Capítulo 3

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NOTAS INICIAIS: Oiê! Demorei, né? Desculpem este autor fajuto. 

Vou deixar para falar o que preciso nas notas finais deste capítulo. 

Aproveitem e boa leitura!

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É muito difícil escrever sobre amor quando se está com o coração partido.

Por mais que você tente grudar os pedaços usando palavras bonitas e calorosas, os cacos continuarão lá. Eles permanecem espalhados, apenas esperando que você pare de querer se preencher com histórias de amor alheias e aceite que deve colhê-los, um por um.

E é ainda mais difícil fazer isso porque cada um desses caquinhos vai te furar e fazer lembrar de cada uma das feridas que você se esforça tanto para esquecer. Alguns vão grudar por um bom tempo, outros poderão ser recolhidos mais facilmente.

Mas ainda dói.

É isso o que me falam sobre términos de relacionamento, sobre a tristeza de perder alguém que vai continuar a existir no mesmo planeta que você. Que vai continuar a morar na sua mente e no seu coração até que você a expulse.

Seria eu egoísta se deixasse aqui esclarecido que nunca passei por isso, Bokuto-san? Creio que não. Cada pessoa tem sua própria vivência e eu nunca passei por algo assim. E nem você.

Acho que somos aquela extensão poética da literatura que se fez realidade. Você é a minha realidade, Bokuto-san. Nós nunca tivemos nossos corações quebrados por amor e eu sou a pessoa mais feliz do mundo em ter a certeza de que nunca teremos. Porque seremos para sempre eu e você.

Eu me lembro de quando Kuroo-san terminou seu relacionamento pela primeira vez. Lembro de como ele me ligou, durante uma madrugada daquele verão quente, pois não sabia com quem conversar.

"Akaashi", ele disse, assim que atendi o celular.

"Kuroo-san? Está tudo bem?".

Você permaneceu dormindo ao meu lado. O seu sono pesado permitiu que eu continuasse conversando com Kuroo por várias madrugadas seguintes sem que te acordasse.

A linha ficou em silêncio por algum tempo até que ele falasse algo.

"Me desculpe por ligar nesse horário, não quero atrapalhar". Eu pude ouvir o soluço baixo do outro lado. 

Kuroo e eu nunca fomos muito próximos, você sabe disso. Conversávamos muito pouco, os assuntos não pareciam bater. Nossa relação era apenas um desdobramento da conexão em comum que tínhamos com você, Bokuto-san. Você foi a ponte entre nós.

E, pensando nisso, eu me perguntei o motivo de Kuroo-san ter me ligado naquela noite. Por que falar comigo quando o melhor amigo dele, você, poderia entender o que ele tinha a dizer? Poderia se compadecer dos sentimentos dele e falar o que ele gostaria de ouvir?

A verdade é que Kuroo-san não queria alguém que o entendesse ou que quisesse que ele falasse, simplesmente porque ele não queria falar. Ele queria alguém que não respondesse, porque ele precisava apenas do conforto de um silêncio compartilhado.

"Tudo bem", eu respondi.

Alguém que não se importasse o suficiente para tirá-lo daquele poço, mas que fosse categoricamente empático para jogar uma corda para quando ele quisesse sair.

E não falamos mais nada durante aquela ligação. Não me lembro de quanto tempo ela durou, apenas me recordo de acordar muito cansado no dia seguinte. Eu somente ouvia o respirar trêmulo e os batuques de seus dedos em alguma superfície de madeira do outro lado do telefone.

doze vezes bokuto-san | bokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora