Juliette recebeu uma convocatória do hospital. Era necessário passar por uma bateria extra de exames para decidir a compatibilidade com Rodolffo.
Em conversa com o médico explicou que estava separada, mas caso se verificasse a compatibilidade ela seria dadora. Só pedia anonimato.
O médico deu-lhe essa garantia.Apesar do sucedido ela ainda o amava. Nada tinha mudado para ela e a saúde dele era muito importante. Tiveram os seus atritos, tiveram, mas que casal pode dizer que nunca brigou.
O pior foi quando aquela prima chegou. Parece que foi colocada ali para desestabilizar o casamento.
Juliette realizou todos os exames e regressou a casa. Agora era só aguardar os resultados.
Três meses depois.
Rodolffo estava a terminar mais uma sessão da maldita Hemodiálise quando a médica assistente o informou que tinha aparecido um dador compatível e deveria apresentar-se até ao final do dia para ser internado.
Recebeu a notícia com uma certa euforia, mas também um pouco de tristeza. Ele e Juliette tinham feito muitos planos para quando isto acontecesse e agora nem para lhe dar ânimo ela estava.
Por culpa minha eu sei e me arrependo, mas já fiz e não tem volta. Talvez eu a procure se eu ficar bem. Talvez ela nem queira mais saber de mim e tenha seguido a sua vida.
Nunca mais a procurei. Não sei onde mora, mas sei onde trabalha.
Voltei para casa, resolvi tudo e conversei com Vera sobre a situação.
Escrevi uma carta de despedida para Juliette, caso tudo dê errado. Entreguei-a a Vera com a morada do trabalho de Juliette.
- Para ser entregue caso eu morra.
- Vai correr tudo bem, Rodolffo. Precisa de ter fé.
Vera foi deixar-me no hospital com o meu carro.
Comecei imediatamente todo o processo que antecedia a cirurgia.
Nessa noite precisei de ajuda para dormir. Estava muito ansioso e a cirurgia começava pelas 8 horas.
Acordei e já era de noite. Pelo menos estava escuro lá fora. Estava num quarto sózinho, rodeado de vários aparelhos.
Não sentia dores, apenas sonolência.
Uma enfermeira aproximou-se e perguntou como me sentia.
- Estou bem. Correu bem a cirurgia?
- Muito bem disse ela.
- E o dador? Morto ou vivo?
- Não podemos dar essa informação. Depois fala com o seu médico.
A enfermeira trouxe um chá morno que eu bebi logo e voltei a adormecer.
Numa outra sala as coisas não eram tão animadoras. Juliette tinha tido complicações durante a cirurgia de remoção do rim e precisou ficar na UTI. Os médicos demoraram para parar uma hemorragia. Agora estavam apreensivos com uma possível cepticémia.
Dois dias depois o estado dela mantinha-se sem alterações enquanto Rodolffo avançava na recuperação.
Por mais que ele perguntasse ninguém lhe deu informações sobre o dador. Apenas Vera veio visitá-lo por poucos minutos, pois não era permitida a presença durante muito tempo.
Juliette esteve 5 dias na UTI. Hoje, um mês depois ainda permanece no hospital.
Rodolffo teve alta. Vera veio buscá-lo e à saída do quarto para o corredor encontra Beatriz que ele conhecia bem.
- Beatriz, por aqui?
- Sim. E tu, Rodolffo que fazes? Há muito não nos vemos.
- Fiz a minha cirurgia. Tive alta.
- Correu bem?
- Sim, mas não me disseste o que fazes aqui.
- Ah! Vim visitar uma amiga que está aqui internada.
- Tiveste noticias da Ju?
- Sim. Quando você separaram.
- Deixou o trabalho?
- Pediu dispensa por um tempo.
Já vou, Rodolffo. Boa recuperação.Beatriz queria sair dali para não dar nenhuma resposta que levantasse suspeitas.
- Obrigado, Beatriz.
Rodolffo ficou triste. Beatriz era a única pessoa que lhe poderia trazer notícias de Juliette. Voltou para casa com vontade de se recuperar e mover céus e terra para a encontrar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mudança de estação
Fiksi PenggemarA viagem demorava. O comboio em marcha lenta não tinha pressa. Olhei, parei e pensei. No fim tomei a decisão de mudar de estação.