Preso aqui

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Mais um dia se passou, nada para fazer aqui e eu não posso andar muito pelo palácio. Então eu fiquei no quarto pensando em soluções para sair daqui e depois tentei compor algo. Essas penas são um saco, minha letra fica horrorosa e mancha muito fácil.

Sem a companhia de Pedro, tive que conversar com uma das servas. Não que eu tivesse algum preconceito, longe disso, mas ela é um pouco calada, acho que é uma regra. Não conversar com ninguém da família real, apenas o necessário. Mas eu não sou da família, sou só um hóspede temporário.

— Então... Você trabalha há muito tempo aqui? – Pergunto para a garota loira que arrumava o meu quarto.

— Eu cheguei esse ano, senhor. - Responde e fica um silêncio depois.

— Qual é o seu nome? – Tento puxar assunto novamente.

— Amélia... – Responde com a voz baixa.

— Garota, eu tô tentando manter um diálogo aqui! Pergunta meu nome também. – Reclamo, revirando os olhos.

— Senhor, eu não sou permitida falar com os hóspedes, somente se for necessário. – Fala de cabeça baixa.

— Que se foda as regras! Eu tô entediado e quero conversar. Você parece ser legal e nós poderíamos ser amigos enquanto eu estiver aqui. – Proponho.

— É que... – Ela é interrompida por batidas na porta. Amélia vai abrir e arregala os olhos, fazendo uma reverência. É Pedro!

— Pedro! – Vou animado até a porta. Finalmente alguém para conversar.

— Boa tarde, Jão! – Me cumprimenta, com a postura elegante dele e as mãos atrás das costas. Amélia já sumiu dentro do meu quarto e eu presto total atenção nele.

— Vem, entra! – Puxo ele para dentro do quarto, que fica envergonhado por causa de Amélia. – Amiga, você pode sair! – Falo para zoar e ela arregala os olhos assustada, sem entender. Mas ela sai, fazendo uma reverência – Eu e ela viramos super amigos!

— Amigos? – Levanta uma sobrancelha. – Ahh... Que bom que você está fazendo amigos!

— É... Mas não vou ficar muito tempo, você sabe! – Falo – Mas então, vamos na mansão hoje?

— Já pedi para prepararem a carruagem. – Sorri, eu acho legal que ele é um príncipe, herdeiro do trono e mesmo assim tem um bom coração. Ele nunca manda, ele sempre pede e é educado com todos os criados. Isso é bonito!

— Eu nunca andei de carruagem. – Me animo, arrumando a minha roupa. Esses ternos estranhos do século XIX! Saudades da minha calça jeans, meu all star e meu moletom. Ah, e meu boné, meus anéis e meus brincos.

A roupa que eu vim para esse tempo é mais de festa, então sinto falta de roupas confortáveis.

— Seu colarinho está desarrumado. – Avisa e se aproxima para ajustar. Ele está perigosamente perto, preciso me controlar, aqui são outros tempos.

Respiro pesado e ele sobe o olhar para os meus olhos, ficando muito tempo olhando para eles. Se dá por conta de algo e se afasta. Coço a garganta e sorrio nervoso.

— Vamos? – Pergunto e ele confirma, saindo do quarto. Vou atrás dele, com o meu celular em mãos. Eu tinha o print do endereço nele e eu não sei como, mas ele ainda não acabou a bateria. E é um iPhone, o que é estranho!

Vamos até a frente do palácio e Pedro coloca um chapéu. Uau! Que chique! Entramos na carruagem e caraca, isso é muito legal! Eu olhava encantado pela janela da carruagem, Rio de Janeiro está diferente. Não há carros, não há ônibus vermelhos, não há motos.

Alinhamento Milenar (Pejão)Onde histórias criam vida. Descubra agora