Segundo Capítulo: O Alfa Alexander

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Oorun yoo tun tan

A chuva de outono estava incessante, o dia era gelado e assim estava o coração de Ayo. Seu peito pesava em tristeza e luto, já havia passado uma semana da morte de Akin e dois meses desde a visita de Alexander. "Ele até que aguentou muito" ela pensava consigo mesma, a cerimônia fúnebre ocorreu no mesmo dia em que ele partirá. Ele que sempre tinha sido um homem grande e robusto tinha se tornado magro, mas parecia calmo como sempre. A sogra ajudou com os preparativos e agora arrumava a nora para o omije ẹjẹ, no qual o cabelo longo de Ayo seria raspado e ela passaria pela purificação para completar a viuvez.

- Lembro quando vocês dois eram apenas crianças correndo pelo vilarejo. Sua mãe sempre disse que vocês iriam se casar e ter muitos filhos. Quem diria que seria tudo tão diferente, pelo menos ela não está aqui para ver o desfecho da história.

Ela ajudava a mais jovem a se lavar na banheira, a água era morna e fazia a garota se arrepiar um pouco pelo frio da estação. Os cabelos soltos sendo lavados e perfumados, esfregados e penteados.

- Eles devem se encontrar no paraíso, mamãe há de me perdoar por não poder realizar seu sonho.

- Não é culpa sua. Akin sempre pareceu tão frágil, era grande, mas parecia feito de porcelana. Quando vocês se arrebentavam por aí, ele sempre era quem chorava mais.

Elas riram nostálgicas.

- Ele era meu melhor amigo, mais do que meu marido.

- Ele te amava muito.

- Eu o amava muito também.

- Só uma pena ele não ter te mordido, isso pode ser um problema pra você depois.

- Não quero pensar nisso. - Ela afunda na água, sentindo o corpo ser coberto e relaxando sob tudo o que estava passando.

- Você não precisava cumprir com o omije ẹjẹ, sem a mordida não é necessário.

Mas ela não ouviu com clareza as palavras da mais velha, a sogra era muito próxima de uma mãe, mas uma mãe que está olhando os filhos de longe, ela normalmente visitava o filho e a nora algumas vezes, mas pela idade e as próprias responsabilidades ficava impossibilitada de fazer mais. Tinha quatro filhos e o marido, além disso trabalhava muito como costureira.

Ayo saiu da água e olhou para os dedos enrugados, tocou os calos das mãos de trabalhadora do campo.

- Case de novo. - Ela olha em espanto para a mais velha. - Fique com alguém que te dê muitos filhos e cuide para que suas mãos nunca mais tenham calos. - Ela pega na mão da nora.

- Mas Akin-

- Já estava morto há muito tempo, e lutamos tanto por ele, e choramos tanto.

- Eu não consigo pensar em nada disso, minha mente está nublada. Eu não me casei para casar de novo.

- Lembro que quando você era menina veio uma caravana aqui, junto com ela estrangeiros não-lobos que trouxeram entretenimento por alguns dias antes de partirem, se chamavam romani. Você não deve se lembrar, mas alguns sabiam ler o destino pelas mãos, eu sei que uma mulher leu sua mão porque sua mãe me contou.

- Eu era muito nova, não me lembro bem o que ela disse.

- Disse que seu destino tinha dois amores, dois homens e dois caminhos.

- Eu não acredito nessas coisas.

- Mas acredite em você! Você é linda e jovem, pode ter certeza que os pretendentes logo virão.

- Akin acabou de morrer! A casa ainda cheira a ele, nada parece igual. - Ela começa a chorar. - Por quê? Por que meu coração tem que se quebrar dessa forma? Primeiro minha mãe, depois meu pai e agora... O homem com quem me casei. Nada fica, por que eu iria casar? Ter filhotes? Não importa! Já não importa. - Ela limpa em vão as lágrimas traiçoeiras.

O Alfa Alexander - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora