CHAPTER I

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Uma digna tragédia teatral grega

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Jason Grace queria que Zeus não fosse seu pai.

A vida de um semideus é um grande caos por natureza. Eles nasceram para viver entre desastres e tragédias, perseguidos por monstros e arriscando suas vidas todos os dias. Sobreviver a adolescência era um luxo, uma vida feliz era uma raridade desde os mais antigos mitos.

Pouquíssimos semideuses conseguiriam o tão sonhado dito “final feliz”. As constantes batalhas por sua sobrevivência tornavam essa uma das mais difíceis tarefas.

Para um filho do rei dos deuses, multiplique isso à infinita potência.

Eles são poderosos, sim. Porém, quantos deles tiveram uma vida tranquila? Quantos deles viveram genuinamente felizes? Jason não saberia listar outro além de Perseu no momento, e ele ainda passou por uns maus bocados.

Ser filho de Zeus é nascer com um alvo nas costas e um destino de dor e infelicidade já traçado pelas Parcas. Não havia escapatória, restava apenas aceitar.

Sua irmã era uma grande prova disso. Ela morreu depois de anos os protegendo de monstros porque estavam sendo perseguidos por serem semideuses e, acima de tudo, filhos de Zeus. As Fúrias que a mataram foram enviadas pelo próprio Hades para matá-los apenas por existirem.

Morreu para que ele pudesse viver mais um pouco. 

Agora ali, sentado ao lado da árvore que um dia foi sua irmã, Jason pensava o quanto não queria aquela vida conturbada e caótica.

Ele admirava o vale abaixo da colina, as construções gregas brilhando ao sol em todo seu resplendor. Semideuses corriam de um lado ao outros em camisetas laranjas, treinando arco e flecha, canoagem, luta corporal, alguns apenas jogando vôlei e outros enfrentando a grande parede de escalada que escorria lava. Casais passeavam de mãos dadas rindo na beira do lago ou na praia. Irmãos faziam brincadeiras uns com os outros.

Jason era um deles a maior parte do tempo. Contudo, sempre que estava ali na colina ao lado do pinheiro, ele sonhava com uma vida em que não fosse.

Uma vida em que ele poderia abraçar a sua irmã e não precisar ver uma árvore todos os dias e lembrar de como ela surgiu.

Infelizmente, isso ficaria apenas em seus sonhos. Os sonhos bons e normais, porque, é claro, sendo um semideus, nem mesmo em seus sonhos ele teria paz.

— Ei, Jason!

A voz chamando por seu nome tirou-o de seus devaneios. Ele ficou de pé e limpou a terra suja de sua calça enquanto observava a garota que subia a colina em sua direção.

Annabeth trajava a mesma camiseta laranja que ele próprio vestia, com o desenho de um pégaso abaixo do nome “Acampamento Meio-Sangue”, com calça jeans e carregava uma adaga presa a bainha na cintura. As tranças de seu cabelo estavam divididas e presas dos dois lados, caindo pelos ombros. O colar em seu pescoço possuía cinco contas, assim como o de Jason.

Cinco anos desde que chegaram ali. 

Em algumas semanas Jason completaria doze anos, e ao fim do verão receberia a sexta conta. Seis anos naquele acampamento.

— Oi, Anna.

— Luke estava te procurando.

— Precisava vir falar um pouco com a Thalia. — Olhou para o pinheiro e suspirou. — Não sei o que esperar de hoje. 

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⏰ Última atualização: Mar 05 ⏰

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