Dia do casamento - Duas horas depois...

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Ai meus pés...

Ai meus pés...

Ai meus pés...

Suspiro enquanto procuro uma cadeira distante para me sentar.

O casamento foi simplesmente perfeito. Vê-los dizendo sim um para o outro sem qualquer tipo de dúvida ou medo do futuro, me deixou emocionada e ao mesmo tempo preocupada.

Será que um dia conseguirei ser assim? Confiar plenamente em alguém ao ponto de compartilhar tudo com ele?

Suspiro mais uma vez.

Não deveria estar pensando nisso, é cedo demais. Deveria estar ao lado de Amanda, mas esse momento é só dela. Sem mencionar que terei o resto da vida para atormenta-la. Mathew terá que me aguentar por muitos anos.

Começo a rir, mas paro ao perceber a presença de uma certa pessoa ao meu lado.

— Alguém já disse que você fica linda sorrindo? – Isaac senta-se ao meu lado sem nenhum convite – mas prefiro quando está de mal humor – pisca e não consigo evitar revirar meus olhos.

— Não deveria estar com sua família? – Pergunto olhando para os Miller's que parecem estar rindo de alguém, aposto que deve ser da minha amiga.

— E roubar as atenções que deveriam ser apenas para os recém-casados? – Sinto vontade de rir, mas me contenho – parece que você concorda comigo – me olha fixamente fazendo meu coração saltar.

Coração traidor.

— Sou lindo – Pisca se divertindo as minhas custas – admita.

Sim, ele é.

Mas sou orgulhosa e medrosa demais para admitir isso.

— Prefiro não opinar – Rebato dando de ombros e ele permanece rindo.

— Sabia escolha – Volta a se encostar no encosto da cadeira.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Não um silencio constrangedor. Um silencio bom.

E pela primeira vez em um bom tempo, me sinto segura. Algo que não sinto a muito tempo. Não perto de homens.

Meu pai e meu irmão são os únicos que gosto que fiquem ao meu lado.

Nada de homens.

Não preciso deles.

Começo a sentir minha ansiedade voltando e Isaac percebe. Ele percebe tudo.

Quando penso que vai me deixar sozinha, ele se vira em minha direção apoiando o antebraço esquerdo na cadeira.

— Se for chorar posso tirar uma foto sua para usar como papel de parede? – Essa pergunta basta para me fazer desatar a rir.

Meus medos se tornam pequenos e sinto minhas memórias doloridas tornarem-se distantes mais uma vez.

— Se quiser morrer – Dou de ombros quando o riso cessa e ele pisca pra mim.

— Por que não namora comigo? – Sua pergunta direta me assusta – não gosto de enrolações – dá de ombros quando percebe o que estou pensando.

Será que ele pode ler mentes?

— E por que eu deveria? – Rebato a pergunta com outra tentando acalmar meu coração.

Ele cruza as pernas elegantemente e me sorri de forma astuta.

— Bom... por onde começo? – Começa a contar nos dedos – sou lindo, charmoso, inteligente, cristão, sou um ótimo cantor, sou um atleta, no ramo profissional sou um dos melhores da minha idade, até sai no jornal – pisca e eu acredito – tenho uma ótima relação com minha família, sou o melhor amigo mais perfeito que poderia existir, e não tenho uma ex-namorada maluca que vai te sequestrar e te levar para uma cabana no meio do nada.

Nos desatamos a rir e algumas pessoas e começo a sentir alguns olharem em nossa direção.

— Se me der uma semana farei uma lista completa das minhas infinitas qualidades – Brinca sorrindo – sou ou não sou uma ótima opção de namorado? – Pergunta piscando novamente.

— Sim você é – Decido dizer logo a verdade – mas eu não sou – digo olhando para os meus pés – ao menos não agora – suspiro – não sinto que seria uma boa namorada, não para o senhor perfeitinho – brinco tentando rir.

— Não precisa ser perfeita – Olho para ele – eu posso ser perfeito por nós dois – sinto que meu coração pode sair pela boca a qualquer momento.

Como ainda pode haver alguém tão bom e tão sincero quanto ele.

Mas eu não estou pronta. Ao menos não me sinto assim.

Será que ele esperaria esse momento chegar?

Será que tenho o direito e a coragem para pedir que me espere? Que me escolha quando eu finalmente estiver pronta?

— Eu espero – Me assusto novamente ao perceber que ele sabe o que estou pensando – não tenha pressa – sorri docemente – livre-se dessa nuvem que cerca seus olhos, desse medo que cerca seu coração – sinto vontade de chorar – se quiser minha ajuda é só pedir, embora eu saiba que você prefere lidar com isso sozinha – dá de ombros rindo de maneira triste – quando estiver pronta para dar um passo em direção a sua felicidade, eu estarei lá e farei esse pedido mais uma vez.

Agora já é tarde demais para conseguir segurar as lágrimas, tento em vão cessa-las, mas elas não me obedecem.

— Só espero que quando esse momento chegar, seu coração não esteja mais ocupado – Sinto vontade de rir.

— Ele já está ocupado – Digo entre as lágrimas e ele sorri quando entende.

— Te vejo mais tarde esquentadinha – Beija minha testa e segue seu caminho até sua família.

Limpo minhas lágrimas e me sinto mais relaxada e mais aliviada.

Estar ao lado dele faz com que eu me sinta especial, de uma forma que não consigo explicar, já que nunca senti isso antes.

Será que é assim que minha mãe, Amanda e tia Laís se sentem?

— Está tudo bem? – Vejo a barra de um vestido branco e sorrio levantando os olhos para minha melhor amiga.

— Está sim – suspiro – e sinto que em breve vai ficar ainda melhor.


>> Continua <<

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