Capítulo 5

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NOTAS INICIAIS: Heeeyyyy, vortei com o capítulo 5 de "doze vezes Bokuto-san", quem amou?

Esse capítulo está sendo um dos meus favoritos até agora e espero que vocês gostem dele. 

Pequena curiosidade: durante a história, é mencionado o chá gyokuro. De acordo com as minhas fontes, ele é feito com folhas colhidas durante as colheitas da primavera, momento que encaixa bem no contexto. Ele também é um dos chás mais consumidos pela população japonesa.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo. Nos vemos novamente lá nas notas finais.

Boa leitura!

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"O que somos senão o acúmulo de nossas próprias memórias?"

Eu li essa frase em um livro pouco antes de nos encontrarmos novamente, Bokuto-san, e ela permanece comigo até o os dias de hoje. A obra não, contudo. Era um exemplar bem questionável e, apesar de ter terminado a leitura, prefiro nem mesmo citar o nome aqui. Isso não faz diferença, de qualquer jeito.

Mas, essa frase, ela sim importa. Importa muito, principalmente quando eu penso no que me motiva a escrever estas palavras para você, meu amor.

Ela importa, porque tudo o que há aqui são meus sentimentos e minhas percepções de memórias do que eu chamo de vida.

Eu sempre fui muito detalhista em tudo o que fiz, pois acredito que o verdadeiro significado do saber e sentir está nos detalhes, nas entrelinhas. Creio que o subjetivo guarda o descomunal, o surreal.

Isso é um dos porquês de eu amar tanto escrever. Ao mesmo tempo em que posso preencher linhas e linhas de palavras esteticamente literárias, mais bonitas do que aquelas que ouvimos no dia a dia, também posso usá-las para esconder muita coisa.

Você acha que eu escondo mais do que deveria, mas é porque você lê tudo muito superficialmente, Bokuto-san. Eu não estou reclamando, apesar disso. Afinal, mesmo odiando ler, você se apaixonou pelo bibliotecário da Universidade e ainda lê tudo o que ele escreve. 

Bem, quase tudo. As listas de compras que o digam.

E eu escrevo para preservar a memória, desde certo tempo.

Às vezes eu me pergunto como seria escrever sobre tudo o que te torna você e, pouco depois, apenas esquecer. Ver a felicidade e a tristeza do que você passou apenas indo embora, para onde você não pode alcançá-las.

E, às vezes, eu costumava desejar que eu pudesse esquecer, mesmo nunca tendo escrito certos eventos. Mesmo que eles estivessem aqui, guardados no fundo do baú que é o meu hipocampo.

Porque, por mais que a dor de algumas memórias encontre um espacinho para ela após alguns anos, ela vai continuar ali, envelhecendo junto com você. E eu demorei para aceitar isso, aceitar a conviver com essa dor sem que eu fizesse com que ela se renovasse a cada dia.

Eu aceitei naquela noite quente de primavera. 

Eu havia acordado suado e ofegante, com as memórias inundando meus pensamentos em sonhos e me fazendo sufocar. Aquelas lembranças não me deixavam em paz, mais uma vez. Elas estavam lá, de novo e de novo.

A luz fraca da lua e dos postes de luz entrava pelas janelas abertas e eu te senti se remexer ao meu lado. Você havia sido acordado pela maneira súbita com a qual despertei.

"Mais um pesadelo, Agaashe?", você me perguntou enquanto coçava os olhos e sentava na cama.

Assenti, tentando retomar minha respiração. Eu via como você estava preocupado, Bokuto-san. Eu não podia deixar que mais uma daquelas memórias impedisse que você tivesse uma boa noite de sono.

doze vezes bokuto-san | bokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora