Talita Donelli
Já tinha se passado uma semana desde a discussão do Gabriel com minha mãe, ela me julgou até demais, dizendo que eu não estava fazendo meu trabalho direito e que estava deixando levar as coisas que ele me fala a cabeça. Mas eu sabia que ele não era envolvido em nada e tentei colocar isso na cabeça dela, mas ela não queria me escutar.
Hoje iria ter invasão na rocinha, eles queriam fazer de tudo pra pegar o dono de lá e iriam até o fim. Seria na madrugada e eu não estava convocada pra isso, pelo menos até eu receber uma chamada do coronel e ele me mandar ir pro batalhão.
Estava aqui desde as 12:40, vi ele abrir a porta e olhei rápido, vendo ele me olhar e sentar em sua cadeira.
Talita: senhor Garcia, não sei o que minha mãe disse, mas pode ter total certeza que não é nada o que parece. Peço que me dê outra chance que eu irei fazer valer a pena
Garcia: do que está falando? Você irá participar da invasão desta madrugada. Você irá junto com o 074, ele conhece bastante aquele lugar e irá lhe proteger a qualquer custo -falou e eu apenas assenti , desacreditada do que iria acontecer- pode entra 074
A porta foi aberta e eu olhei para trás, vendo um homem alto com um porte em mãos e uma máscara cobrindo o rosto, ele estava fardado e segurava sua arma firme em mão.
- boa tarde, sou o 074 mas pode me chamar de Guerreiro, fui convocado para proteger a senhorita e orienta-la na invasão desta madrugada.
Garcia: ele é um dos nossos melhores caveiras, está conosco a 4 anos e nunca fez uma missão mal feita, pode ter certeza que está tudo resolvido por ele. Inclusive, ele esteve nessa favela uns dias atrás, foi colher informações mas infelizmente não conseguiu, mas pode ter certeza que o informante pagou por isso. Como eu disse, nada que Guerreiro faz é mal feito, está preparado para isso? Senhorita Donelli
Apenas assenti vendo ele murmurar um "ótimo", ele pediu para o cara me acompanhar e antes perguntou se eu ainda estava no porte de arma, apenas assenti vendo ele pedir para levar na madrugada de hoje.
Guerreiro: filha da delegada Marcela né? -falou e eu assenti, vendo ele sorrir de lado e continuar me acompanhando para saída- uma ótima delegada, conversamos umas vezes que ela esteve aqui. Sempre fez seu trabalho bem feito e sempre prendendo os bandidos mais importantes
Talita: minha mãe esteve aqui essa semana? -disse vendo ele parar e assentir- entendi, ela comentou comigo sobre isso, mas eu duvidei que ela iria vir mesmo sabe? Por isso perguntei, e você entrou no assunto também
Guerreiro: ela vem toda semana, mas vai embora rápido demais. Mas isso não é da minha conta, espero por você hoje a madrugada, irei passar com o carro do batalhão para lhe buscar em seu apartamento. Talvez as 01:00 hr, espero que esteja disposta a ir e não recue, você agora é uma caveira senhorita, nos caveiras não recuamos em nenhuma missão dada
Sorri falsa enquanto vi o portão abrir e fui correndo pro meu carro, peguei meu celular vendo várias mensagens da Ana e nenhuma do seu irmão. Confesso que sentia saudades dele mas não iria correr atrás dele né, e eu iria parecer uma emocionada.
Respondi a mensagem da Ana e fui direto pra casa, quando cheguei não tinha ninguém e apenas a luz do escritório dela estava acesa, entrei vendo vários papéis em cima da mesa e o computador aberto, estava a foto do Gabriel com o menino que ela tinha apreendido na última vez, eles estavam em algo que parecia ser uma festa. Enquanto o menino tinha um fuzil em mãos e o Gabriel um copo de bebida, os dois sorriam enquanto tinha mais gente atrás de costas.
Os papeis tinham o nome completo do apreendido e do menino que ela estava procurando, João Victor Oliveira Souza. Nunca tinha visto, só vejo ela chamando o cara de Oliveira e dizendo que ele é cabeça da comunidade inteira.
Deixei tudo aquilo no lugar e peguei meu celular, tirando uma foto do computador e do nome do cara. Eu iria ter uma segunda chance e não iria deixar passar de jeito nenhum, quero fazer meu esforço de chegar aqui valer a pena.