Capítulo 44

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Após muita insistência, Any finalmente resolveu voltar a fazer terapia. A última vez que esteve ali foi há alguns anos, durante o período em que ficou separada de Poncho. Agora, sentada na cadeira do consultório, ela sentia uma mistura de nervosismo e alívio. O barulho dos ponteiros do relógio ecoava no silêncio da sala, fazendo as horas parecerem se arrastar.

A terapeuta, Dra. Fernanda, olhou para Any com um olhar compreensivo e acolhedor. Ela lembrava bem da mulher forte e determinada que Any era, e agora mais uma vez via a vulnerabilidade que exigia um cuidado ainda maior.

Dra. Fernanda: Any, é bom te ver de novo. Sei que deve estar sendo difícil para você estar aqui, mas vamos começar devagar, ok? Como você está se sentindo?

Any: Sinto como se estivesse enlouquecendo. Tenho medo de perder o controle, de não conseguir cuidar da Ceci e do Poncho como eles merecem.

Dra. Fernanda: É normal se sentir assim quando estamos passando por um período difícil. O importante é que você está aqui, buscando ajuda. Isso já é um grande passo. Quer me contar um pouco mais sobre o que está te preocupando?

Any: As crises estão cada vez mais frequentes aparecem do nada. Acordo no meio da noite apavorada, e não consigo parar de pensar que algo ruim vai acontecer com a Ceci. E, ao mesmo tempo, me sinto um peso para o Poncho. Tenho medo de que ele acabe me deixando por causa de tudo isso.

Dra. Fernanda: Esses sentimentos são muito difíceis de lidar sozinha. A ansiedade pode ser esmagadora, mas nós podemos trabalhar juntas para encontrar maneiras de aliviar esse fardo. Você não está sozinha nisso, Any. Poncho te ama e está preocupado com você. O apoio dele será crucial nesse processo.

Any: Ele é maravilhoso, eu sei disso. Mas não quero ser um peso para ele. Quero ser forte, quero ser a mãe que Ceci precisa e a esposa que Poncho merece - sem conseguir conter as lágrimas

Dra. Fernanda: E você pode ser tudo isso, Any. Vamos começar a trabalhar em pequenas coisas, encontrar estratégias que funcionem para você. E lembre-se, é um processo. Não precisa carregar todo o peso sozinha.

Any: Ceci já está com dois anos, e o pânico tem tomado conta de mim. Tenho medo de perdê-la da mesma forma que perdi o Ben. Já não consigo controlar e nem disfarçar o meu medo.

Dra. Fernanda: A perda do Ben foi uma experiência extremamente traumática para você, Any. É natural que esses sentimentos voltem, especialmente quando se trata da segurança de sua filha. O medo é uma reação humana, mas não precisa dominar a sua vida.

Any: Eu sei, mas é mais forte do que eu. Cada vez que Ceci fica doente ou se machuca, por menor que seja, eu entro em pânico. E isso está afetando tudo ao meu redor, incluindo o Poncho e nossa relação.

Dra. Fernanda: Vamos trabalhar juntos para identificar os gatilhos específicos desse medo e desenvolver técnicas que possam ajudá-la a gerenciar esses momentos de ansiedade. Isso pode incluir exercícios de respiração, mindfulness, ou até mesmo a prática de rotinas que tragam uma sensação de segurança e previsibilidade. Além disso, conversar sobre suas preocupações com Poncho de maneira aberta e honesta pode fortalecer ainda mais o apoio que ele pode te oferecer.

Any: Acho que tenho medo de sobrecarregar o Poncho com tudo isso. Ele já faz tanto por mim e pela Ceci. Não quero que ele se sinta preso a alguém que está sempre no limite.

Dra. Fernanda: Poncho te ama e escolheu estar ao seu lado, não apenas nos momentos bons, mas também nos difíceis. É importante lembrar que dividir suas preocupações e medos não é um sinal de fraqueza, mas sim de confiança e parceria. O que você está passando é difícil, e você não precisa carregar o mundo nas costas.

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