CASSIUS WRAITH
Maldita fêmea.
Posso ver a sede de sangue em seus olhos. Passei o dia inteiro observando cada mínimo movimento seu. As sombras sussurram incessantemente ao meu redor, inquietas, mas suas palavras são incompreensíveis. É quase como se, ao piscar, ela fosse desaparecer diante dos meus olhos. Ainda não a tenho por completo... Ainda não.
O miserável à minha frente cospe sangue no chão e solta uma risada seca. Encaro seus olhos, vendo o medo neles, e aprecio a sensação que isso me traz. Faço um sinal para que Tristan acerte outro soco no abdômen da criatura à nossa frente.
— A sua parceira sabe da sua crueldade, ser das sombras? — ele range os dentes ao falar. — Tenho certeza de que, quando ela souber, irá odiar você.
Levanto-me da cadeira, parando de frente para ele antes de agarrá-lo pelo pescoço. Seus olhos se arregalam, apavorados, enquanto sua respiração se torna cada vez mais lenta, mesmo eu não apertando com muita força. Um fracote patético.
— Ele já está morto, Cassius...
Solto o pescoço mole da criatura e empurro a cadeira em que ele está amarrado, agora sem vida. — Livre-se do corpo. — Tristan revira os olhos enquanto desamarra as mãos do cadáver.
— Ele não era uma criatura tão ruim. Vamos ficar sem homens para a guerra se você decidir matar todos.
— Uma morte merecida foi o que ele teve — respondo, pegando uma garrafa de água e lavando minhas mãos. — Tive minhas razões para matá-lo.
— Qual? — Tristan ri com desdém. — Ele respirou o mesmo ar que Elysia? Você está lembrando o tio Hael... E isso não é bom, e eu sei que você sabe.
— Não confunda as coisas, Tristan! Sempre matei aqueles que merecem.
— Acho que você merece também. — Ele sussurra, mas alto o suficiente para que eu ouça.
Aproximo-me dele e dou um tapa em sua cabeça, fazendo-o fazer uma careta. Tenho que controlar a vontade de rir.
— Você tem razão, mas ninguém foi forte o suficiente para me matar ainda, querido primo. — Saio da casa abandonada na vila, ouvindo seus passos atrás de mim. — Lembre-se, eu sou Cassius Wraith, não qualquer um.
— Seu ego é do tamanho do mar — ele passa por mim, fazendo questão de trombar no meu ombro. — Não vejo o fim dele.
No fim da tarde, todos estão em volta da fogueira. Tristan, com suas piadas sem graça, mesmo assim arranca risadas de todos. Elysia nem olha nos meus olhos, coberta de segredos, o que me deixa frustrado. Gostaria de ler todos os seus pensamentos em vez de tentar adivinhá-los. A mente é inimiga e cria as piores hipóteses possíveis. Pela primeira vez no dia, entendo uma palavra das sombras:
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Trono de Sombras e Prata
FantasiVivendo no setor mais pobre, sozinha, até que a esperança surge em um lugar inusitado, fugindo e tentando sobreviver. Quando o rei do reino humano lhe faz uma proposta inusitada e nada comum, soaria quase como uma mentira: um rei parar uma simples g...