CAPÍTULO 6 - DREAMER

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A natureza não faz nada em vão.
- Aristóteles

Sonhadora

A Clearwater arriscou sua própria vida por amor naquele dia, três dias depois do despertar de Charlie, quando cruzou o caminho do recém-criado. Ela tinha os dedos levemente estendidos, em movimentos mesclos de incerteza e desejo. Ela desejava abraçá-lo, beijá-lo e matar sua saudade. Naquela tarde, naquela mesma ocasião, Charlie sorriu de lado e antes que percebesse, já havia largado o controle remoto da televisão e estava abraçando Sue genuinamente.

Quando se tratava de Charlie, tudo era novo. Ele não sentia sede, comia qualquer coisa, vivia como um ser humano comum. Mesmo sendo incrivelmente rápido, agia como simples ser humano, sem precisar controlar sua velocidade, força ou postura. Sua mudança mais marcante? Ele tinha olhos assustadoramente cativantes em um tom de vermelho intenso, sua pele tornara-se mais clara, sem rugas nem manchas, sem o fluxo de sangue nas veias, seus cabelos adquiriram a cor de chocolate, sem nenhum fio branco. Não haviam "imperfeições".

Charlie representava a perfeição máxima. Uma mistura entre humano e vampiro, captando o melhor de cada espécie. No entanto, apesar de todos os seus atributos, ele continuava sendo um mistério completo e inspirava medo nos corações daqueles que esperavam que ele permanecesse vivo e bem. O futuro era sombrio, com inúmeros caminhos, escolhas e o desconhecido à frente.

Ele personificava a perfeição, mas também era a personificação do desconhecido.

Quatro dias depois, naquela manhã atípica onde o sol brilhava em lindos tons e aquecia os moradores de Forks, Emmett acabara de ser derrotado numa queda de braços.

Sinceramente, Charlie não gostava de ser o centro das atenções. Ele odiava parecer exibicionista, mas ao longo daquela semana ele foi persistemente instigado por Emmett, que queria ver o quanto Charlie era forte.

O grandalhão foi rapidamente superado em um instante. Charlie era notável, seja por sua experiência como servidor público na aplicação da lei ou por qualquer outra razão.

Mas isso não desfez o sorriso vencedor dos lábios do brutamonte. Emmett gargalhava, feliz e extasiado.

— Sua vez. – Emmett apontou para Bella.

A morena curvou as sobrancelhas, confusa, e quando se deu conta, sorriu maliciosamente.

Charlie puxou o ar com força quando sua filha se aproximou, pondo o cotovelo como apoio para seu braço.

— Não. – ele disse.

— Sim. – Emmett rebateu.

— Não.

— Tá com medinho dessa coisinha minúscula aí? – Emmett zombou, com desdém. Bella mantinha o olhar fixo no pai, esperando por aquele desafio.

— Você não vai usar a psicologia reversa comigo novamente, Cullen. – Charlie avisou, ameaçador. Emmett deu dois passos para trás, em busca de alguma segurança, mas ainda tinha seu típico sorriso zombador e atiçador em seu rosto.

— Vamos logo, pai. – Isabella pediu. Incrédulo, Charlie lhe olhou horrorizado.

— Não.

— Sim. Vamos logo, pai. – ela repetiu.

Ele suspirou, derrotado. Como diria não à sua filha?

Mesmo depois de ser derrotado em uma queda de braço tão rápida, Emmett não se desanimou; ele estava entusiasmado em ver pai e filha competindo e não havia tempo para lamentações.

"A disputa do século" começou. Os braços de Bella e Charlie flexionaram em uma dança de força, onde Bella aguentava a pressão alucinante do poder físico de Charlie.

Midori & JasperOnde histórias criam vida. Descubra agora