Alinhamento Milenar (Pejão)

por que isso me incomoda?

Estou animado! Apesar de ainda estar preso aqui e depois de uma semana não ter achado uma saída, eu tenho ficado mais próximo de Pedro. Ele se tornou um grande amigo e aliado! Me ajuda sempre e é muito legal! Conversamos sobre tudo, eu contando sobre 2024 e ele me contando sobre 1878.

Montei uma playlist de banho, tipo, eu canto, mas é quase como se eu realmente estivesse ouvindo a música. Escrevi todas as minhas músicas preferidas num papel e deixo do lado da banheira para cantar enquanto tomo banho. Só falta o chuveiro para ficar perfeito.

Estava cantando Taylor Swift, You Need To Calm Down para ser mais específico. Já tinha terminado o meu banho e estava vestido, arrumando meu cabelo na frente do espelho.

— Like, can you just not step on our gowns? You need to calm down – Finalizo fazendo uma pose, rindo da minha performance, mas quando me viro vejo Pedro me olhando surpreso, a minha única vontade era cavar um buraco pra me esconder. Ele tenta segurar o riso e eu fico vermelho.

— É assim que vocês fazem shows no futuro? – Pergunta e não consegue se segurar, começando a rir.

— Ahh, é que... – Fico sem argumentos. – Vem cá, você não bate na porta antes de entrar?

— Eu bati, mas você estava muito ocupado cantando essa música. É sua?

— Não... É de uma cantora americana que eu gosto.

— Legal! – Se senta na cadeira. – Quero escutar alguma sua, pode cantar?

Pego a minha lista e escolho alguma música. Algo que não fale sobre sexo, drogas ou meninos.

Acho Tempos de Glória e resolvo cantar essa. É leve, é romântica e pensando bem até combina com o momento! Sem violão é dificil, mas eu improviso, fazendo batidas com as mãos e pés para entrar no ritmo.

Durante toda a música, fico olhando para seus olhos, me perdendo em seu castanho. Ele parece gostar da música e me olha admirado. Eu sei que tenho talento!

— Uau! Essa música é linda! E a sua voz é ótima! – Me enche de elogios assim que termino. Sorrio tímido e agradeço.

— Então, quais são os planos para hoje? – Pergunto, me sentando na cadeira ao lado dele.

— Acabei de receber a notícia que a "minha noiva" está vindo para cá. – Fala e se deita na mesa, como fizemos aquela vez.

— É uma oportunidade de vocês se conhecerem. – Por que eu estou incomodado com isso?

— Eu não quero me casar! – Resmunga abafado, por estar deitado.

— Existem padrinhos? – Pergunto e ele levanta a cabeça para assentir. – Se eu ainda estiver nesse tempo, eu quero ser o seu.

Pedro ri e concorda.

— Eu sei que ela é uma moça boa, mas a gente não deveria se casar com quem ama? – Ele olha no fundo dos meus olhos.

— No século XXI, as pessoas não são obrigadas a se casarem, pelo menos não é uma tradição. Geralmente é por amor. – Respondo, olhando na mesma intensidade para ele.

— Eu queria viver no seu século! – Quebra o olhar e abaixa a cabeça de novo. Eu pisco os olhos e volto a realidade, é dificil prestar atenção ao lado dele.

— Eu sinto falta de ser eu mesmo! – Comento. – Eu não posso usar o meu estilo aqui, não posso beijar... - Pauso e ele levanta a cabeça novamente.

— Beijar?

— Nada! – Tento mudar de assunto. – Eu acho que a coisa que eu mais sinto falta, é um pouco idiota, mas de uma pizza, com o queijo derretendo. – Faço uma cara de prazer só em lembrar.