17. Apenas dois estranhos

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Giovanna Medeiros


A volta para Barcelona consiste em um total silêncio entre Fermín e eu. O loiro não se dirigiu a mim desde que saímos da casa da sua família em El Campillo.

Consigo ver em seus olhos que ele está chateado comigo e que também está envergonhado.

Em um certo momento da viagem de volta, paramos em um posto de gasolina para Fermín abastecer o tanque. Eu por minha vez resolvo ir ao banheiro do local.

Estar grávida tem me gerado alguns desconfortos, o período de enjoos já havia começado, e diante do pequeno vaso presente no banheiro ponho todo o meu café da manhã para fora.

Parece que demoro mais que o necessário no banheiro pois ouço uma batida na porta.

- Giovanna, está tudo bem aí? - Ouço a voz suave de Fermín a me chamar.

- Estou bem, só preciso de alguns minutos, por favor.

- Certo, te esperarei no carro. - E assim ele me deixa sozinha novamente.

Me recupero um pouco e volto para o carro, Fermín não me olha ao perguntar se estou bem, apenas respondo que sim e ele concorda ligando seu carro para partimos.

O resto da viagem volta para o silêncio absoluto, apenas uma música que tocava no rádio era ouvida no interior do automóvel.

Minha intenção nunca foi ferir o Fermín, ver sua mágoa me chateia e me destrói. Fermín é o tipo de cara que nunca merece ter o coração partido, mas sinto que eu o fiz.

Passar por tudo que eu passei me fez criar um esculdo para o meu coração. Ele foi pisoteado pela pessoa que mais amei na vida e agora sinto que não consigo mais baixar as armas que o guardam. Me apaixonar por alguém novamente me parece algo perturbador. Amar me trouxe a maior desgraça que já me ocorreu, então voltar a sentir esse sentimento por alguém é quase que impossível.

Não quero perder o Fermín, o quero para sempre em minha vida mas ficar perto dele agora só iria o magoar ainda mais. Me afastar é necessário para o bem de nós dois.

...

Algumas semanas haviam se passado desde que voltamos de El Campillo, Fermín e eu simplesmente não nos falávamos mais, parecia que toda a amizade que construímos simplesmente desmoronou e agora pareciamos só dois estranhos um para o outro.

- Você está me ouvindo? - A voz de Laila me tira do meu devaneio de pensamentos.

- Desculpe, pode repetir acabei me distraindo um pouco.

- Certo, eu achei esse conjuntinho azul tão fofo, temos que levar.

Leila me acompanhou hoje para a minha consulta, finalmente podemos descobrir o sexo do bebê. Um pequeno menininho forte e saudável crescia dentro de mim.

Após sairmos da consulta Laila insistiu para já comprarmos algumas roupinhas e coisas para o bebê, então nesse momento estamos em uma loja de roupas infantis.

- É realmente muito fofo mesmo. - Digo ao observar a peça.

- Que cara é essa, nem parece que gostou. - Diz a loira.

- Eu gostei mas... Laila essas roupinhas são muito caras e... ainda tenho que comprar sapatinhos, bolsas, fraudas... eu já não estou mais conseguindo arranjar trabalho, ninguém quer contratar uma grávida e...

- Relaxa Gigi vamos dar um jeito.

- Que jeito Laila? Eu já não ganho tanto dinheiro assim e agora que ninguém quer me contratar como eu vou fazer para viver? Com o dinheiro que eu ainda tenho não irei conseguir nem pagar o aluguel direito e...

- Gigi fica calma, daremos um jeito, eu não irei deixar o meu afilhado desamparado.

- Laila você também não ganha tão bem assim trabalhando naquele restaurante, e eu não vou viver as suas custas. Eu não sei o que fazer, um bebê custa caro e eu vou ficar um bom tempo sem poder fazer faxina depois que ele nascer, tenho algumas economias, mas no máximo conseguirei pagar mais dois meses de aluguel e só.

- Daremos um jeito amiga, qualquer coisa você pode vir morar comigo, dividimos o aluguel e conseguiremos resolver isso.

- Talvez eu tenha que voltar para o Brasil Laila.

- Você está ficando louca? Voltar pro Brasil? Pro lugar onde aquele filho de uma puta do seu ex vive? Nem pense nisso Giovanna.

- Eu não tenho escolha Laila, com o que eu tenho agora não vou conseguir me manter em Barcelona por muito tempo.

- Nem que eu tenha que pedir dinheiro no sinal, mas não deixarei você voltar para perto daquele homem, não mesmo. E você não pode afastar o meu afilhado de mim Giovanna.







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SIMPLESMENTE ACONTECE - Fermín LópezOnde histórias criam vida. Descubra agora