CAPÍTULO 06

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Talita Donelli

No dia que eu fui chamada no batalhão, o comandante geral disse que me achou competente o bastante e queria ver como eu iria me sair lá dentro, falou que eu teria que ter competência o bastante para permanecer lá, e conseguir prender dois traficantes que eles estavam procurando.

Nesse momento eu estava na sala do Garcia, comandante geral, disse que me queria cedo no sábado, falou que o trabalho aqui nunca para e eu deveria me acostumar com isso.

Vi ele entrando na sala com um copo de café em mãos enquanto lia algo nos papéis, ele me olhou e sentou na cadeira em minha frente, pensei em falar algo, mas fiquei calada.

Garcia: fico impressionado como você foi pontual hoje senhorita, Delegada Marcela pediu para ficar de olho em você. Por questao de horários, espero que continue assim

Talita: pode ter certeza que irei dar o meu máximo por esse emprego, se cheguei aqui foi mérito meu e irei seguir o rumo

Ele começou a falar sobre os dois caras que ele queria pegar, disse que iria invadir a comunidade da rocinha na próxima sexta feira, disse que estava ciente sobre tudo que acontecia lá. Tinha gente da polícia envolvida lá dentro para passar todo e qualquer tipo de informação.

Garcia: nosso principal Alvo é o Oliveira. Infelizmente não sabemos nada sobre ele direito, apenas que toda semana tem carregamento dentro da favela, precisamos ficar atentos sobre isso e pegar a carga antes de chegar lá. Precisamos de mais informações sobre ele e a senhorita irá ser super útil com isso.

Ele se levantou e virou o computador para o meu lado, vi que era fotos minhas sobre ontem e me engasguei, ele me olhou e perguntou se eu estava bem, confirmei rápido e olhei para ele sem entender.

Garcia: conversei com sua mãe, e ela concordou sobre você se infiltrar dentro da favela e fornecer ajuda para nós aqui fora -falou e apontou para o menino do bar que eu estava conversando- quem é este homem? Preciso de todas as informações necessárias para ver se bate com o dono do morro.

Talita: ele trabalha nesse bar, tava conversando com ele pelo fato de que me interessei, não perguntei sobre a vida e nem nada do tipo.

Garcia: poderia ser ele e você não iria saber, Talita. Mas pode ficar tranquila que não é, conversamos com ele ontem a noite e ele disse que não sabia sobre nada -falou e passou a foto, mostrando uma minha com Ana e o irmão dela- quem é este ? Conhece de algum lugar ou conversou por interesse também?

Talita: é irmão da minha amiga e ele não é envolvido em nada. Entrei nesse assunto com ele ontem e descobri que ele era apenas amigo do homem que vocês conseguiram prender ontem. Pedro Simões não é ?

Garcia: ótimo, precisamos que você se aproxime mais dele e tente pegar mais informações. Se ele conhece os envolvidos deve saber quem é o dono daquilo tudo, e então, o que me diz? Aceita seu novo trabalho senhorita Donelli?

Ele se levantou e estendeu a mão para meu lado, sabia que se eu aceitasse, meu destino seria o pior. Iria me aproximar de alguém para colher informações para meu trabalho e eu realmente iria querer isso? Iria agradar minha mãe.

Apertei sua mão e ele sorriu vitorioso, respirei fundo e ele me deu uma escuta, disse que quando eu entrasse lá, era para colocar e ligar para ele antes de ir, pediu para que fosse o mais rápido possível e eu assenti, enquanto saía do local.

Garcia: Senhorita Donelli -falou e eu olhei para trás, vendo ele me estender uma pistola- pode ficar ciente que faz parte do Batalhão a partir de hoje, seja bem vinda a nova caveira.

Sorri de lado e apertei sua mão novamente, após pegar a pistola. Coloquei ela dentro da bolsa e fui correndo pro meu carro, estava nervosa e com falta de ar, respirei fundo após ligar o ar condicionado. Não sabia se iria conseguir passar por tudo aquilo.

Vi meu celular tocar e vi que era minha mãe, deixei o celular cair no chão e tentei respirar fundo, minha mãe realmente deixou eu passar por esse sufoco em um lugar que nunca colocou o pé, colocando minha vida em risco.

[...]

Marcela: é uma ótima oportunidade, Talita. Não me decepcione e faça tudo que precisa ser feito, não seja igual seu pai que abandonou trabalho e família para ficar com alguém de momento! Seja melhor que ele minha filha, eu sei que você é, então entre naquela comunidade e mate quem for possível para honrar nosso legado

Ela saiu do meu quarto e eu sentei na cama, briguei com ela mais de uma vez sobre isso, a pistola estava sob a cômoda, respirei fundo e peguei ela colocando na cintura enquanto saia de casa. Ela estava concentrada no computador e nem ligou sobre o fato de eu sair.

Cheguei na praia e me sentei na Areia, vi que era 19:00 horas, tinha poucas pessoas caminhando. Olhei para o lado e vi um homem com um cigarro na boca enquanto soltava a fumaça, ele pareceu perceber e me olhou na hora, continuei encarando ele e o farol de algum carro pegou em seu rosto, vi que era o Irmão da Ana.

Ele continuou com a cara fechada enquanto soltava a fumaça e se levantou, vindo na minha direção. Virei o rosto pra frente achando que ele iria passar direto, mas ele parou na minha frente e eu olhei pra ele.

- não sabia que morava por aqui.

Talita: pois é, não sabia que vinha pela praia também, longe pra você né

- pra quem tem moto, não é complicado em nada parceira -falou olhando pro meu lado e eu confirmei, vendo ele sentar- quer um trago?

Talita: com toda certeza não!

Ele assentiu e ficou calado do meu lado, nunca tinha visto ele por aqui, primeira vez e talvez última. Me levantei depois de um tempo limpando meu short e olhei pra ele.

Talita: preciso ir embora, aproveite a praia

Fui saindo , mas ele me chamou a atenção e eu olhei pra trás, vendo ele com minha pistola na mão, toquei na cintura vendo que ele não tava e ele sorriu de lado.

- mais cuidado princesa, pode ser alguém pior e você deixa ela de bobeira aí. Poderiam te matar aqui mermo e tu nem ia se ligar né

Ele me deu ela e voltou a olhar pro mar, enquanto fumava. Voltei pro meu apartamento e botei ela dentro da gaveta, peguei meu celular mandando mensagem para a Ana.

Talita: seu irmão tem whats? Ou Instagram? [19:15]

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