2-outbreak

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Acordei, muito cedo, por volta das duas da manhã, com o  cão dos Carson a ladrar intensamente, fui até á janela do meu quarto, olhei para a casa dos vizinhos, e as luzes estavam apagadas, e não se ouvia nada para além do ziggy a latir, saí do quarto para ir ver do  keyle.

Abri a porta do quarto dele, a sua janela tinha a persiana aberta, a luz da lua iluminava suavemente o quarto.

O meu irmão está deitado na cama, como sempre olhar para o rosto dele, dá-me algum conforto, sentei-me na cama ao seu lado, toquei-lhe testa que estava quente e levemente suada, a sua pele suave, fazia-me lembrar do pai, eu adorava ficar a mexer-lhe no braço enquanto estávamos os dois na sala.

O keyle abriu os seus olhos, castanhos, brilhantes.

-Mana?

-Boa noite maninho, como te sentes?

-A minha cabeça dói, tenho os olhos a arder.

-Dorme, de manhã a mana vai a algum lado, comprar umas coisas para nós.

Voltou a fechar os olhos e o silêncio reinou novamente, fui a janela do quarto dele, o céu estava limpo e a lua brilhava imenso, o beagle já não ladrava.

De repente, dei por mim a relembrar todos os tempos em que estávamos os quatro, sempre juntos.

Uma vez fomos todos juntos a Paris, o keyle sempre teve medo das alturas, mesmo assim subimos ao topo da torre Eiffel ele foi a subida inteira de mão dada com o pai e a mãe, eu ia a frente, estava super ansiosa para chegar ao topo e consegui ver Paris inteira lá de cima.
Quando chegámos ao cimo da torre estava cheio de gente, mas mesmo assim a mãe e o pai conseguiram arranjar um lugar para os quatro.

Enquanto olhava-mos para o horizonte abraçava o keyle.
Nesse momento tudo parecia estar certo, quatro meses depois o pai recebeu a carta para ir para o estrangeiro e aí tudo mudou...

De repente o presente puxou-me de volta da minha memória.

Atravessei o corredor novamente e entrei no antigo escritório do pai, estava lá a foto de família. Procurei pelo cofre onde estavam as coisas do pai, estou demasiado cansada para procurar. Voltei a dormir.

Acordei por volta das sete da manhã, fui ao quarto do keyle que estava deitado de costas para a porta, fechei a persiana do seu quarto e deixei-o dormir mais um pouco, desci as escadas e preparei o pequeno almoço para mim, a luz falhou um pouco durante o dia.

-Mana...

Ouvi o keyle murmurar o meu nome do quarto dele, subi as escadas apressadamente e quando lá cheguei toquei-lhe na testa. Ele estava a arder em febre

-keyle levanta-te para a mana ver a tua perna por favor.

A ferida estava claramente infetada
Entrei pela casa de banho da mãe a dentro, encontrei o álcool e voltei para o quarto

-Desculpa, mas isto pode arder keyle.

Derramei nele o álcool enquanto ouvia a sua voz num tom doloroso.

-Ahh!!- Gemeu ele de dor enquanto eu derramava álcool na sua ferida

Deitei apenas o suficiente para molhar a ferida e depois passei outra vez a pomada.

Passado um tempo o keyle voltou a dormir e eu sentei-me no sofá da sala a ver algumas notícias sobre oque se estava passar, em todos os canais a única coisa que se falava era sobre o vírus que se tinha mutado, as pessoas estavam a dar em loucas, atacavam-se umas às outras.

Mudei de canal vezes sem conta, até parar num canal em que passava um vídeo gravado na Alemanha, era um homem a comer uma mulher viva em cima de um banco num jardim, no fundo os carros apitavam, e ouviam-se gritos.
Mudou para o jornalista.

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