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seu ibrahim ficou olhando para ela na porta enquanto se despedia de seu namorado com um selinho.

— te vejo amanhã?

— sim, senhor. — ela assentiu.

— te dou carona pra aula.

— tu sabe que minha mãe fica meio assim com moto..

— minha sogrinha sabe que tá comigo tá com Deus, amor. — bruno riu e beijou ela de novo. — tchau, te amo.

— me avisa quando chegar em casa! — ela falou alto e fechou a porta

quando se virou, o padrasto a encarava com curiosidade.

— o que foi?

— nunca ouvi você dizer que amava esse menino.

giovanna arregalou os olhos.

— que estranho. eu digo o tempo todo.. — ela pegou sua garrafa de água e abriu, dando um gole. sabendo que tudo que falava era mentira.

— não não. eu tenho boa memória. eu nunca ouvi. você nunca disse, pelo menos não perto de nós.

giovanna sentiu um arrepio percorrer seu corpo da cabeça aos pés. ela nunca tinha dito à bruno que o amava. porque não amava. aproveitava a companhia dele, o tinha como um parceiro.. mas sentia que seu coração não estava no lugar certo. e eles sabiam disso, mas não conversavam sobre. talvez bruno estivesse esperando que ela estivesse pronta.

— há! — ibrahim deu risada consigo mesmo e abaixou o olhar para o livro que tinha em mãos.

— o que é tão engraçado?

— faz umas semanas ouvi alexandre contar que quando morou aqui se apaixonou por você e que vocês tiveram um.. caso. pelo que entendi. não quis perguntar muito, foi um susto e tanto. e me lembrei que você já disse que ama ele, em angra. você olhou para sua mãe, para mim, para ele, e disse "eu amo vocês" no plural.

— como família. — giovanna mentiu. — eu não acredito que ele te contou isso.

— tava todo cabisbaixo de te ver com seu atual. o menino não teve opção, eu o apertei até falar. ele precisava colocar pra fora. chorou e tudo. ah se vocês tivessem contado pra gente lá atrás.. seria esquisito, claro. mas a gente jamais impediria vocês de ficarem juntos. vocês não são nada um do outro. vocês nem cresceram juntos.

giovanna sentiu seu coração bater forte de adrenalina.

— eu.. tenho que ir. — ela pegou o celular e a bolsa e saiu correndo de sua casa.

pegou um uber para a casa de alexandre e bateu na porta com o coração na boca. seus olhos lacrimejavam e ela nem sabia o que dizer. mas estava tudo resolvido, não estava?

seu padrasto sabia da verdade e não era um problema.
logo, eles não tinham mais problemas para ficarem juntos. esperança encheu o coração de giovanna enquanto ela esperava que aquelas batidas na porta de madeira surtissem algum efeito.

a moça loira, a mesma daquela noite na balada no aniversário de alessandra, abriu a porta.

giovanna sentiu o peso de seu corpo, e ficou ereta, tentando não chorar na frente daquela mulher.

— o.. alexandre.. ele tá aí?

— amoooooor! — a mulher gritou, virando o rosto para dentro da casa. — tem uma moça aqui na porta. acho que é sua irmã.

alexandre se apressou para atender a porta, ficando na frente de priscila.

— oi. pri, da licença por favor? — ele pediu e ela revirou os olhos antes de voltar para o quarto dele.

alexandre estava ofegante, segurando no batente da porta. olhava para giovanna, buscando alguma coisa.
ela estava lacrimejando, e agora estava abraçada em sua bolsa.

— eu.. — as lágrimas escorreram pelo rosto dela e ela balançou a cabeça negativamente. — esquece, eu não devia ter vindo aqui. foi um erro. eu.. por favor. esquece que eu vim ela levou a manga da blusa até o nariz secando e ele a pegou pelo braço.

— giovanna.

— não encosta em mim. esquece que eu vim aqui. esquece. — ela replicou, brava, e saiu andando sem rumo.

alexandre assistiu até que ela entrou num carro e sumiu.

algo nos olhos dela mostravam a ele que ela sabia.

ele voltou para dentro de sua casa, e fechou a porta.

— era sua irmãzinha, não era?

alexandre assentiu.

— o que ela queria?

— queria saber se nós vamos participar do aniversário do meu pai. — ele mentiu.

— nossa, ela veio até aqui só pra isso?

alexandre assentiu.

— acho que ela perdeu o celular. algo assim. você pode voltar pra sua casa hoje? eu tô com uma enxaqueca terrível e vou ser um péssimo namorado. preciso ficar sozinho.

— ihhhh... aqueles dias de novo? — priscila revirou os olhos.

estava acostumada com isso. alexandre não era muito carinhoso. não conseguia passar muito tempo perto, grudado.

beijou a boca dele que só correspondeu com um selinho.

logo ouviu a mulher indo embora com seu carro e ficou sentado na sala de frente pra lareira pensativo. giovanna sabia.

pegou o telefone e ligou para seu pai.

— a giovanna já chegou em casa? — foi a primeira coisa que ele conseguiu perguntar. estava morto de preocupação. desolado de vê-la sofrendo tanto.

— acabou de passar por aqui como um furacão e se trancou no quarto, filho. por que?

— ela ainda namora o bruno?

— sim, ele saiu daqui hoje de manhã.

— pai.. o que foi que o senhor fez?

— eu???? não fiz nada.

alexandre suspirou do outro lado do telefone.

— certo. vamos deixar ela ser feliz, é só isso que me importa. e você me avisa se ela melhorar, quando melhorar, pode ser? me liga, me manda mensagem, não sei.

— tá bem. vocês vão vir pra ca final de semana comemorar o aniversário do velho?

alexandre hesitou por um segundo.

— claro, pai. vamos todos.

unfortunatelyOnde histórias criam vida. Descubra agora