𝟑 𝐩𝐚𝐫𝐭. 𝟐

12 6 0
                                    

𝐄𝐥𝐢𝐬𝐞 𝐒𝐭𝐮𝐚𝐫𝐭

Ando em passos rápidos para fora do salão. Passo pelos seguranças, que me encaravam atentos. Levanto o vestido para que não haja o risco de eu pisar na barra enquanto eu descia os degraus cobertos por um tapete vermelho. O ar da noite fria atinge minha pele, deixando os pelos todos arrepiados. Tiro a chave do meu carro do sutiã e fui para o estacionamento procurar pelo meu veículo.

Alguém em sã consciência diria que eu estava louca. Sozinha em uma festa, à noite, fazendo algo perigoso, em um lugar desconhecido, com pessoas violentas.

Por sorte não contei a ninguém, eles provavelmente iriam meter a polícia ou me encher de mais problemas. Sozinha estava em desvantagem, mas isso não significava que não sabia me defender; sou sedentária, porém, aprendi jiu-jitsu quando mais jovem. Caso aconteça alguma coisa, pelo menos um soco uma pessoa irá receber.

Mas não quer dizer que eu não tenha medo, aliás, nunca me meti em uma coisa dessas até algumas semanas atrás. Estou nervosa e não sabia se minha mão tremia com receio de alguma coisa acontecer ou pelo frio. Quando chego no carro, destravo e pego a maleta preta.

Devagar, caminho até atrás da mansão sem fazer muito barulho. Por sorte não havia ninguém, o que é surpreendente, visto que havia uma bela paisagem para o jardim e privacidade para aqueles que pretendiam fazer algo.

Subo alguns degraus e empurro a porta dando de cara com um corredor vazio, é possível ouvir a música daqui.

Eu teria que encontrar alguma escada que levasse ao andar de cima. Abro algumas portas, passo por outros corredores, até encontrar o que queria. O nervosismo e o frio me consumiam. E penso inúmeras vezes em ir dar meia volta e mandar ele para o inferno.

Eu me pergunto como ninguém desconfiou de nada até agora. A não ser que todos fossem da mesma laia e fingiam que o que está acontecendo em cima de suas cabeças fosse algo insignificante.

Não muito longe, observo dois homens parados em frente a uma grande porta. Próxima o suficiente, não preciso dizer nada, eles abriram a porta indicando que eu podia entrar. O cômodo é gigante, alguns móveis estavam cobertos por lençóis brancos; exceto por um sofá preto e que nele está sentado um homem de aparência carrancuda bebendo algo que diria ser whisky.

Atrás de si, havia três homens em pé, posturas rígidas e semblantes agressivos. Outro se encontra na lateral do sofá, era um pouco baixo e gordo, fumava como se o que estava prestes a acontecer não fosse nada.

ㅡ Vejo que não fugiu — diz o que está sentado. O sotaque de antes é mais presente e só indica que ele não é daqui.

Se eu fosse embora, ficaria em vantagem só por algumas horas. Teria consequências, então fugir não era uma opção.

— Não costumo fugir — respondo séria.

— E nem de morrer ㅡ diz calmo olhando para o objeto em minhas mãos.

ㅡ Eu já estive inúmeras vezes diante da morte, estou acostumada.

Ele desvia sua atenção para mim, os olhos descendo pelo meu corpo enquanto sorria.

ㅡ Você tem mais coragem do que ele.

Eu sabia a quem estava se referindo.

ㅡ Eu não tenho medo de você ㅡ falo séria, sem pavor.

ㅡ Ótimo, torna a situação muito mais prazerosa ㅡ lança um sorriso.

Eu não expresso nenhuma reação, mas o meu coração começa a bater mais rápido. Eu tenho que controlar mais a minha língua, mas é tão difícil.  Eles poderiam fazer qualquer coisa comigo. Mas quando alguém me afrontava, era como se fosse combustível para a minha raiva.

ʟᴏᴜᴄᴏ ᴘᴏʀ ᴠᴏᴄê - 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝟏Onde histórias criam vida. Descubra agora