Capítulo 4

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Benício 

Entramos no restaurante e somos direcionados para a sala reservada.

A Lara não sabe, mas eu não preciso fazer reserva aqui, eu sempre tenho um lugar disponível no restaurante.

O Bertolline pertence a Julie uma ex namorada, nos conhecemos quando estudei na Inglaterra, tivemos um término amigável, então quando ela resolveu vir para o Brasil eu a ajudei com o restaurante, com o talento dela eu sabia que seria um sucesso.

Comprovei isso ao ver o seu crescente sucesso nos últimos cinco anos.

— Quando estiverem prontos para pedir é se chamar. — O garçom deixa os cardápios e se afasta.

— Eu já sei o quero, não preciso olhar o cardápio, vou pedir a lasanha bolonhesa com fondutta de grana padano — Lara diz entregando o cardápio para Barbara. — Como é sua primeira vez, não tenha presa ao escolher, só saiba que aqui tudo é divinamente gostoso.

Meu olhar se prende no rosto da Barbara enquanto ela olha atenta o cardápio, percebo que ela franze a testa com sua indecisão.

— Tudo parece tão gostoso, não sei o que pedir, estou indecisa.

— Me mostra o que está em dúvida. — Lara se prontifica a ajudar.

— Esse Carré de cordeiro grelhado, encrostado com castanha de caju, acompanhado de risoto de hortelã ou a lasanha que você pediu.

— Pedi os dois. — Lara diz com um dar de ombros como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer.

— De forma alguma Lara, isso não seria certo. — Barbara fala como se a Lara tivesse sugerido que ela atesasse fogo no restaurante, — e os pratos nem combinam.

— Você pode pedir quantos pratos quiser Barbara, — falo tentando mostrar que ela não precisa se preocupar com algo bobo como esse.

— Vou ficar com a primeira opção, — ela decide desviando seu olhar do meu, chamo o garçom — posso provar a lasanha quando vier com o Bruno.

A menção dele faz o ar ao redor ficar mais pesado.

— Você falou com seu amigo sobre a reserva do Goldenroad? — Lara me salva de deixar a raiva eminente de tomar conta do jantar.

— Falei com ele hoje, tudo que você quiser estará disponível.

— Você é o melhor irmão do mundo, — Lara se levanta e me dá um beijo na bochecha.

— Sou o único que você tem. — Acostumado com essa demonstração de afeto da Lara, nem me movo enquanto ela faz o que quer.

Uma leve risada captou o meu olhar. Barbara nos olha com um brilho no olhar que ao mesmo tempo refletia uma sombra solitária.

— Vocês parecem ser unidos. — Ela diz com uma ponta de tristeza na voz.

— Eu tento fazer sua expressão sair de completo desprezo pelo mundo, — ela olha para a minha irmã que fala com naturalidade sobre mim — para algo meio, eu odeio todo mundo, mas consigo viver sem matar ninguém que cruze meu caminho.

Dessa vez as duas riem livremente na minha frente.

— Eu sou a pessoa normal da família, o Benício é mais parecido como nosso avô.

— Posso cancelar a sua festa com um telefonema. — Provoco com a voz firme.

— Você não ousaria Benício Castellani. — Sua voz imprime desafio com a ameaça que fiz, nós dois sabemos que eu não faria isso.

— Aproveitando que você está aqui Barbara, já adianto que farei minha festa de aniversário no Goldenroad, e conto com a sua presença.

— Claro, eu prometo que irei. — Sua resposta não corresponde com o tom e a expressão em seu rosto, foi vacilante, ela respondeu apenas o que minha irmã queria ouvir.

— Você pode levar seu noivo se ele estiver livre. — Lara parece ter sentido a incerteza na voz de Barbara e adicionou a pessoa que ela sabe que a fará ir à festa.

Nossos pratos chegam, alívio toma conta de mim por não ser mais o centro do assunto.

— Eu não acredito que não vim aqui antes, — Barbara fala após limpar o seu prato de uma forma nada elegante.

— Você precisa provar a sobremesa daqui, vou pedir para nós duas e eu garanto que você nunca comeu nada igual em sua vida. — Lara pede as duas sobremesas, o olhar da Barbara é de expectativa e vejo um lampejo de felicidade que não estava aí quando chegamos.

Essa é a primeira vez que estou tão perto dela, posso vê-la relaxada, rindo com a minha irmã, saboreando sua comida, conversando de forma natural e animada. Vejo também como seu rosto se ilumina quando ela sorri, o jeito que ela franze a testa quando está indecisa, a forma que seus lábios se fecham na colher coberta de doce, a língua dela limpando os lábios.

— Preciso fazer uma ligação, já volto. — Falo afastando a cadeira com um barulho estrondoso assustando as duas.

Não tem ligação nenhuma, eu precisava sair e limpar meus pensamentos, ela é uma mulher que está noiva, por mais que eu não goste do Bruno, não posso cobiçar a mulher dele, é falta de respeito com ela.

— Se ela fosse minha não estaria jantando com outro homem.

A chance de tê-la feito minha ficou de lado quando o senhor Duarte preferiu quebrar o nosso acordo, mas se houvesse uma chance de fazê-la minha eu faria sem hesitar.

****

Deixei a Barbara em sua casa e depois minha irmã, cheguei em minha cobertura e me servi de um copo de uísque, minha mente ainda revivendo o jantar de hoje.

— Pare de pensar nela Benício Castellani, foque no que é importante.

Me sirvo de mais uma dose e sigo para o meu escritório, ter reservado um tempo para jantar com a Lara, significa trabalhar no que adiei.

Ligo o computador, a luminária e deixo o resto do cômodo no escuro, na tela vejo os gráficos que solicitei a minha equipe, que aliás nem foi analisado por aquele idiota do Bruno e os acionistas que já se aliaram a ele. Eu preciso descobrir o que o Bruno prometeu a esses acionistas e me encontrar com os que ainda não foram alienados por ele.

Eu não intervi quando o meu avô acatou o rompimento por parte do senhor Duarte, o fato dele ter me deixado preparar a empresa para a fusão futura acalmou a avalanche de ódio que me possuiu pelo contratempo que o Bruno causou nos nossos planos.

Se eu tivesse me apresentado a ela antes, talvez o desfecho poderia ter sido outro, a família Duarte e a família Castellani teriam um casamento e uma fusão empresarial bem-sucedida, ainda que eu não fosse apaixonado pela Barbara eu poderia lhe dar um casamento tranquilo, eu trabalhando na empresa e ela seguindo seu sonho com o balé ao lado da minha irmã.

Ficar remoendo o que não aconteceu não adianta o plano agora é reunir o que puder para impedir que o Bruno boicote o acordo de fusão. É hora de descobrir tudo sobre da vida dele.

Eu evitei invadir a vida dele, a pedido do vovô que não permitiu que eu interferisse no que a Barbara queria, afinal ela recebeu a benção do senhor Duarte, não havia nada que eu pudesse fazer, em minha última conversa com ele, seu pedido foi claro. Ficar de olho na sua neta quando a fusão fosse concluída.

Para que isso possa acontecer e eu cumpra o seu desejo e o meu de ser CEO da maior indústria farmacêutica, após nossa fusão, eu preciso de mais informações que possam me ajudar.

Abro a tela do celular e procuro o contato que vai me ajudar com o que preciso.

Ela atende no primeiro toque.

— Nome? — Jane pergunta prontamente.

— Bruno Cavalcante.

A chamada é encerrada, desligo o computador e saio do escritório me sentindo mais leve, em alguns dias terei todas as informações que preciso para reverter a situação da fusão. 

Um Acordo de Vingança com o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora