Morte & pesadelo

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10/10/2017

- Oi Elô, já tá com sau...

- Desculpa Alyssa, mas não é a Eloise.

- Ah, Mark cadê ela, o que está fazendo com o celular dela? Aconteceu alguma coisa?- Comecei a ficar preocupada.

- Eloise foi... Assassinada.

Naquele momento meu mundo desabou.

***

Eu peguei o primeiro voo para Ligonier assim que soube, parecia uma brincadeira de mau gosto, minha melhor amiga assassinada? Aquilo não estava certo.

Eloise e eu tinhamos uma amizade desde o colegial, eu era muito tímida e sozinha, mas graças a ela eu perdi os meus medos e comecei a me abrir pro mundo, mesmo com as feridas que eu tinha na época. Depois fomos para faculdades diferentes, eu fui para Nova York e ela continuou em Ligonier, ela cursou direito e eu jornalismo investigativo, ela criou o próprio escritório e eu crie o meu programa, e juntas presenciamos a evolução uma da outra, ela se casou e eu continuei solteira. E mesmo cheia de coisas pra fazer eu tirava um tempo para visitá-la aqui, nessa cidade, onde eu só tenho pesadelos, Eloise foi a pessoa que me tirou desses pesadelos, e mesmo tendo meu irmão mais velho, ele nunca entenderia minha dor, mas Eloise, ela entendeu completamente, e vê-la partir é como se uma parte de mim partisse também. 

Caminhava lentamente pelo aeroporto, estava tentando evitar o destino, mas era inútil, quando avistei meu irmão, já sabia o que esperar.

- Não devia ter vindo me buscar.- Tentei evitar olhar em seus olhos

- Não começa Alyssa Green, eu não ia te deixar dirigir sozinha a essa hora, já são nove horas da noite caramba.- Ele me abraçou- Eu sinto muito maninha, sei o quanto Eloise significava pra você, e sei que essa dor é imensurável.

Fiquei em silêncio, deixei cair uma lágrima em seu uniforme, e quando me afastei limpei o rosto.

- Chris- respirei fundo- eu quero ajudar a descobrir e a prender esse canalha, ele não pode sair em pune.

- O quê?! Você não... Que saber, não vou discutir com você, vem me dá sua mala, vamos antes que fique mais tarde.

Ele pegou minha mala, e andamos até o estacionamento em silêncio, eu olhava atentamente para a escuridão atrás de nós, me perguntando se não estava em um pesadelo, e quando fosse de manhã eu iria acordar e tudo voltaria a ser como era.

- Ei, você está me ouvindo?

- O que?- Saio do meu devaneio e olho para o lado.

- Perguntei se está com fome.- Sibilou

- Ah, não.

- Aly, eu sei que quer o silêncio mortal pairando aqui mas...

- Mas?

- Mas ficar se reprimindo não vai te fazer bem, você tem que por isso pra fora, tem que chorar, tem que gritar não guardar tudo pra você.

- Eu já- suspirei fundo- chorei e gritei o suficiente e eu não estou me reprimindo- menti- estou apenas pensando, só... Estou tentando absorver tudo isso. Tenta me entender, um hora minha amiga me liga e diz que tá tudo bem e depois o marido dela me liga e me diz que ela tá morta.- Suspirei de novo- você e ela são os únicos motivos de eu pisar nessa cidade, e você sabe muito bem disso.

- É eu sei.

Depois disso o silêncio voltou a pairar.

Depois de cinco minutos de silêncio chegamos a casa dele, na entrada, Valentina, a esposa dele, nos esperava, ela parecia preocupada.

- Por Deus, eu já estava ficando preocupada, oi querida, sinto muito.

Ela me abraçou.

- Oi Val, obrigada.

Ela abriu espaço para entrarmos, mesmo com uma menina de cinco anos a casa deles era impecável.

- Alexia está dormindo?- perguntou Chris

- Sim, ela estava muito cansada.- ela se virou para me fitar- quando ela te ver vai ficar muito feliz.

Eu assenti.

- Quer beber ou comer alguma coisa?

- Só uma água, não quero comer.- Abri um meio sorriso.

Sentei-me no sofá e observei o quadro da nossa família na estante.

- Esses guaxinins- murmurou Valentina- sempre bagunçando o lixo.- ela entregou o copo de água.- Acredito que vai passar um tempo aqui.

- Sim, pretendo ajudar nas investigações, eu não vou deixar esse caso de lado até achar bom- me aproximei- assassino- cochichei.

- Acredito que o Chris não tenha concordado com a ideia.

- Não, mas essa é a minha decisão, e eu vou cumpri-la.

Ela me olhou admirada.

Naquele momento Chris desceu as escadas.

- Aly, se quiser dormir fique a vontade, seu quarto está do jeito que gosta.

- Certo, então eu já vou, boa noite.

- Boa noite!- falaram em uníssono.

No momento que entrei, fui direto ao banheiro, tomei um banho e comecei a pentear os cabelos, o espelho estava levemente coberto de água. Meus olhos estavam avermelhados, e doloridos de tanto chorar.

Quando me deitei demorei para pegar no sono.

Aquele dia se passava como um lampejo, era a pior sensação, voltar aquela noite, voltar ao pesadelo, aquela corrida para sobreviver.

Aquele sonho raramente voltava, mas por que agora? Meu coração queria sair do peito, não consigo me mexer e nem respirar direito.

Mesmo que eu quisesse gritar...
Eu não consegui.

Verdades Obscuras: O Mistério do Assassinato de EloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora