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Emma

Já tem quase uma hora que a reunião do grupo de apoio acabou, e o Javier está quase aos berros falando no celular com uma tia dele.

- Amor, como está se sentindo com tudo isso? - Perguntei a Jenna.

- Um misto de sensações. Por um lado é estranho, nunca pensei em ter um pai, e por outro lado agora não estou mais sozinha no mundo.

- Você não tinha o direito de me esconder isso, tia. - Javier gritou. - Tem noção que eu deixei a Natalie grávida sozinha, eu não vi minha filha crescer, não vi andar, falar, ter os primeiros dentinhos.

- Ele está muito bravo. - Comentei.

- Eu não acho justo terem omitido a gravidez dele.

- Não queria atrapalhar meu tratamento? - Javier começou a chorar. - Eu não vi minha filha nascer, e não me despedi do amor da minha vida.

Ele desligou a chamada e jogou o celular no sofá.

- Você é minha filha. - Javier veio até a Jenna. - Minha tia confirmou que  Natalie estava esperando um filho meu. Me desculpa.

- Não sei o que dizer. - Jenna falou. - Não tem que pedir desculpas.

- Tenho, eu tinha meus vícios, e perdi o amor da minha vida, perdi sua infância. Eu não cuidei de você como deveria.

- Você não sabia, não teve culpa.

- Eu poderia ter cuidado de você. - Ele abraçou a Jenna e deu um beijo na cabeça dela. - Eu poderia ter te protegido. Eu não estava perto de você quando te fizeram mal.

- Não fique assim, Javier. - Falei. - Agora você tem a Jenna, pensa daqui pra frente. Não to dizendo que vocês vão criar uma relação de pai e filha do dia pra noite, mas podem construir juntos.

- Você tem razão, Emma. - Javier me olhou. - Obrigado por ser o anjo da Guarda da minha filha. Eu prometo que vou ser um bom pai, que de agora em diante vou cuidar de você, vou fazer o possível e o impossível pra te ajudar a sair desse vício.

- Sobre isso, estamos procurando uma... - falei por alto.

- Conheço algumas, se quiserem minha ajuda. - Javier se Disponilizou.

- Amanhã conversamos sobre isso.

- Ok.

- Vamos, Emma. - Jenna falou.

- Você tem onde ficar? - Javier perguntou.

- Estou ficando na casa da Emma.

- Tudo bem, se precisar me ligue, minha casa está a sua disposição.

- Obrigada.

Jenna se despediu do Javier e então seguimos para o meu apartamento, o caminho todo foi no silêncio absoluto.

Quando chegamos, Jenna foi tomar banho, enquanto preparei chocolate quente.

- É estranha a sensação de ter um pai. - Jenna comentou chegando na cozinha.

- Bom, eu amo meu pai, embora ele e minha família inteira seja super protetora. As vezes fico cansada deles.

- Não me cansaria da minha mãe. E bom, agora o Javier chegou. Ele é bem legal.

- Eu sou mais velha que a Isabel, mas todos me tratam como caçula, isso me deixa irrita. Sou adulta, cumpro com meus deveres, eles não deveriam se importar tanto.

- Eles só querem seu bem. E acho que é isso que o Javier quer, o meu bem. Amanhã quando ele nos procurar, vamos a clínica, para me internar o quanto antes.

- Fico feliz de ouvir isso, amor. - Dei um selinho nela.

Abstinência De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora