Nova chance

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Eu vivo num dilema.  Eu gosto muito dele.  Estou muito magoada e decepcionada com ele, é verdade.
O que ele fez não tem perdão, mas por outro lado ele parece muito arrependido.

Beatriz diz para lhe dar uma chance, mas não sei.

E esta história de vender a casa.  Eu sei que ele sempre adorou aquela casa.  Fazia questão de o dizer.

Tinha sido a melhor aquisição da vida dele, dizia.  Desfazer-se dela já demonstrava que agora a prioridade era outra.

Ainda não tive alta.  Ainda tenho muito que pensar.

- Dá-lhe o benefício da dúvida, diz Beatriz.

- O meu medo é eu voltar e a cada pequena discussão,  o assunto vir à baila.  Sabes que em discussões não medimos as palavras e acabamos por nos magoar.

- Eu prometo que isso não vai acontecer.  Quer dizer,  não posso prometer, mas vou tentar.

- A ouvir atrás das portas?

- Vinha a entrar.  Vocês não estavam propriamente a falar baixo.

- Então,  hoje eu vou mais cedo.  Fiquem aí a discutir as vossas diferenças e prometam comportar-se.  Já são dois adultos e devem agir como tal.

- Entendes porque eu tenho medo?

- Entendo, mas vais deixar o medo condicionar a tua vida?

Eu nunca deixei de te amar.  Tomei uma decisão má porque não queria que sofresses e acabou por ser pior.
Se não houvesse amor eu até era o primeiro a afastar-me, mas há.

Sou grato por tudo o que me deste, amor, felicidade, um rim e quase a tua vida.  Estaremos para sempre ligados um ao outro, então,  vamos tentar outra vez?

- Não sei.

Uma semana depois

Juliette teve alta, mas voltou para casa de Beatriz.  Sentia-se insegura.  Rodolffo não insistiu mais.  Foi buscá-la ao hospital e deixá-la lá.  Apesar de se sentir triste nem ousou questioná-la.
Pediu autorização à Beatriz para frequentar a casa dela afim de dar apoio a Ju.

Beatriz concordou uma vez que ia trabalhar e não podia ficar com a amiga.  Também porque entendia que ele já tinha mostrado ao que vinha, mas não se intrometeu.

Durante um mês inteiro ele bateu ponto na casa de Beatriz desde as 8 da manhã até às 18 horas, hora que ela regressava a casa.
Cozinhava para Ju e fazia tudo o que podia, essencialmente companhia.

Durante esse tempo nenhum deles tocou mais no assunto que os afastou.   Conversavam sobre várias coisas de trabalho ou assuntos de TV.

- Senta-te aqui, junto a mim, pediu Ju.

- Que queres?

- Quero dizer-te que vou voltar contigo para casa.

- Estás a falar a sério? Disse ele segurando nas mãos dela.

- Muito a sério.  Não tem jeito estares aqui comigo todo o dia.

Rodolffo segurou no rosto dela e deu-lhe um beijo.

- Obrigado meu amor.

Finalmente, Rodolffo pode abraçá-la.  Juliette sentiu o coração dele bater com força.

- Calma, que o coração não te posso dar.  Só tenho um, preciso dele.

- Mas dáva-te o meu se fosse necessário.

Voltou a abraçá-la agora com mais força.

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