Miguel Valetine é a prova de que a ganância pode cegar o homem a ponto de enxergar a sua vida como um grande jogo. Filho de um dos homens mais importantes dos negócios envoltos a tecnologia avançada, ele simplesmente vive uma mentira para conseguir...
"Estamos sufocados. Acorrentados sonhando com um amanhã muito distante. Presos há um passado que outrora foi feliz. Marcados por sorrisosquejánão existem. E vivendo uma tristeza que outrora foi uma felicidade sem fim.
Almejando por liberdade. Almejando por justiça. Almejando por nossas próprias vidas"
- M.
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Miguel Valentine
Eu achava que depois da situação do leilão que havia passado por causa de Mirella minha cota de coisas bizarras poderiam simplesmente parar, mas o universo tem dessas de fazer pegadinhas que pareciam ser planejadas para algum canal de TV acontecer exclusivamente no meu quarto.
Odiava hospitais com toda a minha força. Saber que o estado de saúde de Rosa estava piorando me deixava extremamente preocupado e até mesmo angustiado. Por ela viria quantas vezes fosse necessário vir. Porém, isso não significaria que eu faria o mesmo por mim mesmo.
Não ia a consultas, nunca tive problemas graves de saúde e até mesmo resfriados eram mais fáceis de se lidar quando você simplesmente se esquecia deles. Lidei com isso a minha vida inteira e estava contente de como as coisas eram.
- 38° de febre.
Reviro meus olhos e passo a mão nos meus cabelos, com uma vontade gigantesca de arrancá-los.
Os olhos azuis cristalinos me analisam atrás dos óculos de grau e eu me contenho. Só podia ser brincadeira! Ficar doente justo agora com muita coisa pra fazer. Respiro fundo acumulando uma calma que não me pertence e passo a pensar do que tenho que fazer.
1° Preciso saber o estado de saúde da minha irmã.
2° Avisar para Julia que não voltarei pra casa tão cedo.
3° Pedir para Julia avisar Mirella.
4° Não deixar pistas de que estou/estive aqui.
A única coisa que eu não poderia deixar acontecer era que meu pai soubesse disso. Alguma coisa poderia acontecer comigo, ou pior, com Rosa. Tentar fazer com que minha presença fosse a mais invisível possível e que não dessem falta de mim na Empresa era meu objetivo. Agora como pôr isso em prática?
Um pigarreio leve me tira a atenção.
- Acho que já deve ter entendido que passará alguns dias no hospital, certo?
- Sim. A propósito tem alguma notícia...
- Não é pela a sua irmã que estou lhe dizendo isso, senhor. - seus olhos se estreitam em mim - Está anêmico e... - vira a folha da prancheta em suas mãos - Hidratar-se parece que nunca nem se quer passou pela a sua cabeça neste últimos... 5, 6 anos?
