𝑷𝒂𝒑𝒂𝒊 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒂 𝒅𝒂 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂 𝒅𝒐 𝒑𝒂𝒑𝒂𝒊 - 𝑫𝑹𝑨𝑹𝑹𝒀

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 6 - Um segredo guardado por muito tempo

"Eu tenho uma 𝑓𝑖𝑙ℎ𝑎," Harry engasgou fracamente, sua mente disparada, seu coração batendo forte, quando ele saiu da penseira, tropeçando para longe do brilho prateado e brilhante em estado de choque. “Eu sou 𝑝𝑎𝑖.”

A compreensão o atingiu como um raio. Enquanto ele estava ali, ansioso e incrédulo, envolvido pela escuridão silenciosa do Gabinete dos Aurores, ele sentiu algo profundamente mudar dentro dele. A sala ficou cada vez menor, e o ar parecia mais espesso e denso do que nunca quando o peso da aceitação finalmente caiu sobre seus ombros. As emoções que ele manteve sob controle voltaram em torrentes— confusão, desespero e uma onda de arrependimento. Arrependimento pelo tempo perdido, por não ter percebido antes, pelos momentos que poderiam ter sido compartilhados. Foi 𝑑𝑒𝑣𝑎𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟.

“𝑀𝑒𝑢 𝐷𝑒𝑢𝑠, na verdade tenho uma filha”, repetiu ele, em estado de choque, com o olhar fixo na superfície ondulada da penseira. Ele ficou congelado, absorvendo a informação profundamente em seu âmago.

O mundo parecia ter sido destruído e construído de novo em um instante. “𝐿𝑖𝑙𝑦,” ele disse com voz rouca, seu coração apertando. Seus joelhos cederam sob ele. Inevitavelmente, ele caiu no chão. O próprio nome dela carregava um peso, uma conexão com uma parte dele que ele nem sabia que 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑖𝑎. Era um nome que o ligava a Draco de uma forma que ele nunca imaginou – 𝑛𝑢𝑛𝑐𝑎.

Depois de se lembrar vagamente da última conversa deles, Harry prontamente deixou a casa e aparatou no Largo Grimmauld, confiando Lily aos cuidados de Ron e Hermione por um tempo. Em um estado de profunda inquietação, ele chegou ao Ministério através da Rede de Flu, indo direto para o Gabinete dos Aurores para usar a penseira.

A Penseira era uma das ferramentas mais importantes do Departamento de Aurores, usada diariamente pela maioria deles para a leitura cuidadosa de memórias importantes. Ele desempenhou um papel fundamental nas investigações, ajudando os Aurores a revisitar cenas de crimes, revisar entrevistas com possíveis suspeitos e examinar as memórias de vários indivíduos.

Apesar de tudo, ele lutou para aceitar que Lily era sua filha. Procurando compreender aquele último momento que compartilhara com Draco por completo, ele se virou para a penseira. E do fundo de sua mente, a memória esquecida foi extraída. Ele assistiu – repetidas vezes – até sentir-se entorpecido.

Inicialmente, a raiva surgiu dentro dele, uma espécie de fúria que ele nunca sentiu antes de inflamar seu ser. Durante a primeira observação da memória, o ressentimento e a raiva o consumiram. Ele desprezava Draco por seu sigilo, por ocultar a verdade, por contornar o assunto em vez de abordá-lo diretamente. As tentativas discretas de Draco de avaliar sua reação eram repugnantes para ele. Ele simplesmente não conseguia entender 𝑝𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 Draco não tinha sido ℎ𝑜𝑛𝑒𝑠𝑡𝑜 com ele. Só 𝑝𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒?

Gradualmente, porém, à medida que a memória se repetia, seu foco mudou para suas próprias palavras. Ele examinou suas expressões e, com perplexidade crescente, observou como ele falava de seus planos futuros – planos que não incluíam ou sequer 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑣𝑎𝑚 Draco. Pouco a pouco, ele começou a notar as nuances sutis da linguagem corporal de Draco, capturando cada olhar fugaz, cada palavra não dita e cada sutil dificuldade em sua respiração.

Com um sentimento esmagador de culpa, Harry observou Draco fechar os olhos e se fortalecer antes de começar. Dolorosamente, ele viu o modo como Draco evitou deliberadamente encontrar seu olhar, o modo como ele traçou padrões desconhecidos em seu joelho enquanto lutava para manter uma fachada de indiferença. Prendendo a respiração, Harry ouviu cada palavra egoísta que cuspiu da boca.

Não tinha sido um cenário hipotético para Draco; foi uma confissão silenciosa. Essa percepção atingiu Harry com força, fazendo seu peito apertar. Como ele não percebeu o tremor na voz de Draco? Como ele não percebeu o quão estranha era a discussão?