Capítulo 11

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Desde o divórcio, Poncho desenvolveu um padrão peculiar de comportamento ao redor de Any, especialmente quando se tratava de potenciais pretendentes. Uma sombra de proteção pairava sobre ele, um instinto de afastar qualquer homem que ousasse se aproximar demais dela.

Embora Poncho nunca tenha admitido abertamente, suas ações falavam mais alto do que palavras. Sempre que Any expressava interesse em alguém, Poncho encontrava maneiras sutis, e às vezes nem tanto, de sabotar esses encontros. Era como se uma parte dele se recusasse a aceitar que a vida amorosa de Any pudesse continuar sem sua presença.

As razões por trás desse comportamento eram complexas. Talvez fosse o medo da perda, uma relutância em ver Any feliz com outra pessoa, ou simplesmente o desejo inconsciente de manter uma ligação que, embora tenha mudado de forma, ainda permanecia entre eles.

No entanto, essa atitude de Poncho inevitavelmente cobrava seu preço, criando tensões e desentendimentos entre ele e Any. Embora ele agisse com uma pretensa intenção protetora, suas ações muitas vezes deixavam Any frustrada, sentindo-se impedida de seguir em frente.

O cenário complicado de Poncho interferindo em encontros e afastando potenciais pretendentes acrescentava uma camada de drama à vida de Any, deixando ambos em um ciclo de incertezas e emoções não resolvidas. O desafio para eles residia em encontrar um equilíbrio, onde pudessem seguir em frente sem deixar que o passado se intrometesse constantemente em seus caminhos.

Poncho contou para Chris sobre a conversa com Rodrigo, revelando um vislumbre das complexidades de suas emoções e dos desafios que enfrentava ao lidar com a vida amorosa de Any.

Chris: Não acredito que fez isso - gargalhou - Se Any souber será o seu fim, já me contou sobre outras mentiras que inventou, mas essa foi a pior de todas. Poncho, você precisa entender que afastar outros pretendentes não vai resolver os problemas entre você e Any. Talvez seja hora de encarar essas questões de frente e buscar uma solução.

Poncho: Chris, eu sei que estou agindo de forma impulsiva, mas ver Any com outro homem me machuca demais. Eu ainda a amo com todas as minhas forças

Chris: Se ainda há amor, deveria lutar por ela

Poncho: Ela já deixou claro que não me ama mais

Chris: Ao meu ver ainda existem sentimentos por parte dela, ela só não quer admitir por medo de se machucar novamente, olhando por esse lado é compreensível, mas eu ainda bato na tecla de que vocês dois deveriam fazer terapia, acho que iria ajudar muito

Poncho: Você acha que a terapia pode realmente fazer a diferença?

Chris: Sim, Poncho. A terapia pode ajudar a abrir canais de comunicação, entender os sentimentos um do outro e encontrar maneiras de lidar com a dor do passado. Às vezes, é preciso buscar ajuda externa para superar os obstáculos.

Poncho: Vou considerar a ideia. Obrigado pela sinceridade, Chris.

Chris: Agora todas as vezes que eu ver a Any vou lembrar da história que inventou para Rodrigo e não vou aguentar e vou rir muito

Poncho riu junto com Chris, reconhecendo o absurdo das situações que ele mesmo criou para afastar possíveis pretendentes de Any.

Poncho: Eu sei, eu exagerei um pouco. Talvez eu precise trabalhar nisso também.

Chris: Com certeza, meu amigo. Às vezes, o melhor é lidar com as situações de frente, sem criar obstáculos desnecessários.

Poncho: Acho que você está certo. Vou tentar ser mais honesto e transparente daqui para frente.

Chris: Boa decisão, Poncho. Espero que as coisas melhorem para você e Any.

Poncho: Sabe, Chris, acho que ainda há muito que não conversamos. Eu tenho sentido falta dessas nossas conversas francas.

Chris: Eu também, Poncho. Às vezes, é bom desabafar e compartilhar nossos pensamentos.

Poncho: Acho que, além de lidar com Any, preciso lidar comigo mesmo. Tenho tantas emoções e arrependimentos guardados.

Chris: É um passo importante reconhecer isso, Poncho. A jornada para a cura começa de dentro para fora.

Poncho: Você sempre foi sábio, meu amigo. Às vezes, é difícil enxergar as coisas claramente quando estamos no meio da tempestade.

Chris: Mas a tempestade eventualmente passa, Poncho. Tenha paciência consigo mesmo.

Poncho: Vou tentar. E quanto a você? Como têm sido as coisas em sua vida?

Chris: Bem, tenho enfrentado meus próprios desafios, mas no geral, estou bem. Trabalho, família, você sabe como é.

Poncho: A vida nos leva por caminhos inesperados.

Chris: Com certeza. Mas, seja qual for o caminho, é importante ter pessoas ao nosso lado.

Poncho: Concordo plenamente. E fico grato por ter você como amigo.

Chris: A amizade é uma das coisas mais valiosas, Poncho. Sempre estarei aqui para você.

Poncho sorriu, sentindo-se abençoado por ter um amigo como Chris ao seu lado. Mesmo diante dos desafios, sabia que a amizade verdadeira era um apoio inestimável.

Nos dias que se seguiram, Poncho começou a refletir sobre as palavras de Chris. A ideia da terapia, embora inicialmente resistida, começou a se tornar uma possibilidade viável em sua mente. A necessidade de encarar suas próprias emoções e encontrar maneiras de lidar com o passado se tornava cada vez mais evidente.

O relacionamento complexo entre ele e Any estava repleto de desafios e cicatrizes emocionais profundas. No entanto, a faísca de amor ainda estava presente, uma chama que se recusava a se apagar completamente. Poncho se perguntava se, com a ajuda da terapia, poderiam encontrar uma maneira de curar as feridas e construir um futuro juntos.

Tropeços do Amor AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora