𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vil

➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘵𝘸𝘦𝘯𝘵𝘺-𝘰𝘯𝘦

Após digerir aquela informação, a primeira coisa que Florence sentiu foi o olhar de Harry queimando sobre si. Por sorte, ele nada disse a princípio. Uma, que não percebeu a tensão entre ambos, deixou o espaço para cuidar de outros assuntos. 

— Quer me explicar isso? — O rapaz cruzou os braços. — Disse que tinha vindo sozinha.

— Eu... Vim. — Florence respondeu, torcendo para que suas palavras o convencessem. — Não sabia que Ben também viria, ou qualquer outro... Eu realmente não sabia.

— Qualquer outro? — Ergueu uma sobrancelha. — Acha que outros podem ter vindo?

A garota não conseguiu responder. Harry, por sua vez, não sabia ao certo o que sentir no momento. Se Florence estivesse mentindo, ela era realmente uma ótima mentirosa. Afim de não culpá-la ou qualquer coisa do tipo, apenas bufou e limpou o suor da testa.

— Você tem uma tarefa, princesa. — Disse enfim. — Portanto, vá.

Depois foi embora, deixando-a sozinha no convés. Florence logo tratou de pegar as tintas e começar aquilo que lhe foi ordenado. Caminhando pelo navio, não recebeu olhares julgadores ou desconfiados. Tudo bem parecia bem por ora. Enfim, ao descer as escadas, chegando ao mastro principal, foi onde encontrou Ben. 

O rapaz estava amarrado, e Uma conversava com ele. Quando ela se foi, olhares foram trocados. Surpresa, confusão e até mesmo alívio foi expressado sem sequer dizer uma única palavra. Florence tomou coragem para se aproximar.

— Fico feliz que esteja bem. — Sussurrou. — Ben, eu tenho tanto para contar...

— A começar pelo visual? — Mesmo naquela situação, ele conseguia ser no mínimo engraçado. Agora, parecia aliviado por ter reencontrado a amiga. — O que houve? Está tudo bem?

— Tive alguns problemas, mas Harry me ajudou. — Florence olhou para onde Hook estava. Ele parecia distraído, apoiado na borda, em uma distância considerável. — Ele me salvou.

Ben ficou em silêncio por um momento.

— Carlos estava preocupado com você. — Disse.

A garota sorriu gentilmente.

— Sei que estava, mas vai ficar tudo bem. Vamos embora logo, eu prometo. — Respondeu. — Conheço Mal e os outros, então me diga qual o plano.

— Uma pediu a varinha da Fada Madrinha em troca da minha liberdade. — Explicou. — Ela e Mal farão uma troca hoje, ao meio-dia em ponto. Depois disso... Poderemos ir para casa.

— A varinha da Fada Madrinha... Não, eles não vão fazer isso. Deve haver algum truque. — Florence pensou a respeito por um instante, cogitando as possibilidades. — De qualquer forma, mantenha-se firme. Eu...

— Eles chegaram! — Alguém exclamou, e houve uma comemoração.

Florence correu para frente, podendo ver seus amigos chegando pelas docas. Para sua surpresa, Lonnie estava junto. Não foi uma coisa ruim, estava feliz por ver a amiga. Entretanto, seu coração falhou uma batida quando viu Carlos. O rapaz de cabelo brancos parecia tão surpreso, quase descrente, ao vê-la junto dos piratas. A garota queria descer e abraçá-lo, pedir perdão e dizer que nada parecia ser o que era. Mas não podia, havia muitas coisas que não podia.

— Espere. Muito fácil. — Uma disse com tom sarcástico. — Por que não faz um teste drive?

— Você está sempre sendo dramática. — Mal murmurou. 

E isso confirmou o que Florence havia cogitado. Eles realmente haviam planejado algo, e aquela não era a verdadeira varinha. Mal lançou um "feitiço" que fez com que Dude, o mascote de Carlos, começasse a falar. Por que ele estava lá? Bem, isso era algo que ela não sabia.

Ben foi desamarrado do mastro e levado até a entrada do navio, onde foi trocado pela varinha. Florence, sem que ninguém percebesse, tentou se esquivar até chegar à outra extremidade do navio, onde pretendia pular e chegar nas docas. Entretanto, quando Uma percebeu que a varinha era falsa, uma luta intensa começou. 

Seus amigos levaram espadas da aula de esgrima, o que lhes ajudou muito. Em certo momento, fumaça colorida se alastrou pelo local. Carlos conduziu Florence até que estivesse segura, quando todos estavam fugindo para a limusine. Em certo momento, em meio a toda aquela confusão, a garota pôde ver Harry emergir. Ele, agora sim, estava sendo expressivo além do sarcasmo e ironia. Tristeza, o sentimento de ser traído. 

[...]

Florence nunca pensou que se sentiria tão aliviada por voltar à Auradon. Diferentemente do que pensou, o baile não foi cancelado. Após toda a tensão se esvair dos ombros, sabia que ela e Carlos precisavam conversar. Sentados num campo no campus escolar, o rapaz segurava o café que lhe foi comprado — uma promessa há muito tempo feita.

— Foi isso que aconteceu. — Florence concluiu. — Desculpe se te fiz pensar que, por algum momento, estava com eles. Foi a única forma que eu encontrei de...

— Eu entendo. — Carlos concluiu. — Flor, eu nunca pensei que estivesse com eles. Eu conheço você e sei que nunca fazia isso, e que é esperta o suficiente para encontrar modos de reverter a situação. — Respirou fundo. — Eu só... Estava com medo de nunca mais poder te ver.

— Não vai se livrar tão fácil de mim. — Florence disse, o que fez com que o rapaz desse risada. —  Temos um baile para ir hoje à noite, então pretendo ficar com você mais um pouco.

— Posso fazer esse esforço. — Sorriu. — Te vejo mais tarde?

Ela assentiu e, em seguida, Carlos foi embora. Agora que estava sozinha, Florence podia verdadeiramente refletir sobre a situação. Sentia-se mal por ter deixado Harry para trás daquela forma. Sentia-se uma verdadeira ingrata por não ter feito absolutamente nada além de fugir assim que teve a chance. Mas a situação a forçou para tal. Se não fosse embora naquele momento, poderia morrer. De qualquer forma, não tinha escapatória.

Mas uma coisa era certa — ela nunca se esqueceria de Harry Hook.