Linha de partida.

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21 de março,
Brasil

01:00 PM

Entrei em seu quarto assim que Anthonny a trouxe nos braços, quase acordada. Vi com os meus próprios olhos a menina deitada e com dor por todo seu corpo. Foi de partir o coração, na verdade. Paralizei por alguns instantes.

– Bora! Ela voltou a dormir.

– Ah... Vamos!

– Vou chamar alguma das meninas para dar um banho nela. Não quero que ela fique daquele estado – Ele disse, saindo do quarto e telefonando para alguém, enquanto lhe dava privacidade.

Alguns minutos depois, vejo o meu amigo vir em minha direção e aparenta querer me falar algo.

– Você pode pedir a Mia para vir aqui? Ally está muito sozinha ultimamente.

– Claro! Vou mandar uma mensagem para minha mãe, perguntando se ela pode vim, ok?

– Obrigado! Vou aproveitar para chamar a Bella também.

De acordo com que a noite passava, permanecia preso em minha própria mente. A desconfiança sobre Marcos ser o assassino do avô de meu amigo, pesava em meus ombros.

Decidido a desvendar esse mistério de uma vez por todas e já tendo uma noção que iria me arriscar a todo custo para encontrá-lo, mesmo que significasse entrar em algum labirinto sem fim, ou até parar a sete palmos do chão, eu iria atrás dele. E isso não é só mais uma fala, é uma promessa!

Na casa de Anthonny, tudo estava calmo demais. Estou querendo falar das meninas do quarto ao lado. Acho que tem pessoas mais pensativas que eu.

– Você está quieto! Quem anda maltratando esses seus pensamentos, hein? –  Pergunta o meu melhor amigo, abrindo um sorriso em seus lábios avermelhados.

– Coisa da sua linda cabecinha oca! – Falei, devolvendo seu sorriso e fazendo com que o dele sumisse.

– Seja sincero pelo menos uma vez na vida, Henrique! Odeio mentiras. Já estou por dentro do que está acontecendo.

– Hum... É mesmo? Então, fala! Estou louco para ouvir suas descobertas – Digo, colocando as mãos nos bolsos de minha calça.

– Qual é, Henrique! Nunca teve segredo entre nós.

– Você está procurando informações em uma fonte seca, sinto em lhe informar! – Tiro as mãos dos bolsos para colocar em meu peito, vestido por uma camisa branca.

O vejo revirar os olhos, jogando algo para o ar em minha direção. Agora com as mãos livres envolvo-as para cima, a fim de pegar o objeto. Era o controle de seu carro.

– Onde vamos? – Pergunto, me olhando no espelho e ajeitando a correntinha prata em meu pescoço.

– Fazer uma visitinha à um velho amigo! – Presto atenção em seu sorriso se alargando enquanto fala.

(...)

Ao entrarmos no carro de Anthonny – duas horas – vejo o veículo sendo ligado e seguir em uma direção familiar.

O escritório do possível assassino.

Foi tudo muito rápido. Acho difícil ele estar um passo a nossa frente agora. O plano estava indo como o planejado, segundo o semblante feliz de Anthonny. Mesmo que ele não tivesse falado onde, como e quando ele arranjou essa maneira de resolver o problema, eu o conhecia o suficiente para entender com um olhar seu.

A adrenalina gritando pela nossas veias, a velocidade máxima, o vento forte balançando e batendo em nossos cabelos e rostos, era uma das melhores sensações que o mundo poderia dar.

Sinto o impacto da batida na traseira do carro. Um transporte preto, com os vidros fechados e fumê acaba de fazer isso. Era uma Ferrari que vimos a algumas ruas atrás. Ela continuou a insistir em nos seguir. Tento pensar com clareza, mas me sinto impossibilitado de articular meus próprios pensamentos.

– Acelera, Anthonny! – Gritei para que ele me ouvisse bem.

– Estou fazendo isso. Você gritando não me ajuda.

Dou mais uma olhada para trás, quando  percebo o mesmo nos atingir novamente. Tiro meus olhos do perseguidor e os miro em Anthonny que está fazendo uma curva improvisada e nada segura. Escuto os pneus se arrastarem na pista, enquanto fico um pouco preocupado.

Já estava constando meia hora de perseguição e ele não saia da nossa cola. Adrenalina pura!

– Você confia em mim? – Perguntou meu amigo, tentando me olhar e prestar atenção na pista.

– Sempre!  – Respondo sem pensar duas vezes – Por que essa pergunta?

No mesmo instante, o vejo fazer outra curva e foi como se tivéssemos passando da linha de partida para a chegada.

– Uma rua sem saída, Anthonny! Tira a gente daqui ainda dar tempo! – Falo, olhando para meu amigo, mas ele só respira fundo e me ignora, puxando o freio de mão.

– Abre o porta-luvas! – Ele manda, passando uma das mãos no rosto suado.

– Não é hora de brincar, véi! Estou falando sério... Por favor! Ainda dá tempo – Tento o convencer.

– PEGA A ARMA. – O vejo gritar comigo e respirar fundo – Você disse que confiava em mim, então mostra que não mentiu para o seu melhor amigo, e desce!

Isso foi como um choque de realidade. Faço o que ele mandou, abro a porta do carro e miro no veículo do perseguidor assim que ele aparece.

– Sai! Te pegamos, seu mentiroso do caramba – Aumento o tom de voz.

– Não ouviu? Está surdo agora? O barulho do tiro fez você perder a audição? – Escuto Anthonny dizer com uma barra de ferro apoiada em seu ombro.

Chuto os pneus da frente. Logo ouço as portas serem destravadas e em seguida a do motorista sendo aberta devagar, aparecendo as pernas e depois o rosto.

– Você? – Perguntamos ao mesmo tempo.

E agora? Quem será? Era o advogado ou outra pessoa?

Aonde eu me meti?Onde histórias criam vida. Descubra agora