Benício
Entramos no restaurante e somos direcionados para a sala reservada.
A Lara não sabe, mas eu não preciso fazer reserva aqui, eu sempre tenho um lugar disponível no restaurante.
O Bertolline pertence a Julie uma ex namorada, nos conhecemos quando estudei na Inglaterra, tivemos um término amigável, então quando ela resolveu vir para o Brasil eu a ajudei com o restaurante, com o talento dela eu sabia que seria um sucesso.
Comprovei isso ao ver o seu crescente sucesso nos últimos cinco anos.
— Quando estiverem prontos para pedir é se chamar. — O garçom deixa os cardápios e se afasta.
— Eu já sei o quero, não preciso olhar o cardápio, vou pedir a lasanha bolonhesa com fondutta de grana padano — Lara diz entregando o cardápio para Barbara. — Como é sua primeira vez, não tenha presa ao escolher, só saiba que aqui tudo é divinamente gostoso.
Meu olhar se prende no rosto da Barbara enquanto ela olha atenta o cardápio, percebo que ela franze a testa com sua indecisão.
— Tudo parece tão gostoso, não sei o que pedir, estou indecisa.
— Me mostra o que está em dúvida. — Lara se prontifica a ajudar.
— Esse Carré de cordeiro grelhado, encrostado com castanha de caju, acompanhado de risoto de hortelã ou a lasanha que você pediu.
— Pedi os dois. — Lara diz com um dar de ombros como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer.
— De forma alguma Lara, isso não seria certo. — Barbara fala como se a Lara tivesse sugerido que ela atesasse fogo no restaurante, — e os pratos nem combinam.
— Você pode pedir quantos pratos quiser Barbara, — falo tentando mostrar que ela não precisa se preocupar com algo bobo como esse.
— Vou ficar com a primeira opção, — ela decide desviando seu olhar do meu, chamo o garçom — posso provar a lasanha quando vier com o Bruno.
A menção dele faz o ar ao redor ficar mais pesado.
— Você falou com seu amigo sobre a reserva do Goldenroad? — Lara me salva de deixar a raiva eminente de tomar conta do jantar.
— Falei com ele hoje, tudo que você quiser estará disponível.
— Você é o melhor irmão do mundo, — Lara se levanta e me dá um beijo na bochecha.
— Sou o único que você tem. — Acostumado com essa demonstração de afeto da Lara, nem me movo enquanto ela faz o que quer.
Uma leve risada captou o meu olhar. Barbara nos olha com um brilho no olhar que ao mesmo tempo refletia uma sombra solitária.
— Vocês parecem ser unidos. — Ela diz com uma ponta de tristeza na voz.
— Eu tento fazer sua expressão sair de completo desprezo pelo mundo, — ela olha para a minha irmã que fala com naturalidade sobre mim — para algo meio, eu odeio todo mundo, mas consigo viver sem matar ninguém que cruze meu caminho.
Dessa vez as duas riem livremente na minha frente.
— Eu sou a pessoa normal da família, o Benício é mais parecido como nosso avô.
— Posso cancelar a sua festa com um telefonema. — Provoco com a voz firme.
— Você não ousaria Benício Castellani. — Sua voz imprime desafio com a ameaça que fiz, nós dois sabemos que eu não faria isso.
— Aproveitando que você está aqui Barbara, já adianto que farei minha festa de aniversário no Goldenroad, e conto com a sua presença.
— Claro, eu prometo que irei. — Sua resposta não corresponde com o tom e a expressão em seu rosto, foi vacilante, ela respondeu apenas o que minha irmã queria ouvir.
— Você pode levar seu noivo se ele estiver livre. — Lara parece ter sentido a incerteza na voz de Barbara e adicionou a pessoa que ela sabe que a fará ir à festa.
Nossos pratos chegam, alívio toma conta de mim por não ser mais o centro do assunto.
— Eu não acredito que não vim aqui antes, — Barbara fala após limpar o seu prato de uma forma nada elegante.
— Você precisa provar a sobremesa daqui, vou pedir para nós duas e eu garanto que você nunca comeu nada igual em sua vida. — Lara pede as duas sobremesas, o olhar da Barbara é de expectativa e vejo um lampejo de felicidade que não estava aí quando chegamos.
Essa é a primeira vez que estou tão perto dela, posso vê-la relaxada, rindo com a minha irmã, saboreando sua comida, conversando de forma natural e animada. Vejo também como seu rosto se ilumina quando ela sorri, o jeito que ela franze a testa quando está indecisa, a forma que seus lábios se fecham na colher coberta de doce, a língua dela limpando os lábios.
— Preciso fazer uma ligação, já volto. — Falo afastando a cadeira com um barulho estrondoso assustando as duas.
Não tem ligação nenhuma, eu precisava sair e limpar meus pensamentos, ela é uma mulher que está noiva, por mais que eu não goste do Bruno, não posso cobiçar a mulher dele, é falta de respeito com ela.
— Se ela fosse minha não estaria jantando com outro homem.
A chance de tê-la feito minha ficou de lado quando o senhor Duarte preferiu quebrar o nosso acordo, mas se houvesse uma chance de fazê-la minha eu faria sem hesitar.
****
Deixei a Barbara em sua casa e depois minha irmã, cheguei em minha cobertura e me servi de um copo de uísque, minha mente ainda revivendo o jantar de hoje.
— Pare de pensar nela Benício Castellani, foque no que é importante.
Me sirvo de mais uma dose e sigo para o meu escritório, ter reservado um tempo para jantar com a Lara, significa trabalhar no que adiei.
Ligo o computador, a luminária e deixo o resto do cômodo no escuro, na tela vejo os gráficos que solicitei a minha equipe, que aliás nem foi analisado por aquele idiota do Bruno e os acionistas que já se aliaram a ele. Eu preciso descobrir o que o Bruno prometeu a esses acionistas e me encontrar com os que ainda não foram alienados por ele.
Eu não intervi quando o meu avô acatou o rompimento por parte do senhor Duarte, o fato dele ter me deixado preparar a empresa para a fusão futura acalmou a avalanche de ódio que me possuiu pelo contratempo que o Bruno causou nos nossos planos.
Se eu tivesse me apresentado a ela antes, talvez o desfecho poderia ter sido outro, a família Duarte e a família Castellani teriam um casamento e uma fusão empresarial bem-sucedida, ainda que eu não fosse apaixonado pela Barbara eu poderia lhe dar um casamento tranquilo, eu trabalhando na empresa e ela seguindo seu sonho com o balé ao lado da minha irmã.
Ficar remoendo o que não aconteceu não adianta o plano agora é reunir o que puder para impedir que o Bruno boicote o acordo de fusão. É hora de descobrir tudo sobre da vida dele.
Eu evitei invadir a vida dele, a pedido do vovô que não permitiu que eu interferisse no que a Barbara queria, afinal ela recebeu a benção do senhor Duarte, não havia nada que eu pudesse fazer, em minha última conversa com ele, seu pedido foi claro. Ficar de olho na sua neta quando a fusão fosse concluída.
Para que isso possa acontecer e eu cumpra o seu desejo e o meu de ser CEO da maior indústria farmacêutica, após nossa fusão, eu preciso de mais informações que possam me ajudar.
Abro a tela do celular e procuro o contato que vai me ajudar com o que preciso.
Ela atende no primeiro toque.
— Nome? — Jane pergunta prontamente.
— Bruno Cavalcante.
A chamada é encerrada, desligo o computador e saio do escritório me sentindo mais leve, em alguns dias terei todas as informações que preciso para reverter a situação da fusão.
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Um Acordo de Vingança com o CEO
RomanceBarbara, ao descobrir a traição de seu noivo Bruno com sua melhor amiga, fica arrasada. Em um ato de revanche, ela opta por se casar com Benicio, não apenas como uma forma de punição pelas mentiras e infidelidade de Bruno, mas também como uma estra...