14. Flashback

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"...Palavras não bastam, não dá pra entender
E esse medo que cresce não para
É uma história que se complicou
Eu sei bem o porquê..."
- A noite, Tiê.

- Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2024, 6:34 da manhã.

A noite de Alane tinha sido complicada, a garota demorara a pegar no sono. Apesar o ambiente quieto e sossegado, seus pensamentos intrusivos não descansaram nem por um minuto sequer.

O que eu fiz de errado?

Eu interpretei mal as ações de Fernanda?

Ela estava mesmo falando a verdade quando disse que não sentia absolutamente nada por mim?

Gostar de garotas é um erro ou despertar interesse logo por Fernanda foi uma decisão errada?

O que Giovanna quis dizer quando falou que uma hora eu lembraria?

Menina veneno? O que isso significa?

O que Nizam viu de tão interessante em mim para não sair do meu pé?

Após se revirar na cama em busca do sono, a garota viu os primeiros raios de sol refletirem em sua janela, mesmo que fracos, indicavam que um novo dia estava começando.

Lane, depois de algum tempo encarando o teto, estava pronta para se entregar aos braços de Morfeu e tirar uma soneca profunda e calma após a madrugada turbulenta. Então, assim fez, dormindo por 5 horas seguidas.

11:47 da manhã.

Ao sentir lambidas quentes em uma parte do rosto, a paraense abriu seus olhos e viu Liz, sua cachorrinha, abanando o rabo extremamente ansiosa para que ela acordasse. Apesar das nuvens acinzentadas e escuras, era perceptível que os sol estavam mais fortes dessa vez.

A garota decidira levantar-se e se dar um dia de folga. Ela estava precisando urgentemente de mais um banho premium e uma tarde calma, sem nenhum estresse.

Após sua rotina matinal atrasada, Alane colocou sua playlist de MPB para tocar e se direcionou ao banheiro. E, para sua surpresa, uma música específica começou a tocar.

"...Menina veneno, você tem um jeito sereno de ser
E toda noite no meu quarto, vem me entorpecer..."

Após passar esse trecho, alguns resquícios de memória começaram a voltar para a mente de Lane, como se fossem flashbacks.

Flashback on.

- Belém do Pará, 20 de junho de 2017.

— Você tem um jeito sereno de ser... — O rosto da paraense era tocado pelas mãos delicadas da outra morena.

— Acho que isso é totalmente errado... maldito erro que eu fui me apegar. — Alane respondeu, sussurrando para que não acordassem as outras pessoas.

As garotas estavam sentadas no telhado da casa da paraense, era tarde da noite e, na brisa que o vento levava, iam embora junto os sentimentos não ditos.

— Vou sentir saudades disso.

— Eu também, Gio. — Elas se abraçaram, enquanto observavam o céu lotado de estrelas. Estava sem nenhuma nuvem naquela madrugada.

— Espero que o seu namorado não se importe de eu te roubar por algumas horinhas. — A mineira disse, dando um selinho nos lábios da outra, que sorrira com o comentário.

Flor do Cais • FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora