Prólogo

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Sabe, eu nunca gostei de organizar o corredor doze da biblioteca.

Os estudantes e professores me viam constantemente metido ali, arrumando e limpando os livros numerados de 510 à 595.40c. Livros espessos, que, quando caíam no chão, eram capazes de fazer um estrondo que ecoava por todo aquele antigo cômodo.

Na realidade, eu odiava aqueles livros.

Okay, não serei injusto. Não eram os livros materiais em si, mas o conteúdo daquelas folhas que não me apetecia o âmago. Afinal, eu era amante de livros, mas um mundo em que limpar e organizar prateleiras de livros de cálculo fosse felicidade, eu, Akaashi Keiji, não teria passado um único dia vivo.

Apesar de tudo isso, de todo o meu ódio pelos números - que contradiz meu talento natural em lidar com eles e todas suas possibilidades de uso - cuidar daquele corredor era minha maneira especial de pedir desculpas.

Desculpas não a alguém, mas aos próprios livros. Não era culpa deles carregarem fórmulas, explicações e exercícios complexos sobre gradiente, funções de variáveis reais, ou, ainda, integrais múltiplas.

Eles não escolheram carregar esses fardos. Não foram eles que pediram para serem assim.

Eles não pediram pelo péssimo manuseio dos estudantes que os deixavam acabados. As folhas daqueles exemplares, em sua maioria, estavam rasgadas, amareladas pelos longos anos desde o lançamento da edição e marcadas de anotações à diversos materiais. As capas de alguns já não existiam e, quando ainda estavam o pó, eram encapadas por muita fita e papel contact.

Fora os desenhos impróprios que eu encontrava nas contracapas.

Não era como se os outros exemplares da biblioteca não estivessem naquele estado, mas eu tinha a impressão de que alunos de exatas costumam ser mais brutos em seus tratamentos com os livros.

Por isso eu cuidava tão bem deles, porque todos merecem um pouco de amor. E, mesmo que eu não acreditasse que isso fosse possível, eu dava o meu melhor.

Sugawara-senpai costumava dizer que minha ação era muito bonita. Kageyama-kun, por outro lado, respondia que "de que adianta se os alunos vão destruí-los de novo?".

Uma vez, quando eu estava no limite da minha paciência, respondi: "Por que você come se vai defecar tudo?"

Ele nunca soube como responder, mas, mais tarde, tirou sarro de mim pela escolha do termo. É quase um "por que você arruma a cama se vai dormir de novo?", e me comparou a uma mãe cansada.

Fora o corredor doze, eu amava estar na biblioteca da faculdade. Caminhar por entre aqueles corredores era como estar viajando no universo, em uma nave, e escolher o próximo astro que eu visitaria.

Pegar um livro para ler era colocar um capacete de oxigênio. Estar fora da biblioteca era sufocar sem ar.

Não adiantava gritar, pois o som não existe no vácuo.

E, ali, no corredor doze, o som parecia ainda mais difícil de sair. Era como se aquelas prateleiras fossem me esmagar, jogar os livros que eu cuidava com tanto zelo em cima de mim.

Por isso eu odiava o número doze.

Até você aparecer, Bokuto-san. Com seu cabelo bicolor arrepiado, corpo troncudo de jogador de hóquei e risada escandalosa. Com seus olhos brilhantes e sorriso contagiante. Com a sua vontade de viver.

Eu passei a amar o número doze, que vinha estampado em sua camiseta.

Quando você apareceu, Bokuto-san. 

— * —  

NOTAS FINAIS: Esta semana teve o dia dos namorados, o dia em que nós, solteiros de vinte anos, passamos a noite ou sozinhos ou bebendo vinho com os amigos enquanto reclamamos de amores fracassados. Outros vão pra festas, mas eu sou mais caseiro nesse dia (até porque, eu prefiro chorar na frente dos meus amigos do que na frente de um monte de desconhecidos).

Aproveitei que tive uma folga da faculdade, entreguei 2/3 dos meus trabalhos e escrevi bastante dessa short fic bokuaka que eu vinha mencionando no feed há um tempo. Ela estava parada nos meus docs, só mofando junto com um monte de outras histórias, por isso, fico feliz de ter tido tempo de adiantar bem pra começar a postar. 

Eu amo os Bokuaka e queria ter uma fic deles no perfil. Não se preocupem, ela não é depressiva. Por mais que eu seja um daqueles solteiros que só se fode na vida amorosa (e nem é do jeito bom), eu não sou amargurado com quem tem um romance. Fico feliz de ver que o amor ainda existe. Aproveite essa pessoa (ou essas, pros casos de poliamor) e ame com todo o seu coração, porque amar é um ato revolucionário. 

Essa fic será bem romance comfort, daqueles pra aquecer o coração e ler quando quiser se apaixonar mais uma vez, e de novo, e de novo. Teremos mais casais além dos bokuaka, mas sem tanto desenvolvimento. 

Eu penso em uma média de 6 ou 7 capítulos e já tenho mais três prontos, o quarto em andamento. As atualizações, por enquanto, podem levar mais de uma semana por motivos de final de semestre de faculdade, mas não precisam se preocupar: se eu me comprometo em postar, eu vou até o fim. Já deixo capítulos prontos pra não ter problema no futuro. 

Também deixo minha recomendação pra vocês passarem no perfil da maior apoiadora dos Sakuatsu que eu conheço. Pode entrar oyskawa!! ela tem muitas fics incríveis e é bem ativa por aqui. 

Beijos na bundinha de vocês, boa semana e se cuidem. 

Com carinho, Rony.


doze vezes bokuto-san | bokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora