12. A Alma do Poeta

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A Alma do Poeta

No silêncio desse quarto minha alma grita,
Grita pela dor;
Grita pelo horror;
Grita pelo amor;
Grita em clamor:

Por que? Por que me destrui?
Por que deixei que me machucassem?
Por que suas palavras foram facadas?
Onde? Em meu coração...

Por que fui massacrada pelo julgamento alheio?
Por que não consigo me amar?
Por que não me vejo sendo amada?
Por que sou tão, mas tão injusta comigo?

Dizem-me tanto que sou bonita,
Inteligente e especial,
Então "Por quê",
Por que minha alma continua à gritar?
Ela grita fortemente:

Por que não consigo me ver assim?
Por que sinto que terei um final feliz?
Por que tudo me parece mentira?
Uma falsa ideologia...

A minha alma já sufocada,
Cansada, exausta
Tenta respirar...

Por que? Será que não sou suficiente?
Por que minhas lágrimas não saem mais?
Eles me veem bem,
Ajudando e me enturmando...

Na realidade a minha alma já não sente nada,
O tal do piloto automático assumiu o controle.
"Faça isso, faça aquilo"...
Escrava da monotonia,
Um robozinho treinado.

A alma sentimental do poeta já não mais existe,
Ela está presa em um cubo de metal,
Este que a impede se sentir,
Pensar, falar, se expressar...
Ela somente segue ordens,
Ainda que estas a façam se deteriorar.

A alma está solitária, isolada;
Em luta pelos sentimentos que perdeu.
A alma que esteve rodeada de pessoas
Já não é mais sociável,
Ela tornou-se uma com a solidão,
Com a escuridão,
Como vazio que preenche meu coração.

A minha alma de poeta está morta.
Mas essa notícia não precisou sair em revistas, jornais ou redes sociais...
Ela morreu quando percebeu, notou
Que nunca seria capaz de livrar-se:
Livrar-se da dor;
Livrar-se do mal;
Livrar-se de si;
Livrar-se de seu lado maligno.

Seu lado obscuro a fez crer que tudo,
Tudo que lhe disseram eram belas mentiras.
A verdade a machucou?
A enganou? Nem mesmo ela sabe...

Abro a porta do quarto escuro em busca da luz.
Não encontro nada,
Logo chego a conclusão...

Que em luto a alma desse poeta esta,
Ela espera algum dia voltar a acreditar em si,
Em sonhar, em se expressar;
Em sua arte;
Em sua beleza
E em seus sentimentos mais profundos.

Torcendo que estes sejam sua salvação,
Neste cubo sem emoção
Que a afunda mais e mais num exílio
Sem ter liberdade de expressão.

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