Ametista 2.2

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Bangcoc, 2019

A manhã fria, com o sol ainda despontando preguiçosamente no céu

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A manhã fria, com o sol ainda despontando preguiçosamente no céu. As primeiras luzes róseas mesclando-se com os raios dourados no céu. O cheiro da chuva da madrugada ainda estava no ar, misturando-se ao perfume das pétalas de pluméria que o vento soltou em seu último passeio pelo imenso jardim onde o jovem passeava devagar.  

O cenário poderia parecer perfeito, mas Time estava com o semblante amarrado, indiferente à beleza à sua volta.  O belo jardim cheio de flores. O balanço sob um gazebo natural criado por suas enormes árvores centenárias, cobertas por orquídeas coloridas. O chão forrado de pétalas brancas. O som do lago debaixo da Ponte ornamental interferindo nos pensamentos do belo homem. Os pássaros cantando suavemente no amanhecer. Duas ou três crianças de branco correm pelo gramado perfumado pelo banho constante das pétalas esvoaçantes que   dançam uma canção silenciosa enquanto descem ao solo.

O caminho das lágrimas agora cristalizado no rosto. As mãos inquietas sobre os cabelos desfazia o que restou do penteado que Tay tinha levado horas para fazer na manhã do dia anterior. 
Como ele enfrentaria as primeiras horas  pós-operatório do marido?  Com quem ele desabafaria toda a experiência negativa que estava vivendo?

Voltou para dentro do hospital, ainda sentindo o desespero o envolver. As lembranças de Oak feliz vivendo ao seu lado vindo à sua memória. 

Eles pretendiam ter longos dias felizes, mas a realidade tinha abortado os sonhos dos dois...

Meses antes, o marido entrou para a sala de operações tão confiante,  mas Time sabe que a cirurgia só servirá para mantê-lo estável

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Meses antes, o marido entrou para a sala de operações tão confiante,  mas Time sabe que a cirurgia só servirá para mantê-lo estável. Não há cura para sua condição. A paralisia é uma realidade que ele precisa enfrentar e não consegue dividir com ninguém sua falsa esperança.
Sentiu o medo amarrar sua alma pela milésima vez  e as lágrimas voltaram.

O médico surgiu, mas Time soube só de olhar que nada tinha mudado no quadro do homem que ama. Já tem três meses que ele não vê o brilho de ametista brilhando em reconhecimento.
-   Senhor Time, a cirurgia foi um sucesso. Ele reagiu bem. Não convulsionou e não teve nenhuma ocorrência coronária durante o procedimento.  O local da lesão é pequeno e só precisamos tirar parte de seu cabelo, já que o senhor sabe que  pensar em si como alguém próximo da normalidade  durante a recuperação aumentará as chances de uma melhora considerável.
-    Quando ele volta à si, doutor?
-     Acredito que a cirurgia desbloqueou todo o caminho do encéfalo do paciente. Com a limpeza, provavelmente ele despertará quando o organismo expelir todo os resíduos da anestesia.
Time suspirou e agradeceu o médico. Parou a gravação e enviou a mensagem para a família.
Uma lágrima insistente desceu por seu rosto e ele pensou na mãe. Nem em seu momento de maior dor,  quando os jornais especulam sobre seu sofrimento, a mulher não vem lhe dar apoio.  Time esperava a discordância do pai, quando ele e Oak decidiram se casar. Mas foi a mãe que o afastou definitivamente.  O pai, temendo o ódio da mulher, dividiu os bens entre os herdeiros em vida e deu a parte que pertencia ao filho por direito. O ódio da mãe se estendeu ao marido e o divórcio dos dois foi um espetáculo sem precedentes para a imprensa grotesca. A mulher teve coragem de, em juízo, caluniar o filho,  chamando-o de destruidor de lares. O pai não suportou o escândalo e mais uma vez dividiu os bens, dando toda sua parte para o filho e pedindo perdão publicamente ao rapaz por lhe dar uma mãe tão ignorante, desapareceu. Seu corpo surgiu no mar dias depois e Time resolveu que o melhor era manter para si a forma que seu ídolo deixou a vida. As notícias espalhadas por ele e o atestado de óbito que enviou para a mulher que o gerou, dizia que o homem tinha tido um derrame.
Time nunca se envergonhou ou se culpou por sua decisão. Seu marido esteve ao seu lado em todos os momentos. 
Voltou para o quarto e adormeceu na cama vazia do marido, afinal, só quando ele despertasse no Centro de Tratamento Intensivo é que ele voltaria para o quarto.
Despertou com uma notificação no celular. Viver em constante estresse mudou sua relação com o sono. Qualquer coisa o desperta  Puxou o aparelho e abriu a tela. Era Pete, seu cunhadinho que o chamava. Leu a mensagem e ligou. Ambos preferem conversar por telefone e quando podem, por vídeo.
-    Hia, como está meu irmão? 
-    Ele já está no CTI, Pee. A cirurgia foi um sucesso.   -  A voz cansada marcando o tom da conversa, Ultimamente era sempre assim, o cansaço e a esperança se mesclando na voz e no rosto.
-    Estou indo para a Tailândia.  Não quero que você fique só.
-    Não estou só. Vegas tem ficado comigo continuamente. Ele saiu daqui há pouco tempo e tio Gun vem ficar comigo aqui.
-     Esse é um momento crítico, Hia,  deixe eu ir ficar com você.
-      Não. Sua presença aqui desfalca ainda mais a empresa e aqui tenho controle. Tio Khorn passou o dia ontem aqui comigo. Vegas só saiu quando uma enfermeira veio nos contar que já estavam suturando Oak.

Âmbar    #VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora