeno corpo e a aconchegado sob os cobertores, estupidamente tentando protegê-la do frio.

Quebra o coração dele pensar nas coisas que ela nunca vai ter, nas coisas que eles nunca farão juntos. Ele continua se perguntando se ela sabia que ele a considerava um espírito semelhante; lutando as mesmas batalhas que ele luta, amando as mesmas pessoas que ele ama. Amaldiçoada a ser diferente do resto do mundo, sempre à frente de todos os outros e despedaçada em uma solidão inevitável e perpétua.

A última coisa que ele disse a ela havia sido algo estúpido sobre compras de mercado e ele deseja que tivesse dito a ela algo significativo, mesmo que ele saiba que não há nada que pudesse ter dito para melhorar as coisas agora.

Elena está lutando com a sua dor chorando horrores e tentando ser de alguma ajuda para o pai da Bonnie para organizar o serviço funerário. É um jeito como qualquer outro de reagir, e ficar do lado dela, encorajá-la a não se render à dor é a única coisa que ele pode fazer tanto pela Elena quanto pela Bonnie.

Com o seu irmão é diferente.

"Para de falar," Damon diz, tentando silenciá-lo, agitando a mão no ar enquanto permanece sentado com o equilíbrio precário em uma cadeira. "Você está arruinando a minha festa."

Stefan o ignora e continua falando.

"O velório será amanhã de manhã às 10 horas. Elena provavelmente terá que fingir um forte ataque de nervos para encobrir o fato de não poder participar, já que ela não pode ser exposta à luz do dia, mas eu não acho que ela terá muito o que fingir," ele diz, sabendo muito bem que no momento em que ela não tiver coisas como serviço de bufê e funeral para pensar, a compreensão da morte de sua amiga irá atingi-la com tudo e ela cairá em pedaços.

Dormiente [Bamon]Onde histórias criam vida. Descubra agora