Capítulo 6 - Loja

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— Queda?! — Acabei optando por disfarçar, fazendo o que sei fazer de melhor: atuar.

Finji uma longa gargalhada, com risos altos ecoando pela praça, enquanto esfregava suavemente um dedo no meu olho, olhando para Marcely.

Ela parecia confusa, sem entender o motivo da minha súbita mudança de humor. Aos poucos, eu tentava parar a risada de forma natural para que ela acreditasse na minha atuação.

— O-okay... não esperava por essa... deixa eu me recuperar aqui. — Disse, ajeitando minha respiração. Me sentei no banco e a olhei, vendo sua expressão.

Seu olhar estava sem jeito, e Marcely parecia estar mexendo em seu ombro esquerdo, demonstrando um leve desconforto. Parecia que minha atuação de alguma forma fez com que ela pensasse que estava errada sobre tais pensamentos.

— A única coisa que tem no máximo é amizade e admiração! Sou uma pessoa com pouca força de vontade e bem preguiçosa, enquanto Elane é o oposto. Ela brilha de uma forma... como posso dizer... que é difícil não olhar, é quase como os primeiros raios de sol após uma tempestade. — Um longo bocejo escapou da minha boca, enquanto meus olhos subiam em direção ao céu, admirando a bela visão das nuvens brancas em meio à vastidão azul.

— Seria algo assim, olha! Eu seria apenas uma nuvem levada pela fraca brisa do vento, e Elane o sol, brilhando o tempo todo no céu, iluminando o caminho em meio à escuridão... credo... ando lendo poesias demais, esquece. — Balanceei a cabeça, mudando de assunto após me perder em analogias e sentimentos mais uma vez.

— E a senhorita? O que faz aqui no parque, passeando sozinha ou esperando alguém? Na real não me interessa, esquece, tenho que ir, até outro dia. — Percebendo que poderia me prender ainda mais tempo em uma conversa à qual eu não gostaria, acabei me despedindo.

Marcely demonstrou uma expressão estranha em seu rosto. Ela parecia irritada por eu sair tão subitamente; seus lábios se moviam lentamente, proferindo algumas palavras que não consegui ouvir, pois já estava longe demais nesse momento.

A velocidade desse corpo é algo ao qual ainda não me acostumei direito. Sua estamina e força não eram grandes coisas, porém seus reflexos, agilidade e arrancada eram incríveis.

O peso era leve e faltavam alguns músculos, mas tudo isso podia ser treinado com facilidade.

O entardecer logo chegava; o horário já estava por volta das cinco da tarde. Lentamente anoitecia enquanto corria até minha casa. Isso mesmo, hora de parar de usar portais à toa e treinar um pouco esse corpo.

Não demorou muito, cheguei em casa e fui direto ao banho. Meu corpo estava suado, ofegante e todo avermelhado. A rotina de hoje acabou sendo um pouco demais para meu atual físico, mas me fez entender o limite do meu corpo atual.

Desliguei o chuveiro assim que estava prestes a sair do banho, mas meu corpo travou. O calor que sentia enquanto tomava banho se dissipou rapidamente, e meus membros começaram a pulsar enquanto me movia com dificuldade até a toalha. Todo o exercício, mesmo com alongamentos, cansou meus músculos, que não estavam acostumados com esse tipo de esforço.

Não sei como, mas consegui me secar e trocar de roupa, vestindo um pijama. Achei meu caminho até a cama e acabei capotando em um sono profundo sem nem perceber.

Acordei na manhã seguinte com meu telefone tocando. Ainda sentia um pouco de dor no corpo, mas boa parte já se recuperara de alguma forma.

"Alô, Funerária sem Via, onde sua morte é nossa Alegria! Quem fala?" Acordei com um pouco de mau humor e decidi pregar uma peça no número desconhecido que me ligou, provavelmente seria a Elane, afinal, era a única pessoa que tinha meu número e não estava registrada nos meus contatos.

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⏰ Última atualização: Apr 01 ⏰

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