22. Fogaréu de Liberdade

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Fogaréu de Liberdade

Liberdade 
Ô aclamada liberdade 
Como hei de ser livre?
Tão preso pelos olhares,
Pelos julgamentos silenciosos,
E os murmúrios nada discretos.
Devo optar por um fim?

Tenho uma caixinha de fósforo
E alguns galhos amontoados,
Molhados em combustível,
Risco um dos palitos e jogo no monte de madeiras.

Da chama surge o fogo,
Queima tudo, 
Quem eu era é sucumbido a ela,
Assisto as chamas aumentarem,
Ela se espalha.

Queima mais do que já fui,
As cinzas sobrevoam a fumaça sem rumo,
A chama ainda não se apagou,
Ela apenas diminuiu.

Me vejo num espelho invisível,
Consigo imaginar como estou…
Rosto, braços e roupas manchados das cinzas encarando o abismo através do fogo,
Assim estou.

Quem vê deve me achar louco,
Nesse fogo está todos os meus problemas,
Queimei tudo,
Encaro com um sorriso ladino
Que se reflete nas luz das chamas.

É isso que preciso,
Dou as costas a fogueira,
Deixando as angústias e ignorâncias para serem queimadas pelas chamas dela.

Se sou livre para fazer o que quiser,
Minhas escolhas me condenam.
Não existe tamanha liberdade,
Do que se libertar ao escrever em um papel o que lhe incomoda e jogar as chamas para ser dilacerado.

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