Capítulo 12

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Deixar alguém se aproximar tão intensamente me desperta gatilhos, desencadeando emoções que há muito tempo tenho lutado contra. Apesar do beijo com Alfonso ter sido uma experiência única, as consequências emocionais começam a se manifestar de maneira intensa.

Acordei mais uma vez, sufocada pelos horrores de um pesadelo que parece se repetir incansavelmente. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto luto para afastar as imagens aterrorizantes que me assombram até nos momentos mais vulneráveis do sono.

A sensação de nojo, como uma sombra persistente, paira sobre mim. Não é apenas nojo do pesadelo em si, mas também de mim mesma, por permitir que as memórias dolorosas do passado continuem a me assombrar tão intensamente. Nesses momentos sombrios, a batalha interna entre aceitação e condenação atinge seu ápice, deixando-me em um estado de fragilidade emocional.

Enquanto as lágrimas continuam a fluir, anseio por encontrar uma maneira de dissipar esse sentimento avassalador de nojo e encontrar a compaixão necessária para curar as feridas profundas que persistem dentro de mim. O caminho para a cura é árduo, mas é uma jornada que estou determinada a trilhar, buscando luz nos recantos mais escuros da minha própria alma.

Em cada pesadelo, ele emerge das sombras, uma presença sinistra que me persegue incansavelmente. Cada passo que dou para escapar parece multiplicar a voracidade com a qual ele se aproxima. O eco de seus passos ressoa em um coro assustador, aumentando a tensão que se acumula ao meu redor.

Por mais que eu tente correr, as pernas parecem pesar toneladas, como se estivessem mergulhadas em um mar de desespero. Seu rosto permanece nas sombras, uma figura obscura que instala um medo profundo e visceral. Cada vez que ele se aproxima, sinto meu coração bater descompassado, uma angústia crescente que permeia cada fibra do meu ser.

A sensação de ser alcançado é inevitável, um momento aterrorizante em que a escuridão se fecha ao meu redor. Corro para acordar, para escapar da cruel realidade que meus pesadelos criam. Mas, mesmo acordada, a sombra persiste, deixando-me com a assombração de sua presença, marcando meus dias com a lembrança do tormento noturno.

Claro que a visão que Alfonso tem de mim poderia mudar completamente se ele soubesse da verdade. Essa verdade, enterrada profundamente, é como um fardo que carrego, escondendo-a do mundo para evitar julgamentos e condenações. A perspectiva de revelá-la é assustadora, pois temo as consequências que seguiriam.

Esse segredo, como uma sombra persistente, paira sobre mim, moldando minhas interações, minhas escolhas e até mesmo os relacionamentos que tento construir. A ideia de revelá-lo para Alfonso parece um ato de vulnerabilidade que, por enquanto, estou relutante em enfrentar.

É um dilema constante entre a autenticidade e o medo do desconhecido. Ele merece a verdade, a honestidade que sustenta qualquer relacionamento saudável. No entanto, compartilhar essa parte obscura de mim mesma significa abrir uma ferida que preferi manter fechada.

Enquanto ele persiste em me entender, eu continuo me questionando se a verdade seria libertadora ou se acabaria por nos aprisionar em um labirinto de complicações emocionais. A ambiguidade da situação é um desafio que, por ora, escolho adiar. Afinal, algumas verdades são tão intensas que podem redefinir toda uma história.

Me afastei de Alfonso, por ser melhor pra ele e pra mim mesma, eu sou assim, quando alguém se aproxima demais, eu simplesmente dou um jeito de afastar a pessoa.

Neste turbilhão de pensamentos, a sombra do medo, vergonha e culpa paira sobre mim como uma tempestade interminável. Acreditar que sou digna de um relacionamento parece uma ilusão distante, uma vez que carrego o peso do segredo que esconde meu verdadeiro eu.

O receio de ser julgada, de perder a aceitação daqueles que amo, paralisa-me diante da possibilidade de revelar minha verdade. A pergunta constante, se alguém poderá me ver com os mesmos olhos após conhecer meu passado, ecoa como um mantra de autodesvalorização.

A culpa, como uma ferida aberta, sangra todos os dias, recordando-me de que sou prisioneira de minhas próprias escolhas e experiências. A incerteza sobre meu próprio valor como pessoa permeia cada pensamento, impedindo-me de vislumbrar a felicidade que outros parecem alcançar tão naturalmente.

A jornada para a felicidade parece uma estrada íngreme, cheia de curvas desconhecidas. O peso emocional se torna um fardo difícil de carregar, enquanto me pergunto se algum dia conseguirei libertar-me desse ciclo de autodestruição.

No entanto, há uma luz tênue de esperança no horizonte. A possibilidade de, um dia, aceitar a mim mesma e ser aceita por outros parece um objetivo distante, mas não inalcançável. A jornada para a felicidade começa com a coragem de encarar nossos medos e vulnerabilidades, buscando apoio e compreensão.

Seja através do tempo, do autoconhecimento ou da ajuda de outros, acreditar na possibilidade de encontrar a felicidade é o primeiro passo. É um processo delicado, cheio de altos e baixos, mas a promessa de um amanhã mais brilhante permanece como uma chama queimando no fundo do coração. E, quem sabe, talvez, um dia, eu possa verdadeiramente experimentar a alegria que tanto almejo.

Um Amor Inesperado (CANCELADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora