CAPÍTULO 3 - KNIGHT

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O desconhecido é o território dos amantes.
- Deepak Chopra

Cavalheiro

Caminhando humanamente pela casa, Midori admirava a mobília luxuosa, assim como livros, pinturas, esculturas e artefatos muitíssimos antigos. Também haviam quartos, pelo menos, uns dezesseis, mas ela não adentrou em nenhum, mas entrou tanto na sala de música quanto na biblioteca, um tempo depois.

Na biblioteca, olhou a lombada de livro por livro, dezenas deles de épocas passadas, entretanto, interessou-se por uma leitura mais atual, mais ou menos - se 1897 era considerado um ano recente para alguns.

Drácula, de Bram Stoker.

Ela pulou e pegou o livro no meio da última prateleira e o folheou levemente, sentido o cheiro de suas páginas conservadas. Passou os dedos na capa e em suas insígnias douradas.

Ela se sentou na poltrona azul marinho que estava próximo a janela, que dava luz solar. Não que ela precisasse se sentar, e não que ela precisasse de luz para ver melhor.

Começou a ler.

Para Hommy-Beg por sua estimada amizade.

Virou a folha.

Capítulo 1

DIÁRIO DE JONATHAN HARKER (TAQUIGRAFADO)

3 de maio. Bistrita - Parti de Munique às 8h35 da noite, no dia 1º de maio, e cheguei a Viena no dia seguinte, de manhã cedo; deveria ter chegado às 6h46, mas o trem atrasou uma hora. Budapeste parece um lugar maravilhoso, pela vista rápida que tive do trem e pelo pouco que pude andar pelas ruas. Tive um certo receio de me afastar muito da estação, pois chegamos atrasados e, na medida do possível, partiríamos na hora certa. A impressão que tive foi a de estar deixando o Ocidente e entrando no Oriente; das esplèndidas pontes sobre o Danúbio, que aqui é bastante largo e profundo, a que fica mais a oeste levou-nos até o domínio dos turcos, com seus costumes e tradições.

Partimos quase na hora certa, e chegamos a Klausenburgo após o cair da noite. Passei a noite naquela cidade, no Hotel Royale. Ali jantei, ou melhor, ceei galinha preparada com pimenta vermelha, e o prato estava ótimo, embora desse muita sede. (Nota: conseguir a receita para Mina.) Perguntei ao garçom, e ele disse que se chamava

Olhou para a outra página.

paprika hendl; a receita, por tratar-se de um prato típico do país, eu poderia conseguir em qualquer lugar nas proximidades dos Cárpatos. Minhas noções superficiais de alemão se tornaram muito úteis aqui; na verdade, não sei como me arranjaria sem elas.

Como tinha algum tempo livre quando estava em Londres, visitara o Museu Britânico, e consultara, na biblioteca, os livros e os mapas referentes à Transilvânia. Ocorrera-me que algum conhecimento prévio sobre a região provavelmente me seria útil para lidar com um nobre do local. Descobri que o distrito por ele mencionado fica no extremo leste do país, na fronteira de três estados Transilvânia, Moldávia e Bucovina, no meio dos montes Cárpatos. Trata-se de um dos lugares mais inóspitos e menos conhecidos da Europa. Não consegui descobrir através dos mapas e livros a localização exata do Castelo Drácula, pois ainda não há mapas dessa região comparáveis aos nossos; descobri que Bistrita, a cidade de distribuição de correspondência da região, mencionada pelo conde Drácula, é um lugar bastante conhecido. Registrarei aqui algumas de minhas anotações, pois podem me refrescar a memória quando conversar com Mina sobre minhas viagens.

A população da Transilvânia se compõe de quatro nacionalidades distintas: os saxões ao sul, junto com os valáquios, descendentes dos dácios; os magiares a oeste; e os szeklers a leste e norte. Dirijo-me para o meio destes últimos, que alegam descender de Átila e dos hunos. Talvez isso seja verdade, pois quando os magiares conquistaram a região, no século XI, encontraram os hunos ali estabelecidos. ...

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