As folhas das árvores tremiam violentamente enquanto a chuva começava a cair. Dentro de uma pequena cabana, três indivíduos visivelmente desfavorecidos buscavam abrigo. Raramente tinham comida suficiente para saciar a fome dos pobres sobreviventes.Enquanto goteiras molhavam levemente os panos que jaziam no chão pouco confortáveis, era o único refúgio próximo de uma cama que conseguiram encontrar em vez do solo nu.
— Pai, me perdoe. — A garota chorava enquanto recebia chicoteadas em suas costas.
— Sua imbecil, eu à mandei cuidar de
um mísero cavalo e mesmo assim não foi capaz? — O homem não conseguia se controlar e continuava aumentando suas forças.— Natsumi! — O jovem ia em direção de sua irmã e à afastava de seu pai. - Como ousa? Seu monstro! - O rapaz chorava abraçando sua irmã.
— Não me culpe! — O senhor gritava - Aquele era o único cavalo que tínhamos e essa insolente o deixou escapar.
— Ela já pediu desculpas. — O irmão protegia sua irmã.
O homem avançava dando um soco em seu rosto, claramente alterado.
— Kaito! — A menina corria até seu irmão que se encontrava no chão, suas lágrimas desciam descontroladamente.
Natsumi sentiu o peso da decisão pairar sobre ela, enquanto seus dedos hesitavam ao envolver a empunhadura da adaga escondida sob o tecido áspero de seu vestido. Seu coração martelava descontroladamente contra o peito, ecoando o medo que a consumia. A incerteza a assombrava, entrelaçando-se com a fúria e a dor que fervilhavam dentro dela.
As sombras da floresta dançavam ao redor, como testemunhas silenciosas da tragédia iminente. Natsumi podia sentir o cheiro de musgo úmido e terra fresca, misturado ao aroma metálico do medo. Seu pai, que era pra ser seu protetor e guia, se erguia diante dela como uma ameaça viva, os olhos injetados de raiva refletindo a escuridão que se apoderara de sua alma.
Um arrepio percorreu sua espinha quando sua mente girava em turbilhão, lutando para encontrar uma saída, uma solução para o pesadelo que se desenrolava diante de seus olhos. Ela se perguntava se deveria sucumbir à tentação de retalhar o mal pela raiz, enfiando a lâmina afiada no peito, mesmo nesse turbilhão de emoções, uma pequena voz sussurrava no fundo de sua mente, lembrando-a da crueldade de seu pai que todos os dias dizia que à odiava e queria vê-la morta.
Então, um grito rompeu o silêncio da noite, ecoando entre as árvores altas. Os olhos de Natsumi se abriram abruptamente, fixando-se na cena diante dela. Seu pai jazia no chão, imóvel, uma lâmina cravada em seu pescoço, o sangue manchando a terra sob seu corpo inerte. O choque a paralisou por um instante, enquanto o peso do que acabou de acontecer afundava em sua consciência como uma âncora.
Ela se aproximou devagar, o rosto de seu pai estava pálido, os olhos vazios sem vida encarando o céu noturno. Uma mistura tumultuada de emoções a assaltou, deixando-a sem palavras, sem lágrimas para derramar. O alívio se misturava à dor, a libertação mesclada com a culpa que a consumia por dentro.
Natsumi ajoelhou-se ao lado do corpo, ela fechou os olhos, buscando encontrar paz em meio ao caos que a rodeava. A adaga ainda repousava em sua mão, uma testemunha silenciosa do ato irreversível que cometeu. E enquanto as sombras da noite envolviam seu corpo trêmulo, Natsumi sabia que nada mais seria como antes. O destino traçara um novo caminho para ela, um caminho marcado pelo peso de suas escolhas e pelas consequências de seus atos.
— Oque você fez, Natsumi. — Seus olhos assustados lacrimejavam.
Aquela noite onde trovões e raios se aparavam próximos à cabana, onde o chão se encontrava com aquele líquido vermelho que se espalhava lentamente sujando os vestes da garota, seus olhos se enchiam de lágrimas.
— Eu...
Antes que a irmã ousasse dizer alguma coisa o rapaz se levantava e ia até os panos para se deitar.
— Vá dormir. — Ele dizia enquanto encarava o teto e logo depois se virava para o outro lado.
Natsumi não sabia oque fazer e não entendia a atitude do irmão, apenas chorava.
Seu pai estava em sua frente, morto.
___________________________________________Os primeiros raios de sol filtravam-se através das cortinas entreabertas, espalhando uma suave luz dourada pelo ambiente. O canto alegre dos passarinhos dançava no ar, como se celebrassem a promessa de um novo dia. Natsumi despertou lentamente, os olhos se abrindo para um cenário de quietude incomum. Uma sensação estranha a envolveu quando percebeu a ausência de qualquer movimento na casa, deixando-a perplexa e inquieta.
Enquanto se levantava, os pensamentos confusos ecoavam em sua mente, misturando-se com uma sensação de desconforto crescente. Como seu irmão poderia ter limpado tudo tão rapidamente sem despertá-la? A perplexidade a envolvia, acrescentando um véu de tensão ao ar matinal.
Natsumi decidiu investigar, seus passos ecoando pelos corredores vazios da casa. Ela chamava pelo nome de seu irmão, mas apenas o eco de sua própria voz preenchia o silêncio perturbador. Um nó se formava em sua garganta, enquanto a preocupação se transformava em alarme.
— Kaito? — Sua voz tremia ligeiramente.
A ausência de resposta apenas intensificava sua inquietação, lançando sombras sobre seus pensamentos já tumultuados.
Então, como uma revelação repentina, a verdade a atingiu com toda a força. Um suspiro escapou de seus lábios entreabertos, enquanto suas mãos tremiam de impotência e desespero.
— Filho da puta. — ela sussurrou, as palavras carregadas de uma mistura de incredulidade e desespero.
Natsumi sentiu suas pernas cederem sob ela, o chão frio e implacável recebendo seu corpo em queda livre. A solidão envolvia-a como um manto sombrio, enquanto ela percebia a terrível realidade: seu irmão havia partido, abandonando-a à própria sorte. Uma onda de desespero a inundou, levando-a a um abismo de desamparo e solidão.
Ali, no chão frio e solitário, Natsumi enfrentou a cruel verdade de sua condição. Ela estava sozinha, abandonada por aquele que deveria ser seu apoio, seu companheiro de jornada. E enquanto as lágrimas silenciosas manchavam seu rosto, ela percebeu que teria que enfrentar o mundo sozinha, sem a mão estendida de seu irmão para guiá-la.
Mas esses pensamentos não a influenciou, Natsumi se encheu de ódio e faria de tudo para encontrar seu irmão que a abandonou.
" Ele não me ama mais? "
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• oque acharam?
• se quiserem saber mais da mizu assistam o anime!
samurai blue eyes 𖹭
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our junction | ᵐⁱᶻᵘ
FanfictionNatsumi, uma jovem samurai, é frequentemente alvo de risadas por sua aparência frágil. No entanto, por trás de sua imagem enganadora, reside uma força ardente que a torna invencível em combate. Sua determinação e habilidade a conduzem à vitória em t...