𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 4- Um momento que é doloroso demais para ser lembrado

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Quando o relógio bateu dez horas, três canecas fumegantes de chá bem quente foram depositadas na mesa de jantar. Uma tensão palpável permeava cada canto da cozinha, cada momento de silêncio se prolongando mais que o anterior. Ninguém pronunciou uma palavra pelo que pareceu uma eternidade, mas as risadas abafadas e a conversa de Rose e Lily continuaram a invadir a sala, de alguma forma encontrando uma maneira de pontuar o silêncio.

Harry sentou-se sem jeito, com as mãos em volta da caneca, observando os fios de vapor subindo da superfície de sua bebida. Um acordo tácito se estabeleceu sobre eles há algum tempo, uma pausa não declarada enquanto esperavam Ron terminar de preparar o chá. A gratidão brotou dentro de Harry pelo pequeno momento de alívio, que lhe deu tempo para organizar e reorganizar seus pensamentos confusos. No entanto, ele permaneceu incerto sobre quais palavras sairiam de sua boca quando finalmente chegasse a hora de falar.

Hermione manteve seu olhar de desaprovação, seus olhos desconfiados, examinando cada pedacinho de Harry enquanto ele se sentava. Ron, com os lábios franzidos em contemplação sombria, deu um tapinha no ombro de Harry com simpatia antes de se sentar em uma cadeira próxima, parecendo dividido, como se não tivesse certeza de qual lado tomar neste cenário.

"Diga logo," Hermione exigiu bruscamente, com os braços cruzados, as unhas batendo impacientemente no cotovelo. "O que você tem escondido? Quem é essa criança?

Harry fechou os olhos cansado. "Juro pela minha vida, Hermione, sou tão ignorante quanto você-"

Hermione olhou para ele sem expressão por um breve momento e revirou os olhos, parecendo impressionada. "Harry, você tem uma filha de quatro anos, pelo amor de Deus", ela exclamou incrédula. "Com 𝐷𝑟𝑎𝑐𝑜 𝑀𝑎𝑙𝑓𝑜𝑦, entre todas as pessoas. Explique-me como isso pode acontecer sem que você tenha a menor ideia."

Harry estremeceu, permanecendo calado de vergonha e confusão.

Ron lançou-lhe um olhar desconfiado. "Você parece estar escondendo alguma coisa, cara", ele disse franzindo a testa. "Desembucha." Com uma careta de dor, ele acrescentou: "Bom Merlin, nunca pensei que fosse perguntar isso, mas, Harry, você e Malfoy alguma vez..." Ele se encolheu, parecendo que o simples pensamento o deixava enjoado. "Vocês dois já se envolveram de alguma forma? Serei honesto, companheiro. Parece que você estava. Você acha que Lily poderia ser sua filha-"

"Como você ainda pode duvidar disso, Ron?" murmurou Hermione indignada. "Ela é a imagem espelhada de Harry. Seus olhos, seu cabelo, seu nariz - até cada palavra pronunciada. Até seus maneirismos parecem uma réplica de Harry. A semelhança já é estranha. Acrescente a isso tudo o que ela acabou de dizer e não restará nenhuma dúvida em minha mente."

Ron franziu os lábios pensativo. "Bem, ainda assim, é de 𝑀𝑎𝑙𝑓𝑜𝑦 que estamos falando. Ele não hesita em usar uma criança para conseguir o que deseja. Não podemos simplesmente tirar conclusões precipitadas-"

"Ela tem apenas quatro anos," disse Hermione, lançando um olhar irritado para Ron. "Crianças tão jovens não são capazes de fabricar ou mesmo encenar mentiras tão complexas. Ela veio à sua loja, Ron, e esperou pacientemente o dia todo para ver Harry. Pelo amor de Deus, a pobrezinha tremia como uma folha quando a trouxemos. Se ela fosse mais velha, talvez eu não tivesse acreditado nela tão facilmente. Eu poderia ter suspeitado que os pais dela a orientaram sobre o que dizer e a enviaram para nos enganar, mas ela é tão jovem. Uma criança tão jovem não consegue continuar 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 por tanto tempo."

Essa revelação atingiu Harry com força, e ele esfregou a testa em ansiedade e frustração. "Merda."

Ron se virou para Harry, arqueando uma sobrancelha com espanto. "O que? É tudo verdade, então? Você e Malfoy?"

𝑷𝒂𝒑𝒂𝒊 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒂 𝒅𝒂 𝒂𝒋𝒖𝒅𝒂 𝒅𝒐 𝒑𝒂𝒑𝒂𝒊 - 𝑫𝑹𝑨𝑹𝑹𝒀 Onde histórias criam vida. Descubra agora