𝟐 𝐩𝐚𝐫𝐭.𝟏

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𝐄𝐥𝐢𝐬𝐞 𝐒𝐭𝐮𝐚𝐫𝐭

𝑵𝒂𝒒𝒖𝒆𝒍𝒂 𝒏𝒐𝒊𝒕𝒆

Algumas crianças já nasciam amaldiçoadas.

Essa deve ser a única explicação para que, não importava o quão trabalhoso alguém tentasse ser uma pessoa boa, ou fazer ótimas escolhas; você sempre iria ser puxado para o lado obscuro da vida.

Puxo o ar para os meus pulmões, antes de lançar um meio sorriso para o segurança. Ele confere meu nome na lista e libera a minha entrada, e com passos cautelosos atravesso um corredor até o grande salão. Olho encantada para a decoração do lugar, o teto estava repleto de lustres como se fosse chuva, o ambiente na maior parte em cor branco. Havia uma torre de taças e grandes jarros de flores nas mesas. Uma música ambiente animada ecoava pelo lugar. As pessoas conversam animadamente, carregavam um ar de sofisticação, esbanjando colares do mais simples ao mais luxuoso cheio de pérolas.

Isso está longe da minha realidade. Me sinto pequena comparada a eles.

Eu uso um vestido preto, longo e tomara que caia que se destacava na minha pele clara. Meu cabelo solto, todo para trás, deixando meus ombros à mostra junto com um colar prata com um pingente verde, visualmente simples e delicado, só que mais caro que minha casa. Contudo, acredito que meus olhos castanhos-esverdeados se destacavam mais, embora a maquiagem fosse simples, apenas delineado com esfumado preto e batom nude.

Garçons usam terno branco e preto, andando de lá para cá, e quando um passa em minha frente aproveito para pegar uma taça de champanhe. Eu preciso me manter calma para aguentar toda essa situação.

Fui informada de que seria um jantar beneficente, e a arrecadação do evento, será destinada às pessoas com câncer.

Enquanto ando pelo lugar tento vislumbrar. Me disseram que quando eu batesse meus olhos nele, o homem que eu temia conhecer, eu saberia.

Nunca pensei que estaria prestes a fazer isso, só faltava as câmeras e alguém gritando: "ação". Passo pelas pessoas, ando para frente, mas viro a cabeça para a esquerda onde se concentra a maior parte das mesas.

Será que ele já havia chegado?
Talvez seja cedo ainda.

Eu não sei se estou preparada, antes eu já estava nervosa, agora só falta o coração sair pela boca. Penso que a champanhe ia me ajudar, mas o álcool não era tão forte, não sou de beber muito e nem posso, ficar bêbada em um lugar que não conheço ninguém seria muito perigoso.

Antes que eu me desse conta, meu corpo tromba com o de alguém. Por sorte, minha taça está vazia. Solto um palavrão antes de me afastar o suficiente para ver quem era.

Nossos olhares se encontram. Me deparo com dois pares de olhos castanhos, na qual me lembram a avelã, o que não ironicamente, ele tinha o mesmo cheiro.

Um calafrio percorre o meu corpo quando seus olhos frios me analisam de baixo para cima de forma rápida, mas perceptível. E embora tem essa postura séria e de superioridade, carregava em si elegância.

Seu cabelo é um louro diferente, a raiz mais escura, como mel, e o restante do comprimento cor de baunilha; estava todo para trás, e uma pequena mecha caida em sua testa. O mais surpreendente era que ele não tinha nem um vestígio de manchas ou espinhas pelo rosto. Só em observar dava a sensação que sua pele era macia, sem barba, mostrava a mandíbula marcada, lábios pequenos e rosados e nariz reto.

Ele é uma obra prima.

Pisco os olhos voltando para a realidade.

ㅡ Desculpe, essa não era a minha intenção ㅡ falo com a voz um pouco falha, sentindo o meu coração bater mais rápido.

ʟᴏᴜᴄᴏ ᴘᴏʀ ᴠᴏᴄê - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝟏Onde histórias criam vida. Descubra agora